Jorge Uequed
Novo líder
Num processo de rodízio da liderança da Câmara de Vereadores, o vereador Patricio cedeu o cargo e foi eleito um novo líder, o vereador Juarez Hoy.
Herança maldita
A saúde de Canoas vive uma crise violenta, resultado da herança deixada pelo governo Jairo Jorge, quando, sem nenhum cuidado, fez alterações no sistema de saúde.
Além de tudo, ampliou o número de pessoas a serem atendidas em nossos hospitais, realizando convênios verbais em 156 municípios, que geraram grandes despesas. E como o estado não paga os seus compromissos, Canoas teve que arcar com tudo isso.
Com a ação do Ministério Público e da polícia federal, o quadro da saúde sofreu grandes alterações, e o que Jairo Jorge já havia entregado para o Gamp agora o Judiciário determinou que o governo municipal, exercido por Busato, passasse a administrar o Hospital da Ulbra e o Pronto Socorro Municipal. O Sindicado Médico do Rio Grande do Sul (Simers), presidido pelo Dr. Monteiro, está exercendo ativa fiscalização e manutenção para a retomada normal dos serviços, a proteção dos médicos e dos pacientes.
Luz no fim do túnel
O prefeito Luiz Carlos Busato anunciou várias ações e intervenções, que no seu dizer podem promover uma luz no fim do túnel e possibilitar melhorias no sistema de saúde local.
Eleições
Já começaram a surgir as manifestações de grandes e pequenos partidos lançando seus nomes para a campanha municipal de 2020. Na última semana o ex-prefeito Jairo Jorge, que responde a vários processos na Justiça, autorizou o PDT a lançar o seu nome. Tudo vai depender de estar livre ou não.
O PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, também promove reuniões para apresentar pretendentes ao comando municipal.
Na base do governo os trabalhistas pretendem lançar a reeleição de Busato, e na oposição o PT prepara um nome surpresa para a disputa.
É bom lembrar que tudo é em função de que não existe mais coligação para as eleições de vereadores e os partidos precisam lançar nominatas próprias, o que força a ter um candidato à Prefeitura para tentar chamar a atenção dos eleitores, para as siglas e as propostas.
Emenda das eleições diretas
Corria o mês de março, no ano de 1983, quando o presidente da Câmara Nelson Marchezan (pai) marcou a sessão para a votação da emenda parlamentar que restabelecia eleições diretas para todos os cargos do Brasil.
Nós da oposição tínhamos um grupo de trabalho e estudos sobre a matéria, do qual eu participava. Após almoço fora da Câmara voltávamos para ingressar no plenário. Eram 13h30min quando chegamos ao acesso à casa e o Congresso estava cercado por militares armados.
Casualmente, eu era o primeiro da fila a ingressar, quando o capitão que chefiava a tropa intimou-me:
– “Sr. Deputado, a ordem é para que ninguém entre na Câmara”.
– “Mas eu vou entrar”, retorqui. “Aqui é minha casa de trabalho, representa um poder e ninguém pode me impedir do exercício e do compromisso que tenho com a sociedade”. Ele reagiu duramente.
– “Quem tentar entrar vai ser preso e poderá sofrer consequências, inclusive físicas”.
– “Faça o que o senhor quiser, mas eu vim do Rio Grande com um mandato de deputado e se eu me acovardar diante de alguma ordem irregular, inconstitucional e arbitrária, não terei mais cara para enfrentar o povo gaúcho”.
Ao nosso redor os jornalistas registravam tudo e as dezenas de populares atrás de mim gritavam: Vamos lá gaúcho, avante. Não podemos nos intimidar.
Olhei fixo ao capitão, que anos mais tarde me contaria a história, avancei e disse:
– “Vou entrar”.
Num gesto rápido, ele mandou baixar as baionetas e eu passei em direção a entrada principal da Câmara, com dezenas de deputados atrás de mim. A emoção tomou conta e a cada abraço de companheiros eu sentia o cumprimento do dever.
Anos mais tarde, quando cheguei numa audiência, atrasado, com o presidente José Sarney, um oficial do exército recebeu-me na porta do gabinete e disse:
– “O Presidente o está esperando, só mais alguns instantes. Sr. deputado Jorge Uequed, não se lembra de mim?”
Confessei-lhe que não. Ao que ele continuou.
– “Pois eu sou aquele capitão que no dia da votação Dante de Oliveira chefiava um grupo de soldados e cercou a Câmara dos Deputados, e o Sr. descumprindo a minha determinado lançou os braços sobre as baionetas e foi caminhando em direção à entrada do prédio. Eu não tive saída, acenei para que fossem baixadas as baionetas. Nunca mais esquecerei da sua coragem tão fortemente marcada naquele episódio. Depois, quando revistas e jornais publicavam a foto, eu dizia para meus familiares e amigos: este gaúcho tem coragem física e cívica e é um dos bons exemplos que guardo do Congresso Nacional”.
Anos mais tarde, o militar, já na reserva, numa solenidade, foi apresentado à minha filha Luciane, e lhe contou esta história.