Foto: Pablo Reis
Na última terça-feira, 17, as famílias da Vila Araçá, no bairro Mato Grande, que receberam as escrituras dos novos imóveis no Residencial Pistoia I, começaram as suas mudanças. Na ocasião, as antigas casas foram demolidas para evitar novas invasões.
De acordo com a comunidade, e o que divulgou o jornal Timoneiro durante três décadas, esta foi a chance de 157 famílias contempladas deixarem para trás um local insalubre e repleto de riscos estruturais.
“Abandonados”
O Timoneiro visitou a Vila Araçá diversas vezes e verificou que todos os problemas relatados pelos moradores na época se baseavam em três principais pontos: existência de valas de esgoto correndo a céu aberto, alagamentos em dias de chuva e a espera de mais de trintas anos por um reassentamento prometido e jamais efetuado.
Em 2014, questionamos a Prefeitura sobre a questão do reassentamento e recebemos resposta da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação, na qual informou apenas que “estará em breve dando informações à comunidade da Vila Araçá sobre o planejamento de reassentamento das famílias da área”. O que não ocorreu, assim como não existiram medidas efetivas para estancar os alagamentos. As valas com esgoto correndo a céu aberto continuaram existindo, embora em menor número.
Em 2016, encontramos os moradores da Vila Araçá na mesma situação que estavam em 2010, quando iniciamos a série de reportagens intitulada “Abandonados”. Vale ressaltar que em 2014 já havíamos revisitado o local e questionado novamente a Prefeitura a respeito das melhorias prometidas. Assim como havíamos verificado anteriormente, a espera pelo reassentamento continuava sendo tratada como uma espécie de lenda pelos moradores. Muitos deles ouviam desde a infância a promessa de que suas famílias seriam levadas para uma área melhor.
Foto: Simone Dutra
Valas abertas
Embora uma grande vala tenha sido tampada pela Prefeitura depois de 2014, o esgoto corria a céu aberto em uma vala localizada logo atrás dos pátios das casas. Assim como já havíamos alertado em todas as reportagens anteriores sobre o local, não foi possível ignorar que várias casas foram construídas na beira de uma das valas, correndo risco de deslizamento. Além disso, o mau cheio simplesmente destruía qualquer resquício de qualidade de vida que os moradores poderiam ter na vila.
Alagamentos
Mesmo visitando a vila em um dia ensolarado, era possível verificar os alagamentos. Como era de se esperar, o esgoto invadia os pátios e casas com uma água suja e com alto risco de transmissão de doenças.
Vida nova
A Caixa Econômica Federal (CEF) formalizou a assinatura de contrato de 300 apartamentos no Residencial Pistoia I, no bairro Rio Branco. Foram contempladas 157 famílias provenientes de áreas de invasão, 51 famílias cadastradas no banco de dados do Programa Minha Casa, Minha Vida de Canoas e 92 em situação de vulnerabilidade, que se cadastraram no programa de assistência Social da Prefeitura.
O novo local trata-se de um condomínio recém construído, com pracinhas, churrasqueiras, salão de festas e campo de futebol.