Timoneiro

HISTÓRIAS CRUZADAS: A mulher assassinada era inocente ou culpada?

Capítulo 2 (Continuação):
por Nélsinês Urnau

rua fernando pessoa

Escova… que escova? Onde? – ele indagou, ainda meio atordoado. A senhorinha apontou: ali, na grama perto do portão. Com apenas um ah! Ele se dirigiu até ali e, alcançando a escova, comentou: não sabia que trabalhava ali, nunca lhe vi… Disse que seus patrões viajaram? Estive me preocupando à toa, então.
Ela estranhou, não constava que fosse amigo dos patrões. Também, pudera não ver, ela trabalhava na casa da frente, de paredes inteiriças onde, lavando a sacada do segundo piso, a escova lhe voara da mão. Perguntou a razão da preocupação.
A janela… – ele respondeu com ar de suspense, apontando o queixo para a casa dos fundos daquele terreno, bem parelha com a sua.
O que tem a janela? – ela indagou. Permanece fechada desde anteontem… – ele respondeu com ar de suspeitar que algo não estivesse bem, ali. – Eles também viajaram?
– Não sei desses, a parte do fundo é independente. Não costumo bisbilhotar a vida dos outros. Se o senhor faz isso, não conte com contribuição minha. E agora, permita-me voltar ao meu trabalho. Obrigada por me alcançar a escova. – disse a senhorinha, retirando-se.
Mas, ela não voltou logo à tarefa em andamento, antes foi espiar pela basculante para o pátio dos fundos. Parecia tudo em paz e ordem ali, normal que nesta hora não houvesse ninguém, deviam estar em seus respectivos empregos. Por instantes, pareceu-lhe ter visto algo, um detalhe. Tornou a olhar, já com um fino sentido de investigação. Nada de mais viu: roupas no varal, calçada com folhas caídas, só. O resto, a árvore escondia, inclusive o acesso à casa.
Decidida a não se deixar impressionar pela breve conversa com o vizinho, executou seu trabalho. Nem sabia mesmo quem eram os moradores daquela casa, muito menos algo mais sobre eles. Nem seus próprios vizinhos lá da Rua Fernando Pessoa lhe importavam, ia logo tomar tento dos vizinhos dos patrões? Não mesmo! Apesar de que, agora conhecera brevemente o vizinho que lhe alcançara de volta a escova e tomara ciência que este cuidava a janela do outro.

Sair da versão mobile