Marcelo Grisa
Amigos, parentes, colegas e admiradores do trabalho do ex-senador Paulo Brosssard reuniram-se para um jantar em sua memória no último dia 12 de abril, no restaurante Santo Antônio, em Porto Alegre (Rua Dr. Timóteo, nº 465). Na data, quando se completavam dois anos de seu falecimento, foi inaugurado um retrato no estabelecimento em honra ao político, magistrado e professor gaúcho, que fora cliente ali por mais de 50 anos.
Uma vida pública
Paulo Brossard de Souza Pinto nasceu em Bagé em 23 de outubro de 1924. Faleceu com 90 anos, em 2015, depois de quase 50 anos de vida pública e uma intensa atuação contra o regime militar e pela consolidação da democracia.
Ainda em 1945 filia-se ao Partido Libertador, enquanto cursava Direito na UFRGS. Em 1954 elegeu-se, com menos de 30 anos, para o mandato de deputado estadual, assumindo uma cadeira na Assembleia Legislativa. Lá permaneceu por três legislaturas, chegando a assumir a Secretaria do Interior e da Justiça no governo Ildo Menegheti. Tornou-se deputado federal em 1967, já pelo MDB. Tentou eleger-se senador em 1970, mas somente teve sucesso em sua segunda tentativa, em 1974, permanecendo no Senado até 1983. Naquele ano, foi candidato à vice-presidente da República na chapa de Euler Bentes Monteiro na eleição indireta, sendo derrotados por João Baptista Figueiredo.
Resignado dos cargos eletivos, Brossard então emprestou sua maestria no exercício do Direito a serviço da retomada da democracia. Foi consultor-geral da República em 1985, ajudando a criar as condições para a Assembleia Nacional Constituinte. Em 1986, torna-se Ministro da Justiça de José Sarney. Em 1989, sai do posto para integrar o Superior Tribunal Federal, onde permaneceu até sua aposentadoria, em 1994. Nesse meio tempo, também presidiu o Tribunal Superior Eleitoral de 1992 até 94. Foi vital para a consolidação da democracia neste período, com atuação decisiva em episódios como a tentativa de renúncia de Sarney em março de 1988.
Morador de Porto Alegre, Brossard era colunista no jornal Zero Hora, do Grupo RBS, contribuindo com centenas de textos para o periódico.
Testemunhos pela Democracia
Estiveram presentes dois ex-governadores do Estado – Pedro Simon e Jair Soares; o ex-senador Nelson Wedekin; os ex-deputados federais Odacir Klein, Rodolfo Rospide Neto, Harry Sauer e Jorge Uequed; e os deputados estaduais Fábio Branco e Thiago Simon. Além deles, vários dirigentes sindicais e empresariais, além de professores e ex-alunos de Direito que conviveram com Paulo Brossard ao longo de sua vida.
Ao lembrar-se de sua trajetória na vida pública, Jorge Uequed apontou que Brosssard representava uma parcela da inteligência e da resistência nacional. Para o ex-deputado, é necessário que os dirigentes municipais e estaduais façam homenagens a ele. “Isso representa um processo de educação de que vale a pena ser honesto, que bons exemplos florescem”, explicou.