Timoneiro

“O direito de ir e vir não está completamente garantido para nós”

17671058_1362965263767248_1487746514_nA acessibilidade, de acordo com o disposto na Constituição Federal, significa permitir que pessoas com deficiência (PCDs) ou mobilidade reduzida alcancem e utilizem, com segurança e autonomia, os espaços urbanos e edificações, podendo, assim, participar das atividades que incluem uso de produtos, serviços e informação. Na teoria, deveriam existir ônibus e automóveis adaptados, guias rebaixadas e marcações nas calçadas e principalmente a supressão de todo e qualquer tipo de barreiras no caminho. Infelizmente, mesmo com avanços, Canoas ainda está longe de cumprir estas normativas.

“A falta de acessibilidade acaba com a vontade de ir pra rua. É difícil chegar ao trabalho na hora certa, já que os ônibus adaptados passam em horários praticamente aleatórios”, conta Iara Coromberque, colaboradora da Associação Canoense de Deficientes Físicos (Acadef). Os comércios, segundo ela, não estão preparados para atender PCDs , tanto na educação como na estrutura. Iara conta que os problemas acontecem antes mesmo de sair de casa. Em seu apartamento, ela não alcança as janelas e tem que pedir ajuda a vizinhos para abrir e fechá-las. “Hoje , para que um cadeirante saia de casa sozinho, deve ter muita força. Os buracos e desníveis das calçadas são os principais obstáculos. Tem que ter uma preparação de atleta”, conta.

Acadef

Para a presidente da Acadef, Patrícia Marcelino, as ruas e transportes não estão completamente adaptados para PCDs. “Apenas alguns bairros contam com linhas de ônibus adaptados e, além disso, as cadeiras de rodas não duram muito tempo nas ruas de Canoas.” Segundo ela, ainda faltam muitos avanços para ter acessibilidade na cidade.

Adevic

De acordo com José Guimarães, presidente da Associação dos Deficientes Visuais de Canoas (Adevic), ainda há restrições, principalmente nos bairros, com calçadas irregulares. Ele alerta para problemas na utilização do piso tátil no centro da cidade. “A sinalização é desrespeitada por ambulantes e lojas que colocam banners e propagandas. É bem complicado, muitos nem sabem para que serve o piso. Falta informação para a população”, avalia José.

O que diz a Prefeitura

De acordo com a Diretoria da Pessoa com Deficiência, dirigida por Jair Silveira, “a questão da acessibilidade em Canoas está em processo de avanço e melhoria.”

Em nota, a Prefeitura afirma que trabalha com o objetivo de tornar a cidade ainda mais inclusiva: “O trabalho consiste em eliminar as barreiras arquitetônicas, de informação e comunicação.”

A Diretoria destaca que calçadas vêm sendo executadas de maneira parcial. Os proprietários, responsáveis pela colocação, estão colocando apenas o piso tátil. Os comércios têm de oferecer rampas de acesso ao estabelecimento.

“Em relação aos ônibus acessíveis, a empresa responsável pelo transporte público de Canoas já foi notificada pela Prefeitura para que apresente um calendário de renovação da frota. Hoje, 56% dos ônibus precisam de adaptação para fornecimento de acessibilidade”, afirma a Diretoria da Pessoa com Deficiência.

A Prefeitura ainda informa que, para receber o Habite-se e concessão de alvará, as novas construções precisam obedecer às regras de acessibilidade. Em relação às construções antigas, há a necessidade da adaptação à legislação.

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