Marcelo Grisa
Na manhã do último domingo, 30 de julho, ocorreu a 60ª edição da Festa de São Cristóvão, no bairro Igara. Reunindo, de acordo com a organização, mais de quatro mil pessoas e dois mil veículos, os fiéis seguiram uma rota que passou pela BR-116. Além disso, o cortejo com a imagem do santo padroeiro dos motoristas passou pelas Avenidas Boqueirão e Guilherme Schell, além da Rua Tupi, onde fica a sede da paróquia que leva seu nome.
Carregando Jesus consigo
A lenda de São Cristóvão, assim chamado por ser “aquele que carrega a Cristo”, fala do filho de um rei, dotado de grande força e altura, chamado Reprobus. Convertido à fé cristã, ele não se ajoelhava para rezar, mas fazia a travessia de pessoas por um perigoso rio. Um dia, uma criança que ele carregava tornava-se cada vez mais pesada: ela se revelou como o próprio Jesus. Depois disso, Reprobus realizou milagres que despertaram a fúria do governador romano local. Cristóvão tornou-se mártir, comemorado no dia 25 de julho.
Missa
Às 8 horas, ocorreu a missa em honra a São Cristóvão, celebrada por Dom Aparecido Donizeti, bispo auxiliar de Porto Alegre. Para ele, quando se coloca a devoção a um santo, é necessário lembrar de suas qualidades. “Um motorista devoto precisa cultivar essas virtudes, tais como a mansidão, a paciência e a prudência, para levar Jesus em segurança no seu coração”.
Participando pelo primeiro ano como pároco no bairro Igara, o Padre Egon Binsfeld abençoou os carros e motoristas ao final da carreata. “Por meses, esta é a preparação de uma grande equipe. Esta é a maior expressão da nossa comunidade, formando e chamando a esta família de fé”, aponta.
Além de São Cristóvão, a missa, que foi atendida também por vereadores e secretários municipais, lembrou dos 300 anos do descobrimento da imagem de Nossa Senhora Aparecida, que começou a devoção à padroeira do Brasil.
Preparação e celebração
Antes disso, a festa já começava a ser preparada por uma equipe de cerca de 130 pessoas da comunidade, entre festeiros, assadores e demais organizadores. A segurança foi feita com o auxílio de seis agentes da Brigada Militar, mais seis equipes da Guarda Municipal e 20 agentes de trânsito, além do apoio da Polícia Rodoviária Federal.
O único problema aconteceu por uma questão de organização na saída da procissão. De acordo com fiéis presentes, em anos anteriores era feita fila única a partir da Rua Itu. Entretanto, para a edição deste ano, foi feita também uma fila na própria BR-116, para onde a rua desemboca, de forma que devotos vindos de Porto Alegre pudessem se juntar ao cortejo. O ajuste fez com que vários motoristas e caminhoneiros ficassem parados na saída da Rua Itu por, pelo menos, meia hora. Ao fim da carreata, que começou perto das 9h30min, foram servidos cerca de mil almoços para os presentes. “O resultado pleno do trabalho da comunidade é visto hoje, no ápice da festa. A gente procura atender bem a todos, com o carinho, o amor que Jesus nos mostrou”, afirma o voluntário Valmor Bienert.
A professora Emileine Karwinski levou toda a família para ajudar na festa de São Cristóvão. “É bom estar aqui e passar essa vivência também para os filhos. A gente se envolve junto, é algo bom inclusive para a educação deles”, explica.
O motorista César Silveira, morador do bairro Igara, vem de uma família que tem no volante seu ganha-pão. “Eu venho desde a minha infância. Acima de tudo, hoje eu busco na fé uma forma de trabalhar mais tranquilo, com mais segurança”, argumenta.