A Prefeitura de Canoas anunciou, na quinta-feira, 19, que o Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública (Gamp) não é mais o gestor do Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC) e das UPAs Caçapava e Rio Branco. A notícia chega em um momento de diversos questionamentos sobre a situação da instituição. O jornal O Timoneiro acompanha os problemas envolvendo o hospital até mesmo antes de sua criação. Já em 2017, falhas na distribuição de remédios, falta de materiais de trabalho e impasses trabalhistas comprometeram o atendimento no local. Com a saída do Gamp, o Instituto de Saúde e Educação Vida (Isev), classificado em segundo lugar na licitação realizada em 2016, assume a administração das unidades.
Mudança
O prefeito Luiz Carlos Busato (PTB) explica que a alteração ocorreu após um acordo entre Prefeitura de Canoas e Gamp. “Conseguimos remediar razoavelmente a situação no Hospital Universitário (HU), também gerido pelo Gamp, mas o HPS ainda deixava a desejar. Portanto, notificamos o Gamp, contratamos uma auditoria e acabamos chegando neste acordo”, destacou o prefeito.
A Prefeitura justifica a atual crise do hospital por conta da herança deixada pela empresa que administrava o hospital nos últimos anos. “O Gamp assumiu com um passivo deixado pela entidade que administrava a saúde anteriormente, além de dois andares do HU fechados e também com um quadro caótico na cidade, com 153 mil atendimentos atrasados entre 2012 e 2016”.
Falta de repasse
A falta de repasse de recursos por parte da Secretaria da Saúde do Estado, de acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, é a razão para o atraso ocorrido no pagamento dos salários de profissionais da saúde na cidade. A Prefeitura afirma que fez uso de recurso livre do Município para fazer o pagamento.
Gamp
O Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública (Gamp) afirma que repassou à Prefeitura de Canoas a gestão do Hospital de Pronto Socorro (HPSC) e das Unidades de Pronto Atendimento já que enfrentava problemas no recebimento dos repasses para manter as unidades em pleno funcionamento.
A Organização destaca que “já criou um grupo de trabalho para que a transição, que deve durar cerca de 40 dias, ocorra da forma mais tranquila e amigável possível, preservando os contratos em vigor e o atendimento à população”. A entrega do lote 1 pelo Gamp ocorreu no dia 9 de outubro de 2017. A organização afirma que continuará administrando o Hospital Universitário (HU) e as Unidades de Atendimento Psicossocial (CAPS) Recanto dos Girassois, Travessia, Amanhecer e Novos Tempos.
Organização que assume o HPSC passa por problemas em outros hospitais
O Instituto de Saúde e Educação Vida (Isev), organização social que assume a gestão do HPSC e das UPAs, é alvo de uma série de denúncias em outras unidades que administra no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Um dos Hospitais geridos pelo Isev, em Taquara, tem sofrido com falta de pagamento. Em setembro de 2017, os médicos do Hospital Bom Jesus paralisaram as atividades devido ao problema. Os profissionais ainda apontaram falta de insumos e desabastecimento constante da farmácia. Em ação conjunta com o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), os funcionários têm realizado negociações com o Isev, mas até agora a situação continua sem solução.
Em Santa Catarina, a Prefeitura de Criciúma chegou ao ponto de encerrar o contrato com a organização social em janeiro deste ano. O Isev era gestor do Hospital Materno Infantil e teve seu contrato suspenso devido à recomendação da Comissão de Apuração de Descumprimento Contratual do município, formada por profissionais da Prefeitura de Criciúma. Ainda foi solicitada a suspensão temporária para que o Isev não participe de licitações na cidade pelo prazo de dois anos. Na época, o secretário de Saúde do município, Vitor Benincá, de acordo com o Jornal A Tribuna, de Criciúma, criticou o instituto: “eles apresentam déficits de trabalho em todos os hospitais onde atuam. Em faturamento são mais de R$ 30 milhões sem qualquer investimento ou até mesmo dinheiro em caixa”.
Isev
A reportagem tentou contato com o instituto, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.