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Comunidade

Cadeirante busca independência, mas Prefeitura só promete

Há mais de um ano morando no HU, começa campanha para comprar casa

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Luiz Roberto Machado está desde novembro de 2014 morando no HU. Foto: Bruno Lara/OT

Luiz Roberto Machado está desde novembro de 2014 morando no HU. Foto: Bruno Lara/OT

Bruno Lara

Na mesma semana em que caiu em um buraco com a cadeira de rodas no bairro Niterói, em novembro de 2014, enquanto ia para a casa de uma prima, “trinquei as costelas e quebrei a cabeça”, o pintor autônomo Luiz Roberto Machado, cadeirante desde 2010, quando perdeu a perna esquerda em função do diabetes, ficou sabendo que sua casa pegou fogo. “A gente diz que botaram fogo, outros dizem que pegou fogo, em si não podemos acusar ninguém de nada, porque eu não estava em casa, só sabe que quando incendiou a nossa, incendiou mais quatro casas” no bairro Mato Grande, destaca.
Deste ponto em diante sua vida mudou. A filha, Tauane Machado, hoje com 13, anos morava com ele desde os seis, mas agora está morando com a mãe em Esteio, da qual há oito anos Luiz é separado. Em função da invalidez, recebe uma ajuda de custos de “R$ 330,00 mês”, segundo ele.
No Hospital de Pronto Socorro (HPSC), informou a assistente social que não tinha para onde ir. “ela tentou o máximo possível”, elogia. A partir daí foi para o hospital da Ulbra, “onde eu entrei dia 28 de novembro de 2014”, lembra que o Grupo Mãe de Deus o assumiu e, sem repasses da Prefeitura, mantém Luiz internado em um confortável quarto. “Estou há um ano aqui dentro e o hospital Mãe de Deus está honrando o nome. Está sendo “Mãe de Deus”. Porque estão me apoiado. Se não fosse por eles eu estava na rua”, elogia.

Luiz está lançando uma campanha para arrecadar fundos para que possa morar novamente com a filha. Foto: Bruno Lara/OT

Luiz está lançando uma campanha para arrecadar fundos para que possa morar novamente com a filha. Foto: Bruno Lara/OT

Cadastro Único
Em fevereiro, o hospital pressionou. “Vieram aqui, fizeram uma visita, e me fizeram o Cadastro Único para o Minha Casa, Minha Vida. Me disseram: “Seu Luiz, não precisa pressionar o hospital. O senhor vai ganhar sua casinha, só vai demorar mais uns seis meses, o senhor não precisa se preocupar”, relata. Segundo ele, porém, o cadastro era uma ilusão. “Esperei até agosto e verifiquei que o papel não valia nada, que eu não estava em inscrição nenhuma, que eu não estava em lista nenhuma. Verifiquei pela Habitação (Secretaria) e a Acadef pegou os documentos, os papeis, tiraram fotocópia, e a coordenadoria dos deficientes físicos de Canoas também pegou para ver onde eu estava incluído. Mas não estava incluído em lugar nenhum”, denuncia.

Eleições
As eleições municipais de 2016 se aproximam e o morador do Mato Grande, pai de três filhas que, adotado, saiu de casa aos 19 anos para constituir família, já deu o recado. “Um sentimento de decepção. Eu sempre votei no Jairo Jorge. Morava lá na vilinha, eles foram lá na eleição. Fui até cabo eleitoral do pessoal dele. Batalhei bastante coisa e não esperava isso deles. Tem eleição no ano que vem. Pode ter certeza que nele eu não voto”, conclui.

O outro lado da história
Em entrevista, a secretaria municipal de desenvolvimento social, Maria Eunice Dias Wolf, afirmou que o trabalho do poder público é realizado no sentido de levá-lo de volta para a família. “O seu Luiz, em nossa opinião, tem que retornar ao convívio da família. Os filhos é que tem que assumi-lo”, explica. Para Eunice, ter uma deficiência não o impede de ser como os outros e o objetivo é reinseri-lo no mundo do trabalho. “A nossa tarefa é construir a autonomia”, garante.
A respeito do cadastro, informou que o Cadastro Único é “o garantidor de que todo o cidadão vai acessar os direitos” para quem ganha até três salários mínimos. Estar inserido no cadastro não é garantia de nenhum dos serviços, mas sim de concorrer a eles. O cadastrado pode concorrer ao Bolsa Família, ao Minha Casa, Minha Vida, ao Pronatec, entre outros. “São em torno de 22 auxílios e serviços”, conclui.

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Sorteio do Minha Casa, Minha Vida contempla 250 famílias. Confira lista.

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Foto: Jhennifer Wolleng

Com transmissão ao vivo pela internet, a Prefeitura de Canoas, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação, realizou nesta quarta-feira (16) o sorteio do programa Minha Casa, Minha Vida. No auditório Sady Schivitz, na sede da Prefeitura, foram contempladas 250 famílias, que irão morar nos Residenciais Pistoia e Santa Fé, no bairro Rio Branco. Também foram sorteados os candidatos suplentes.

Os dois complexos habitacionais estão em fase de construção, com previsão de entrega dos imóveis para setembro deste ano. Antes de ocupar o imóvel em definitivo, os contemplados passarão pelo processo de análise documental na Caixa Econômica Federal e pelo trabalho técnico-social da Prefeitura, que promove um processo de adaptação das famílias à nova moradia.

Confira aqui a lista dos sorteados

Ao todo, os Residenciais Pistoia e Santa Fé oferecem 500 unidades habitacionais. A outra metade das famílias que irá morar no local será reassentada, já que ocupavam anteriormente invasões que foram alvo de reintegração de posse pelo município.

Nesta quarta-feira, participaram do sorteio os cidadãos que realizaram o recadastramento. Enquadram-se nos critérios nacionais famílias residentes em áreas de risco, insalubres ou que tenham sido desabrigadas, comprovado por declaração do ente público; famílias com mulheres responsáveis pela unidade familiar, comprovado por autodeclaração; e famílias das quais faça(m) parte pessoa(s) com deficiência, comprovado com a apresentação de atestado médico.

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Assembleia de Deus comemora 80 anos de fundação em Canoas

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A igreja Assembleia de Deus, de Canoas, comemora uma marco importante na cidade. O Jubileu de Carvalho da entidade ocorre nesta sexta-feira, 18 de agosto, e terá programação intensa de comemorações. O pastor Edegar Machado, líder da igreja no município há mais de 30 anos, recebeu a reportagem de O Timoneiro para falar acerca da programação das celebrações e sobre a atuação na cidade.

Tamanho

A importância da Assembleia de Deus, de Canoas, é contada também em números. A instituição, de acordo com Edegar, abrange atualmente 16 mil membros e conta com 88 igrejas na cidade. “A igreja se expandiu através do trabalho missionário e atua em diversos ponto do mundo”, conta Edegar.

Visão Social

O pastor destaca a visão social da instituição: “Não temos somente o trabalho espiritual, mas cuidamos do lado social. Eu considero isso como a outra mão da igreja. Nós temos o lado humano, que é alcançar as pessoas em suas necessidades”, comenta. O trabalho realizado abrange especialmente o cuidado de crianças. Edegar ainda citou projetos como escolas artesanais, que ajudam no desenvolvimento de trabalhos comunitários, além de postos de distribuição de sopa vinculados à Associação Beneficente Lar Esperança de Canoas , onde são atendidas cerca de mil crianças por semana.

Programação

A igreja promove cultos de celebração na sexta-feira, 19, até domingo, 20, no templo central da Assembleia de Deus, no bairro Mathias Velho. No domingo, a partir das 9 horas, ocorre concentração na praça Antonio Beló, na Rua Dr. Barcelos, onde será inaugurado um monumento em homenagem aos 80 anos da igreja. Após, são esperadas quatro mil pessoas para uma caminhada até o templo central da instituição, onde ocorrerá culto de graças.

História

Por determinação do pastorado da Igreja em Porto Alegre, o evangelista Amaro dos Santos foi designado, em 1937, para cuidar do trabalho da instituição em Canoas. Os primeiros cultos ocorreram no bairro Niterói. Ficou marcado na história da igreja um grande culto, realizado junto a uma figueira localizada nas proximidades da casa de André Lemos, em 18 de agosto de 1937. O local permanece com a figueira até hoje e, por conta disso, foi escolhido como local para a homenagem aos 80 anos da instituição.

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Canoense tem 94 anos de futebol, mídia, direção e simplicidade

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Marcelo Grisa

Hélio Ferreira da Silva nasceu em 1º de outubro de 1923. Filho de empregados na fazenda do estancieiro Victor Barreto, o motorista aposentado viu a história do século XX como poucos canoenses puderam. Hélio hoje mora com os sobrinhos Júlio Ragazzon e Raquel Araújo. E esta é sua história.

O futebol e a guerra

No começo de 1932, Hélio observava o nascimento do Sport Club Oriente, um dos mais tradicionais de Canoas. Alguns anos depois, jogou no time e virou craque. Como atacante central, marcava muitos gols.

A incipiente trajetória de Hélio Ferreira no futebol incluiu passagens pelo Canoense e até mesmo no Grêmio. Entretanto, uma grave lesão o afastou em definitivo dos gramados. Uma “pisada” deixou como lembrança um esmagamento logo acima do joelho. “Eu até poderia jogar, mas nunca mais fui. Deu muito medo”, explica.
“Às vezes eu ainda sonho com as mulheres da arquibancada me chamando. Parece que me vejo jogando de novo”, admite. Mas a vida ainda tinha reservado muito mais para o canoense de fala fácil e sorriso alegre.

Nesta época, o canoense já estava na Aeronáutica. Começava a Segunda Guerra Mundial, e todos no quartel ficavam de prontidão, recebendo apenas um dia de folga por semana. “Eu ficava em casa de farda. Se a sirene tocasse, tínhamos meia hora para nos apresentar”, lembra.

Hélio Ferreira da Silva, entretanto, nunca veria os fronts da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália. Há poucos dias de ser embarcado para o campo de batalha, chegava o mês setembro de 1945. A guerra acaba.

Hélio “Caldas” e Ernesto Geisel

Mesmo antes, durante e depois da guerra, a vivência nas Forças Armadas proporcionou o que seria uma de suas maiores paixões: os carros. Depois de sete anos, saiu da Aeronáutica e tornou-se motorista particular. Acabou por trabalhar 40 anos de sua vida para a Companhia Jornalística Caldas Júnior, dona do jornal Correio do Povo, como motorista da família de Breno Caldas. Por muito tempo, sua família morou na propriedade da família Caldas no bairro Belém Novo, em Porto Alegre.

Recentemente, Hélio visitou os netos de Breno, que o chamaram de “Hélio Caldas”, tamanha fora sua contribuição para a família.
Mas as mais histórias das quais Hélio mais se lembra são aquelas que envolviam os governos da ditadura militar. Primeiro, quando o golpe era dado, em 1º de abril de 1964, Breno Caldas pediu ao motorista que buscasse suas filhas na Rua Coronel Bordini, no bairro Auxiliadora, e as trouxesse ao Belém Novo. Recebeu uma arma, e deveria impedir, depois de todos em casa, que qualquer um entrasse na propriedade. Tendo que lidar com militares às portas do terreno, Hélio deixou-os entrar, mas cuidou cada movimento deles. Depois de uma medição no terreno – o que acontecia no local com frequência – eles foram embora sem maiores percalços.

Em outra oportunidade, em razão do aniversário de Breno Caldas, o presidente Ernesto Geisel, também gaúcho, veio até a fazenda para parabenizá-lo. Hélio teve que esconder um papagaio, que era ilegal, da vista do mandatário. Como um dos genros do patrão acabou por entregar a existência da ave, Geisel exigiu vê-la.
O que se sucedeu, entretanto, tranquilizou a todos. Ao ver o papagaio, que havia sido ensinado a falar muitos palavrões, o presidente desatou-se a rir mesmo sendo xingado pelo bicho.

Cuidado com o caminhão

Ao aposentar-se, Breno Caldas queria que Hélio continuasse trabalhando para ele, mesmo que não mais tendo carteira assinada por sua companhia. Não era bem sua ideia: eram os anos finais da Caldas Júnior antes de sua venda, e o motorista tinha o sonho de ter um caminhão e trabalhar com entregas.

Acabou recebendo a chave de um veículo à sua escolha entre 18 que estavam na garagem da propriedade, escondidos dos credores. “Breno puxou um bolo de chaves do bolso e disse: ‘Escolhe uma. Pode pegar.’ Mais tarde fui lá e escolhi um caminhão.”

Graças à rápida passagem da titularidade dos documentos, Hélio pode ficar com o veículo até poucos anos atrás, quando parou de dirigir. “Não quero me gabar, mas nunca causei nenhum acidente. Com a idade, preferi pedir para o Júlio aqui me levar nos lugares. Não é agora que eu vou ter um solavanco e acabar machucando alguém”, preocupa-se.

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