Timoneiro

ESPECIAL DIA DAS MÃES: As alegrias e os desafios de ser mãe

dia das mães

MONIQUE LEOTE MENDES*

Para a maioria das mulheres, a maternidade é considerada a maior transformação de suas vidas. A chegada dos filhos traz junto consigo o aumento da responsabilidade, crescimento emocional, coragem e um turbilhão de emoções que apenas as pessoas que assumem e aceitam esse papel são capazes de expressar.   O jornal O Timoneiro conversou com quatro mulheres que nos relatam suas histórias de vida e os desafios de ser mãe nos dias de hoje.

História de Carmen Zanatta

“Meus filhos me fizeram forte.”

Há 40 anos, Carmen Zanatta, 66 anos, graduada em filosofia e o marido, Ari Zanatta vieram para Canoas em busca de novas oportunidades de trabalho. O casal que na época tinha apenas uma filha, Ana Paula, que hoje tem 40 anos, abriu uma pequena madeireira num terreno alugado na cidade. Logo em seguida vieram os outros dois filhos, Rosana, 39 anos e Márcio, 34 anos. A rotina dessa mãe não foi fácil, levava os filhos sempre juntos para o trabalho e as tarefas diárias tinham que ser conciliadas. Segundo ela, o que a fez muito forte neste momento, foi exatamente o seu motivo maior: seus filhos. Carmen sempre teve muita fé em Deus e criou seus filhos com essa base espiritual. Palavras de incentivo e diálogos também sempre tiveram presentes na sua de criação. “Se plantarmos no coração de nossos filhos: amor, perdão, alegria, paciência, vamos colher filhos harmoniosos”, diz.

Nos dias atuais, em que a internet e a correria do dia a dia faz com que muitos pais se afastem de seus filhos, Carmen acredita que o diálogo é uma das melhores formas de estreitar os laços e se aproximar deles. “As pessoas esquecem que tudo passa muito rápido e deixam de dialogar com seus filhos. Se experimentassem viver mais momentos de perto deles, veriam que não tem preço que pague isso”, relata.Carmen e seu marido ainda trabalham juntos e tem empresas, entre ela a Zanatta Seguros. Ela tem orgulho de dizer essa empresa é familiar e todos os seus filhos fazem parte dela.A vida ainda a abençoou com seis netos. Para ela, ser mãe é uma soma de sentimentos, “é amar com paixão e olhar a vida com esperança”.

História de Sônia Maria Damin Marcon

“Ser mãe de verdade é participar da vida dos filhos, acompanhar a modernidade, ser amiga e resolver juntos os problemas que vão surgindo no dia a dia e na vida deles”, com essa frase, a advogada Sonia Maria Damin Marcon, 58 anos, define uma verdadeira mãe.

Ela que é mãe de três filhos: Fabio Marcon Hoy, 37 anos, Bruno Marcon Hoy, 33 anos e Laura Marcon Hoy, 24 anos, sempre conseguiu conciliar os estudos, trabalho e dedicação aos filhos.Quando Sonia se formou em direito no ano de 1985, ela já tinha dois filhos e com a ajuda dos pais que sempre estiveram do seu lado, conseguiu conciliar tudo e seguir em frente. Ela lembra com carinho da época que buscava as duas crianças com seus pais depois da faculdade e quando chegava em casa, ainda dedicava tempo para dar atenção aos filhos, para as provas da faculdade e os afazeres da casa, “ não era nada fácil, como alguns alegam,” lembra Marcon.

Sonia teve seu primeiro filho aos 21 anos, no mesmo dia da data do seu aniversário, 31 de dezembro. Para ela, este fato sempre foi um dos seus maiores presentes. “ A gente não escolhe ser mãe, quando percebe os filhos estão ai, e são nossos maiores presentes.” Quando indagada sobre os momentos marcantes ao lado dos filhos, ela diz que todos os momentos são marcantes quando se tem filhos. Cada um teu sua história e deixa suas marcas.

“Sempre batalhei muito e tento ate hoje fazer o que posso por eles. Talvez pelo fato de trabalhar fora, a gente acaba se culpando como toda a mulher se culpa, mas acredito que deu certo, porque me sinto feliz com eles e ele também comigo,” finaliza. Sonia ainda diz que “ as mulheres nunca devem desistir de realizar os seus sonhos, e muitos desses sonhos pode ser somente cuidar dos filhos.”

História de Maraline Teixeira

“Cada segundo perdido não volta mais, e as gravações de vídeos não substituem o nosso olhar marejado no momento da apresentação.”

A maior missão no mundo para a assistente de auditoria, Maraline Teixeira, 39 anos, é ser mãe. Por causa da maternidade com a vinda de seus dois meninos, o João Pedro, de 6 anos, e o Mateus, de 1 ano e 9 meses, que enfrenta tudo até hoje. “ O carinho deles é meu combustível,” diz.

Sua primeira gestação foi aos 32 anos. Logo que soube do resultado positivo do exame, se viu sozinha na criação do seu filho. “ Foi muito dolorosa a fase de negação no início, muito difícil pra uma romântica nata, que sempre sonhou em ser mãe, e não viver o sonho da forma “família” me tirou o chão,” lembra ela.
Graças ao grande apoio da família e da empresa que trabalhava na época conseguiu enfrentar todas as dificuldades e desafios da maternidade. “ Voltei a me amar porque a negação me mostrava que eu era a errada, que eu é quem tinha estragado o conto de fadas”, diz ela.

Durante a gravidez entendeu que precisava ser forte e que tinha sido abençoada com um anjo dentro de si. “ Me tornei mãe no momento em entendi que a vida não era mais por mim, nem para mim e sim por um frágil ser que precisa de mim, que conta comigo, que acredita em mim.” Segundo ela, são os filhos que a incentivam a ser melhor a cada dia e a inspiram. “ Em troca, eu retribuo com o amor mais lindo do mundo, fonte inesgotável da minha força!”.
Para essa mãe, o trabalho é a parte mais fácil, pois acredita que as mulheres fazem muito bem mais de uma coisa ao mesmo tempo. O difícil é fazer as pessoas entenderem a culpa que uma mãe sente em ter que deixar o seu bem mais precioso sob os cuidados de uma escolinha.

Maraline acredita que as mulheres quando se tornam mães, são mais engajadas profissionalmente, pois querem proporcionar mais comodidade a seus filhos. “ Uma mãe bem remunerada e reconhecida profissionalmente, é o melhor profissional que uma empresa pode ter.” Ela ainda acredita que o maior desafio na atualidade é a capacidade de abstração de todas estas realidades vivenciadas em nossa sociedade atual, sem fechar os sentidos para que possamos capacitar seres humanos diferenciados. O resultado da ausência, da busca desenfreada pelo sucesso, pelo status, pelo conforto, onde pais e mães aumentam a renda com horas extras, está agora refletido na sociedade fria, automática e impessoal que vivenciamos. “ Vivam o momento! A espera pelo ideal pode limitar o número de momentos felizes vivenciados. Como mãe afirmo que cada segundo perdido não volta mais, e as gravações de vídeos não substituem o nosso olhar marejado no momento da apresentação.”

História de Tania Risoristow

“Sempre tive meus filhos perto de mim. Fui amiga, por isso eles cresceram confiando em mim.”

Quando tinha nove anos, Tania Risoristow, 69 anos, perdeu sua mãe. Ela recorda do sofrimento e das dificuldades que enfrentou na época e da saudade que a mãe faz até os dias de hoje. Ela assumiu o cuidado dos três irmãos que eram mais novos, para isso parou de estudar para cuidar da casa, fazer comida e cuidar deles. Aos 12 nos ela foi embora da casa do pai que tinha iniciado um novo relacionamento e começou a trabalhar numa casa de família. Mas foi aos 24 anos que a menina que cresceu sozinha sem a mãe, teve o seu primeiro filho, Carlos Fritsch, hoje com 44 anos. Depois de um ano e quatro meses nasceu a segunda filha, Carla, 43 anos e depois de dez anos nasceu a Marta Grasiele, 33 anos.

“Fui para eles tudo que senti falta na minha criação, talvez até cobrei demais em alguns momentos,” diz ela. Recorda também, dos anos que trabalhou numa empresa de bordado e levava os três filhos pequenos junto. “Eles ficavam brincando perto de mim, enquanto eu trabalhava durante o dia”.
Tania que hoje é proprietária de uma floricultura, sempre trabalhou fora e conciliou o cuidado com os filhos e os afazeres da casa. Ela acredita que o tempo e a atenção que se dedica a eles é que faz a diferença. “Um dos segredos para criar bons filhos nos dias de hoje é ser amiga, ouvi-los, dar liberdade e tê-los sempre por perto”, diz ela.

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