Timoneiro

ESPECIAL 55 ANOS ASMC: Entrevista com o presidente e história da entidade

MARCELO GRISA*

Na próxima segunda-feira, dia 12 de junho, a Associação dos Servidores Municipais de Canoas (ASMC) completa 55 anos de história. Na data, comemorada junto com o Dia dos Namorados, é lembrada uma história de amor pelo funcionalismo e por ajudar o próximo.

O Começo

Nas décadas de 1940 e 1950, um grupo da então modesta força de trabalhadores públicos da jovem cidade organizava-se. Ao fim de cada mês, alguns deles passavam com uma caixinha para recolher doações. Com o valor arrecadado, era feita uma distribuição aos colegas que recebiam menos, ou aos que precisavam de mais ajuda para cobrir gastos com saúde e alimentação. Naquela época, a assistência social no Brasil ainda era escassa por parte do governo.

Em 1962, um dos líderes dessa iniciativa era Júlio Pereira de Souza. Ao ver o esforço dos municipários para tornar a vida de colegas mais digna, o então prefeito de Canoas, José João de Medeiros, sugeriu a criação de uma entidade associativa que tivesse essa função de assistência social. Assim, no primeiro semestre daquele ano, foram feitas as reuniões que levariam à primeira assembleia formal, em 12 de junho de 1962. Há, entretanto, membros dentre os fundadores registrados na ASMC mesmo antes disso, em datas anteriores, no começo daquele mês.

A Construção de um Patrimônio

Desde então, a ASMC é reconhecida pela defesa dos interesses e fornecimento de serviços aos funcionários públicos do município. As quatro salas no Edifício Damásio Rocha (Rua Fioravante Milanez, 85, 3º andar) têm até um acervo de filmes disponíveis aos cerca de 3000 associados. Tudo isso para oferecer o melhor: são 2462 empresas conveniadas nos mais diversos setores da economia canoense, entre serviços de saúde, farmácias, financeiras e até mesmo concessionárias de automóveis.

Além do endereço no Centro, a ASMC tem uma Sede Campestre em Nova Santa Rita, com 4500 metros quadrados, e o Camping, disponível para os associados que quiserem veranear em Cidreira. Em Canoas, há também a Sede Social, na Rua Nerci Flores Pereira, nº 179, próximo à Rua Brasil. O endereço conta com salão para receber cerca de mil pessoas, além de campo de futebol e o DTG Morada dos Guapos.
Em 1993, a Sede Social passou também a estar integrada ao Movimento Tradicionalista Gaúcho por meio do DTG Morada dos Guapos.

Dias atuais

O atual presidente é Firmo Farias dos Santos. Firmo filiou-se pela primeira vez à ASMC em 1969, e tem envolvimento nos cargos de gestão da entidade desde o final da década de 1980. Além de Firmo, passaram também pela presidência nomes como o ex-deputado estadual Luiz Antonio Posssebom, o ex-prefeito de Nova Santa Rita, Odone Machado Ramos, e o ex-vice-prefeito de Canoas Cláudio Schneider.
A diretoria também é composta pelo vice de Finanças, Leonardo Dornelles Rodrigues, pelo vice de Patrimônio, Haroldo Carvalho Leão, pelo vice do departamento Cultural e Social, José Francisco Farias dos Santos, e pela vice-presidente de Assistência Social, Miriam Oliveira da Silva.

MONIQUE LEOTE MENDES*

“Essa diretoria vai passar, mas a ASMC vai chegar a seu centenário!”

Próximo de completar 70 anos de idade, no dia 13 de novembro, Firmo Farias dos Santos, atual presidente da Associação dos Servidores Municipais de Canoas (ASMC), esbanja vitalidade, paixão pela sua atividade, e é um incentivador da informatização. Acredita que a coragem para exercer suas tarefas e enfrentar os desafios diários está ligada ao fato de estar sempre em movimento.

Ele mantém o amor pelo trabalho e brilha os olhos quando fala dos anos de atuação na diretoria da ASMC. Sempre com o celular próximo, pois monitora todas as câmeras de videomonitoramento da Associação, brinca dizendo: “temos que buscar e incentivar as pessoas a terem WhatsApp e se informatizarem, pois elas nunca mais ficarão sozinhas e tudo se tornará mais fácil e acessível.”

Emociona-se quando fala da família e do amor que guarda pelos três filhos adotivos. Uma de suas paixões é a neta de 11 anos, que ele cria juntamente com a esposa, Terezinha Lopes dos Santos, parceira de uma vida e fruto de um casamento que iniciou quando tinha 22 anos e se mantém forte até os dias de hoje.
Firmo recebeu a equipe de O Timoneiro em sua sala na ASMC e compartilhou sua história de vida, relatou os desafios como atual presidente da associação e do futuro da ASMC.

O Timoneiro: Nos conte sua história como servidor municipal e quando ingressou na Associação dos Servidores Municipais de Canoas?
Firmo Farias dos Santos: Comecei a trabalhar na Prefeitura em 4 de fevereiro de 1967, como barqueiro no Rio dos Sinos, em Morretes. Meu pai, Normélio Andrade dos Santos, era chefe das barcas. Sa[i do quartel com 22 anos e, 15 dias após minha saída, assumi de barqueiro no governo do prefeito Lagranha. Fiquei por dois anos na barca, até que na época do Castelo Branco se criou uma lei onde dizia que filho não poderia trabalhar sobre as ordens do pai em serviços públicos. Foi então que em 1969, vim trabalhar de motorista, mesmo ano que aderi ao quadro social da ASMC. Trabalhei na Prefeitura até 1998 e já estou aposentado há 19 anos. Todo funcionário na época, quando aderia à classe social, já era apresentado à ficha de inscrições da associação.
Meu primeiro mandato foi em 1989, como diretor de patrimônio em substituição ao vice-presidente que havia pedido demissão na época. Em 1991, fui eleito pela primeira vez como vice-presidente de Patrimônio. Em 1995 fui presidente eleito pela primeira vez.

O Timoneiro: Você está aposentado, completando 70 anos, mas se mantém atuante. O que te move para continuar trabalhando e enfrentando os desafios diários?
Firmo: Terezinha Lopes de Santos, minha esposa, me diz: “ tua família é a Associação, nós somos a segunda”. Eu chego muitas vezes em casa só para dormir. Chego de madrugada, pois além da Associação eu faço parte do conselho diretor do Movimento Tradicionalista Gaúcho, sou membro da Junta Fiscal, duas vezes por semana tenho que estar lá, sou tesoureiro do Sagrado Coração de Jesus, minha paróquia. Dentro da associação tenho que representar a ASMC em várias entidades, somos cinco presidentes, mas não vencemos todos os compromissos. Chego em casa por volta das 23h30 ou meia noite quase todos os dias. Só chego para dormir. Meus colegas que se aposentaram junto comigo, muitos estão arrastando os pés, com bengalinha, ou reclamando disso ou daquilo. Se tenho esse pique é porque não parei e não pretendo parar.

O Timoneiro: Nestes anos todos atuando na Associação, o que foi feito na sua diretoria e do que te orgulha?
Firmo: Os objetivos não são somente meus, mas de um coletivo de pessoas competentes e engajadas que se preocupam com o servidor municipal. Quando assumi, muita coisa já havia sido conquistada. Eu adquiri a sede campestre em Nova Santa Rita. Quando entrei, tínhamos 450 empresas associadas, hoje chegamos a 2.100 empresas. Mas, a estrutura era outra na década de 50. Tínhamos uns 450 funcionários na Prefeitura e agora temos por volta de 7 mil funcionários. Nosso quadro social é composto por funcionários com estabilidade e concursados. Temos 26 funcionários contratados na associação. Temos uma administração central, com quatro salas, no edifício Damaso Rocha, no centro de Canoas. Aqui é nossa administração, nossa secretaria, nosso departamento pessoal. Nos orgulhamos de todas nossas conquista ao longo dos anos, de ter uma sede social, salão social, salão de esporte, camping com dois funcionários no local, e em Nova Santa Rita, nossa sede campestre com toda estrutura para o associado usufruir.

O Timoneiro: Qual a mensagem que você deixa para os associados neste ano que a ASMC completa 55 anos e quais são os planos para o futuro?
Firmo: Que continuem acreditando na associação. Quem não é associado que venha a se associar, pois é importante para o futuro da associação. Os associados precisam acreditar mais na ASMC, pois nós, dessa diretoria, vamos passar, mas a ASMC vai chegar a seu centenário.
Meu pensamento de futuro é a conscientização do associado. Ele precisa comparecer nesta assembleia para eleger nova diretoria, pois precisamos deles para nos adequar ao novo estatuto, novo código civil, novas leis. Estamos dento de uma estatuto novo, elaborado pelo advogado Jorge Uequed, gerenciado por um estatuto de 1962.
Não podemos crescer muito mais, pois perdemos associados a cada dia. Precisamos com urgência que 936 associados compareçam na assembleia para podermos aprovar o novo estatuto e ter nossa eleição por voto direto. A associação não tem projeto de expandir, os sindicatos sim. Temos parceria com todos os sindicatos, trabalhamos juntos com eles. Para a ASMC não existe partido, somos apartidários. Nosso partido é do prefeito que está eleito, que está na ativa. Minha opinião não representa a Associação. Nós somos um grupo grande e unido de associados que chegam às proposições com ideias em comum.

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