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Nossos bairros: Mato Grande: Melhor, mas infraestrutura ainda precisa de melhorias

Um dos bairros que mais recebem novos moradores está crescendo em velocidade maior do que os cuidados

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Marcelo Griza

O bairro Mato Grande experimentou, nos últimos anos, um grande crescimento populacional. A facilidade de crédito e os programas governamentais facilitaram a aquisição da casa própria e fez com que vários condomínios fossem (e ainda sejam) erguidos na região. Porém, o aumento no fluxo e no comércio não foram acompanhados por um planejamento urbano que oferecesse os serviços básicos em sua integridade não somente aos novos moradores, como também os antigos. Segundo os moradores de dentro e de fora dos condomínios, ainda faltam pontos de lazer, melhorias na malha urbana, segurança e modernização da rede elétrica, entre outras estruturas.

Foto: Marcelo Griza

Foto: Marcelo Griza

A Associação dos Moradores Bairro Mato Grande (ASSMAG) alega que vem tentando criar espaços para a confraternização da comunidade após anos com menor movimento. “É que, infelizmente, é tudo hoje criado para os condomínios. O bairro cresceu muito, e por isso a gente fica abandonado”, alega Vera Silva, uma das secretárias da entidade. “Por que eles chegaram por último e têm praça, tem tudo?”
Segundo alguns dos membros da diretoria, falta infraestrutura, especialmente relacionada ao lazer. “Não há muito o que as crianças e os jovens fazerem; por isso que, quando abrimos aulas de dança aqui, era para a senhoras, mas as adolescentes também vêm. Elas simplesmente não têm ocupação”, explica Vanessa Foljarini, outra das secretárias da associação. Para ela, faltam iniciativas semelhantes às do bairro Guajuviras, que integram o projeto Território da Paz. “É triste conseguir ajeitar o lugar e não ter projeto social pra colocar aqui, ficar tudo vazio.”

Mas não quer dizer que os condomínios não possuem seus contras, para além do alto custo e dos juros no setor imobiliário, que exigem bastante planejamento de quem compra. Morador do Residencial Figueiras, Douglas Machado Alves, de 32 anos, afirma que está se mudando. “Não acho tão melhor assim. Tem tudo, claro, mas o nosso espaço é limitado”, afirma. “E claro que a Prefeitura faz mais coisas onde tem os condomínios; foi exigência da construtora, afinal”.

Segundo outro morador do Figueiras, Elias Maidana Padilha, de 39 anos, a questão é ainda mais complicada hoje.“Tem espaço pra isso? Sei que tem uma pracinha aqui e ali, mas um espaço pra toda essa gente?” Ele concorda com a implantação de um espaço melhor de convivência para todo o bairro, mesmo que admita que o investimento público na região tenha aumentado. De acordo com Elias, o IPTU está muito caro, apesar de não ter entrado em detalhes sobre quanto paga de tributo sobre o imóvel onde vive.

Dizem as dirigentes da ASSMAG que pouco adianta reclamar à Prefeitura Municipal a respeito: já não há mais ninguém no cargo de gestor do bairro Mato Grande desde 2013. Sucessivas reclamações foram feitas em eventos da gestão Jairo Jorge no bairro, tais como o Prefeitura no Seu Bairro, pedido por melhorias nas instalações elétricas (o bairro sofre com quedas de luz) e pela construção de um posto policial, mas nem foi dado prazo aos representantes.

O ex-secretário de Esportes e Lazer, Carlos Lanes, explicou que este pleito já deveria pelo menos ter sido resolvido em parte. Quando deixou a Secretaria, em 2011, Lanes alegou que já havia aprovação para a construção de uma praça poliesportiva no Central Park, próximo ao Mato Grande. “Eu tinha percebido que faltava esse espaço para a prática do esporte, e queria algo que fosse grande o suficiente para atender os dois bairros. Não entendo porque não foi pra frente depois disso”, afirmou.

Em relação ao transporte, a Associação de Moradores alega que chegou a pedir acréscimo no número de linhas e horários de ônibus à Vicasa. Segundo a diretoria, a empresa teria alegado, em sua negativa, que o bairro é rico e muitos tem carro; portanto, não seria necessário o aumento na frequência das viagens.

Foto: Marcelo Griza

Foto: Marcelo Griza

Mas mesmo a movimentação de pessoas que o grupo de mulheres tenta trazer ao bairro, de forma a igualar-se com o fluxo de veículos, é atrapalhado por obras ao redor e a ineficiência de gestões anteriores. A construção de um condomínio no terreno logo atrás da sede, na rua Roberto Francisco Behrens, nº 50, causa transtornos como poeira acumulada e entulho despejado nos arredores. Isso quando os moradores já instalados não realizam queimadas no espaço entre as construções e a Associação. “Qualquer lixo que sobra eles queimam”, frisou Iaci Foljarini, conselheira fiscal da entidade.

Para o ex-deputado Jurandir Maciel, que hoje continua em sua atuação trabalhando para a bancada de seu partido na Assembleia Legislativa, o crescimento do bairro é algo a ser comemorado, mas realmente há distorções.O político, que é morador do Mato Grande, aponta que a criação da RS-448, a chamada Rodovia do Parque, fez o trânsito aumentar demais, e a malha não teria acompanhado esse crescimento. Segundo ele, há pleitos junto à Secretaria dos Transportes e Mobilidade para que seja instalada uma nova rotatória no entroncamento da avenida República com a rua Francisco Roberto Behrens. Além disso, outra medida é a reorganização do fluxo das ruas, alterando muitas vias menores, hoje ainda de mão dupla, para mão única, pareando-as de acordo para manter o equilíbrio do tráfego de veículos na região.

“Além disso, pedimos à Prefeitura se poderia ajudar a melhorar a nossa sede, aproveitar que a construtora está ali, trabalhando”, aponta a vice-presidente da ASSMAG, Salete Gianesini. Segundo ela, um monitor de obras lotado na Secretaria de Obras disse que não haveria obrigação nenhuma em auxiliá-las, e que somente o calçamento em frente à sede será refeito, caso sobrem recursos da construção do condomínio.

Mais um ponto discutido pela ASSMAG é uma permuta, realizada ainda na década de 90, pelo grupo que então geria a Associação: uma parte do terreno foi cedida, nos fundos, em troca de um pedaço bem menor, à oeste da construção. Segundo a diretoria, a questão pode acabar sendo resolvida na Justiça, já que o terreno foi uma doação de Marino Bittencourt, tio de Vera Silva, agora secretária da entidade.

Foto: Marcelo Griza

Foto: Marcelo Griza

Jurandir Maciel lembra que o terreno à volta da Associação era projetado inicialmente para estabelecer um parque com diversas facilidades – de um pórtico de entrada no bairro até, quem sabe, um chimarródromo. “Mas a Câmara de Vereadores, há alguns anos e sem consulta aos moradores, aprovou a utilização do terreno para a construção de moradias. Por isso que está saindo mais um condomínio ali”, lembra. Segundo ele, ainda há algumas áreas que podem ser utilizadas, como um terreno de cerca de três hectares mais próximo do bairro Fátima, entre outras possibilidades.

Por enquanto, as iniciativas têm sido feitas pela ASSMAG aos poucos. Além do primeiro jantar-baile, organizado no final de semana passado, há o projeto Renascer em Dança, com aulas segundas, quartas e sextas, das 19 às 20 horas; e o brechó comunitário, aos sábados, das 9 às 17 horas. Além disso, a diretoria espera organizar reuniões periódicas de prestação de contas. “É algo importante nesse momento, para que as pessoas que porventura tenham se afastado devido a qualquer lapso de gestões anteriores possam agora voltar a participar na comunidade”, explana Salete.

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Sorteio do Minha Casa, Minha Vida contempla 250 famílias. Confira lista.

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Foto: Jhennifer Wolleng

Com transmissão ao vivo pela internet, a Prefeitura de Canoas, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação, realizou nesta quarta-feira (16) o sorteio do programa Minha Casa, Minha Vida. No auditório Sady Schivitz, na sede da Prefeitura, foram contempladas 250 famílias, que irão morar nos Residenciais Pistoia e Santa Fé, no bairro Rio Branco. Também foram sorteados os candidatos suplentes.

Os dois complexos habitacionais estão em fase de construção, com previsão de entrega dos imóveis para setembro deste ano. Antes de ocupar o imóvel em definitivo, os contemplados passarão pelo processo de análise documental na Caixa Econômica Federal e pelo trabalho técnico-social da Prefeitura, que promove um processo de adaptação das famílias à nova moradia.

Confira aqui a lista dos sorteados

Ao todo, os Residenciais Pistoia e Santa Fé oferecem 500 unidades habitacionais. A outra metade das famílias que irá morar no local será reassentada, já que ocupavam anteriormente invasões que foram alvo de reintegração de posse pelo município.

Nesta quarta-feira, participaram do sorteio os cidadãos que realizaram o recadastramento. Enquadram-se nos critérios nacionais famílias residentes em áreas de risco, insalubres ou que tenham sido desabrigadas, comprovado por declaração do ente público; famílias com mulheres responsáveis pela unidade familiar, comprovado por autodeclaração; e famílias das quais faça(m) parte pessoa(s) com deficiência, comprovado com a apresentação de atestado médico.

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Assembleia de Deus comemora 80 anos de fundação em Canoas

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A igreja Assembleia de Deus, de Canoas, comemora uma marco importante na cidade. O Jubileu de Carvalho da entidade ocorre nesta sexta-feira, 18 de agosto, e terá programação intensa de comemorações. O pastor Edegar Machado, líder da igreja no município há mais de 30 anos, recebeu a reportagem de O Timoneiro para falar acerca da programação das celebrações e sobre a atuação na cidade.

Tamanho

A importância da Assembleia de Deus, de Canoas, é contada também em números. A instituição, de acordo com Edegar, abrange atualmente 16 mil membros e conta com 88 igrejas na cidade. “A igreja se expandiu através do trabalho missionário e atua em diversos ponto do mundo”, conta Edegar.

Visão Social

O pastor destaca a visão social da instituição: “Não temos somente o trabalho espiritual, mas cuidamos do lado social. Eu considero isso como a outra mão da igreja. Nós temos o lado humano, que é alcançar as pessoas em suas necessidades”, comenta. O trabalho realizado abrange especialmente o cuidado de crianças. Edegar ainda citou projetos como escolas artesanais, que ajudam no desenvolvimento de trabalhos comunitários, além de postos de distribuição de sopa vinculados à Associação Beneficente Lar Esperança de Canoas , onde são atendidas cerca de mil crianças por semana.

Programação

A igreja promove cultos de celebração na sexta-feira, 19, até domingo, 20, no templo central da Assembleia de Deus, no bairro Mathias Velho. No domingo, a partir das 9 horas, ocorre concentração na praça Antonio Beló, na Rua Dr. Barcelos, onde será inaugurado um monumento em homenagem aos 80 anos da igreja. Após, são esperadas quatro mil pessoas para uma caminhada até o templo central da instituição, onde ocorrerá culto de graças.

História

Por determinação do pastorado da Igreja em Porto Alegre, o evangelista Amaro dos Santos foi designado, em 1937, para cuidar do trabalho da instituição em Canoas. Os primeiros cultos ocorreram no bairro Niterói. Ficou marcado na história da igreja um grande culto, realizado junto a uma figueira localizada nas proximidades da casa de André Lemos, em 18 de agosto de 1937. O local permanece com a figueira até hoje e, por conta disso, foi escolhido como local para a homenagem aos 80 anos da instituição.

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Canoense tem 94 anos de futebol, mídia, direção e simplicidade

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Marcelo Grisa

Hélio Ferreira da Silva nasceu em 1º de outubro de 1923. Filho de empregados na fazenda do estancieiro Victor Barreto, o motorista aposentado viu a história do século XX como poucos canoenses puderam. Hélio hoje mora com os sobrinhos Júlio Ragazzon e Raquel Araújo. E esta é sua história.

O futebol e a guerra

No começo de 1932, Hélio observava o nascimento do Sport Club Oriente, um dos mais tradicionais de Canoas. Alguns anos depois, jogou no time e virou craque. Como atacante central, marcava muitos gols.

A incipiente trajetória de Hélio Ferreira no futebol incluiu passagens pelo Canoense e até mesmo no Grêmio. Entretanto, uma grave lesão o afastou em definitivo dos gramados. Uma “pisada” deixou como lembrança um esmagamento logo acima do joelho. “Eu até poderia jogar, mas nunca mais fui. Deu muito medo”, explica.
“Às vezes eu ainda sonho com as mulheres da arquibancada me chamando. Parece que me vejo jogando de novo”, admite. Mas a vida ainda tinha reservado muito mais para o canoense de fala fácil e sorriso alegre.

Nesta época, o canoense já estava na Aeronáutica. Começava a Segunda Guerra Mundial, e todos no quartel ficavam de prontidão, recebendo apenas um dia de folga por semana. “Eu ficava em casa de farda. Se a sirene tocasse, tínhamos meia hora para nos apresentar”, lembra.

Hélio Ferreira da Silva, entretanto, nunca veria os fronts da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália. Há poucos dias de ser embarcado para o campo de batalha, chegava o mês setembro de 1945. A guerra acaba.

Hélio “Caldas” e Ernesto Geisel

Mesmo antes, durante e depois da guerra, a vivência nas Forças Armadas proporcionou o que seria uma de suas maiores paixões: os carros. Depois de sete anos, saiu da Aeronáutica e tornou-se motorista particular. Acabou por trabalhar 40 anos de sua vida para a Companhia Jornalística Caldas Júnior, dona do jornal Correio do Povo, como motorista da família de Breno Caldas. Por muito tempo, sua família morou na propriedade da família Caldas no bairro Belém Novo, em Porto Alegre.

Recentemente, Hélio visitou os netos de Breno, que o chamaram de “Hélio Caldas”, tamanha fora sua contribuição para a família.
Mas as mais histórias das quais Hélio mais se lembra são aquelas que envolviam os governos da ditadura militar. Primeiro, quando o golpe era dado, em 1º de abril de 1964, Breno Caldas pediu ao motorista que buscasse suas filhas na Rua Coronel Bordini, no bairro Auxiliadora, e as trouxesse ao Belém Novo. Recebeu uma arma, e deveria impedir, depois de todos em casa, que qualquer um entrasse na propriedade. Tendo que lidar com militares às portas do terreno, Hélio deixou-os entrar, mas cuidou cada movimento deles. Depois de uma medição no terreno – o que acontecia no local com frequência – eles foram embora sem maiores percalços.

Em outra oportunidade, em razão do aniversário de Breno Caldas, o presidente Ernesto Geisel, também gaúcho, veio até a fazenda para parabenizá-lo. Hélio teve que esconder um papagaio, que era ilegal, da vista do mandatário. Como um dos genros do patrão acabou por entregar a existência da ave, Geisel exigiu vê-la.
O que se sucedeu, entretanto, tranquilizou a todos. Ao ver o papagaio, que havia sido ensinado a falar muitos palavrões, o presidente desatou-se a rir mesmo sendo xingado pelo bicho.

Cuidado com o caminhão

Ao aposentar-se, Breno Caldas queria que Hélio continuasse trabalhando para ele, mesmo que não mais tendo carteira assinada por sua companhia. Não era bem sua ideia: eram os anos finais da Caldas Júnior antes de sua venda, e o motorista tinha o sonho de ter um caminhão e trabalhar com entregas.

Acabou recebendo a chave de um veículo à sua escolha entre 18 que estavam na garagem da propriedade, escondidos dos credores. “Breno puxou um bolo de chaves do bolso e disse: ‘Escolhe uma. Pode pegar.’ Mais tarde fui lá e escolhi um caminhão.”

Graças à rápida passagem da titularidade dos documentos, Hélio pode ficar com o veículo até poucos anos atrás, quando parou de dirigir. “Não quero me gabar, mas nunca causei nenhum acidente. Com a idade, preferi pedir para o Júlio aqui me levar nos lugares. Não é agora que eu vou ter um solavanco e acabar machucando alguém”, preocupa-se.

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