A instabilidade política do Brasil toma rumos cada vez mais preocupantes. Com o período de transição, após o impeachment de Dilma Rousseff (PT), o novo governo liderado por Michel Temer (PMDB) tenta emplacar mudanças profundas no país. Com baixa popularidade, tendo grande parte de seu alto escalão investigado na Lava Jato, o governo vê surgir nas ruas movimentos contrários às suas reformas.
Diante deste cenário, as principais organizações e sindicatos de trabalhadores do Brasil convocaram greve geral, na sexta, 28. Em Canoas a situação é a mesma. De acordo com o presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação Municipal de Canoas (Sinprocan), Jari Rosa de Oliveira, praticamente todos os profissionais da categoria aderiram à greve. Ele informa que os professores já vêm informando à comunidade escolar sobre os motivos da paralisação. Os educadores ainda realizam caminhada como forma de protesto, durante a sexta-feira.
Teresinha Antqueviezc, presidente do Sindicato dos Municipários de Canoas (Simca), também destaca os motivos para a greve: “Temos que mostrar que não estamos contentes com isso vamos pagar por algo que não temos culpa.” Para o presidente do Sindicato Metalúrgico de Canoas e Nova Santa Rita, Paulo Chitolina, o momento é grave: “Nesse momento, se passarem as reformas, vai ser prejudicial a todos os trabalhadores. Achamos
muito importante para mostrar para o governo que não estamos de brincadeira.” Ainda, de acordo com Chitolina, os
trabalhadores da categoria estão sendo orientados para ficar em casa durante a sexta-feira.
O Sindicato dos Empregados no Comércio de Canoas (Sindec) também irá paralisar. De acordo com o presidente da entidade, Antonio Fellini esta será uma das maiores greves já feitas no Brasil.”Queremos diálogo com o
governo. Não tinha necessidade de fazer isso. Como isso vai resolver os problemas do Brasil? Isso é um absurdo”, questiona Fellini, sobre o modo de atuação do governo com relação às reformas.
Os trabalhadores da área de transportes, através dos sindicatos dos Rodoviários e Metroviários, também aderiram à paralisação.
CUT
A Central Única dos Trabalhadores (CUT), uma das principais organizações sindicais trabalhistas do país, tem papel importante na convocação da greve.”Dentre os ataques promovidos pelo governo golpistas estão a terceirização sem limites, que já foi aprovado na Câmara Federal no dia 22 de março, as reformas trabalhista e da previdência”, informa a central, em nota.
MPT
O Ministério Público do Trabalho (MPT) emitiu nota, na quinta-feira, 27, acerca da greve geral: “a Greve é um direito fundamental assegurado pela Constituição Federal, bem como por Tratados Internacionais de Direitos Humanos ratificados pelo Brasil”. O Procurador Geral do MPT, Ronaldo Curado Fleury, ainda reafirmou a posição do órgão contra as “medidas de retirada e enfraquecimento de direitos fundamentais dos trabalhadores contidas no Projeto de Lei que trata da denominada “Reforma Trabalhista”.
Aprovação na Câmara
Antes da greve de sexta-feira, o Governo Federal conseguiu uma vitória na Câmara dos Deputados. Na quinta-feira, 27, após quase 14 horas de sessão,os parlamentares aprovaram, com 296 votos a favor (eram necessários pelo menos 257), a proposta de reforma trabalhista. Agora o texto segue para apreciação no Senado Federal. Após a aprovação do texto-base, o porta-voz da Presidência da República, Alexandre Parola, afirmou em pronunciamento que a nova legislação, se aprovada pelo Senado, “permitirá garantir os direitos dos trabalhadores previstos na Constituição Federal e impulsionar a criação de empregos no país”.