Timoneiro

Canabarro Tróis filho: “Somos estrangeiros em qualquer lugar”


Canabarro Tróis filho
Sobre as dores da ausência

Não afirmo que foi Ledo Ivo o poeta que cantou que “somos estrangeiros em qualquer lugar”. Cada um de nós, em algum momento da vida, com certeza sentiu-se fora do lugar, de algum modo excluído, intranquilo. Quanto mais longe de casa, longe dos seres amados, mais incomodados ficamos. A distância que nos separa pode ser pequena, uma parede, mas aumenta nossa falta de ar.

Gonçalves Dias, para muitos nosso poeta maior, com sangue branco, índio e negro, foi julgado indigno do casamento com uma jovem branca. Foi estupidamente discriminado e como sofreu! No seu poema “Ainda uma vez – Adeus” ele desabafou: “Enfim te vejo! – enfim posso, / Curvado a teus pés, dizer-te / Que não cessei de querer-te, / Pesar de quanto sofri. / Muito penei! / Cruas ânsias, / Dos teus olhos afastados, / Houveram-me acabrunhado / A não lembrar-me de ti!”

O poeta é modelo perfeito do exilado saudoso. Modelo que não desejo copiar, claro. Desejo, isto sim, conceder-me um tipo de licença poética reunindo os sabiás da praça aos da “Canção do Exílio”, dando à ausência o tamanho da dor, isto é, dando lógica ao absurdo.

Bagagem

O Legislativo é mesmo independente? Políticos eleitos para o Legislativo, seduzidos pelo brilho do “fazer”, traem o voto popular e aceitam cargos subalternos no Executivo. A recíproca não é verdadeira, o que demonstra que o Legislativo só há de recuperar sua independência quando tiver membros que não o abandonem, em benefício próprio ou da desarmonia do sistema. (O Timoneiro, 1-4-1988).

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