O jornal Timoneiro tem noticiado, no decorrer dos últimos anos, a instabilidade na gestão do Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC). Gerido pelo Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública (Gamp), após contrato firmado pelo governo de Jairo Jorge, em 2016, o hospital atende com frequente superlotação e com crises de gestão. Com esse panorama, e com questionamentos aos valores previstos no contrato de prestação de serviço foi decidido, em comum acordo, que o Gamp não será mais responsável pelo hospital e duas Upas, passando o comando ao município. Em entrevista, a secretária de Saúde, Rosa Maria Groenwald, explicou detalhes sobre a transição de trabalho para a nova forma de gestão do HPS e os motivos para a superlotação do mesmo.
Justificativa
Rosa concorda que o momento é difícil para o HPS, mas justifica que uma série de fatores contribuíram para a crise. “Realmente esse ano é um pouco atípico, por que temos toda uma situação climática que causa esses agravos”, afirma a secretária. Ela também cita os problemas do Graças, que “passa por certas dificuldades”.
A secretária destaca que Canoas atende 56 municípios da região, sobrecarregando o sistema e prejudicando a população da cidade: “Desde que chegamos temos trabalhado em cima disso, para reverter algo que foi criado no governo passado. Quando assumiram legalmente esse compromisso, de atender a região, falaram que não prejudicaria os canoenses, mas isso não ocorreu”.
Rosa explica que tal compromisso foi firmado em 2014, quando Canoas aumentou o número de municípios para atender, e ao mesmo tempo fechou 100 leitos de sua rede. “Além disso, nós encontramos uma estrutura muito precária e deteriorada”, diz Groenwald. Ela compara Canoas com São Leopoldo e Novo Hamburgo, cidades que, segundo ela, têm um fluxo muito menor que aqui e que poderiam desafogar a superlotação da cidade, que atende mais 60% de pessoas de fora.
Negociação
“Estamos nos mobilizando junto ao governo do Estado e com as cidades vizinhas para mudar essa situação”, afirma Rosa. Segundo ela, a diminuição de atendimento na região tem requerido um processo complicado e burocrático, e que depende do governo estadual. Enquanto isso não ocorre, Rosa afirma que, em pouco tempo, serão abertos 100 novos leitos no HU, que liberaria o fluxo de pacientes provenientes do HPS. “Enquanto esse pedido de mudança junto ao Estado não sair, nós vamos ter que trabalhar desta forma”, comenta.
Licitação
Para Rosa, a licitação que o Gamp venceu em 2016 tinha valores subestimados: “Os valores não correspondem ao que é realmente necessário”. Agora, segundo a secretária, diversas equipes estão trabalhando na transição para assumir a gestão do HPS. “Temos comissões avaliando todo o processo. Vamos avaliar as necessidades e organizar a parte financeira”, explica. Questionada sobre a situação dos atuais funcionários da instituição, Rosa afirma que ainda estão sendo feitos levantamentos sobre a situação, mas que não descarta medidas e atitudes para “saber o que será melhor para a população”.