
Olegar Lopes – Agenda Tradicionalista
Os quatro esteios

Ainda nos dias de hoje com toda a tecnologia existente quando alguém resolve construir um galpão, o primeiro passo é escolher quatro toras e fixá-las no chão, esteios que serão a base de sustentação da estrutura do galpão. O tempo de duração dum galpão depende da qualidade dos esteios, da espécie e origem da árvore escolhida e da sua fixação no solo. Estes são os principais itens para termos um galpão sólido e duradouro e atender as finalidades para o qual foi construído. Tem mais, entre os quatro esteios principais outros são colocados para auxiliar na sustentação da estrutura do galpão.
O nosso galpão é o Movimento Tradicionalista Gaúcho que, no mês de outubro, completará 53 anos como entidade juridicamente constituída. Na realidade a escolha e amadurecimento das madeiras para os quatro esteios teve inicio no ano de 1948 com a construção do primeiro rancho que abrigou a preparação às madeiras para a construção do grande galpão MTG: o pioneiro “35 CTG”, que dia 24 de abril completa 71 anos.
Os quatro esteios principais do grande galpão são João Carlos D’Avila Paixão Cortes, Cyro Dutra Ferreira, Barbosa Lessa e Glaucus Saraiva. Paixão Côrtes foi o esteio das pesquisas musicais, artísticas e folclóricas. Cyro Dutra Ferreira, como campeiro por excelência que era, se dedicou ao campeirismo e Barbosa Lessa e Glaucus Saraiva, os dois intelectuais que deixaram para o Movimento duas obras que até hoje norteiam os rumos do MTG. Barbosa Lessa escreveu O sentido e valor do Tradicionalismo, apresentado e aprovado no 1º Congresso Tradicionalista, realizado em Santa Maria, julho de 1954. Glaucus Saraiva escreveu a Carta de Princípio – documento que fixa os objetivos do Movimento Tradicionalista Gaúcho – composta por 29 artigos e aprovada no 8º Congresso Tradicionalista, realizado em Taquara, em julho de 1961, no CTG Fogão Gaúcho.
Esses são o que consideramos os quatro esteios que deram sustentação ao MTG, certamente com a qualidade e rusticidade de espécies como o angico, ipê e guajuvira, madeiras resistente às intempéries, como resiste o Movimento Tradicionalista Gaúcho.