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Após auditoria, Prefeitura rompe com administração do HNSG

Hospital Nossa Senhora das Graças tem médicos envolvidos na fraude. Foto: Bruno Lara-arquivo/OT

Foto: Bruno Lara-arquivo/OT

“Nós só vamos pagar pelos serviços realizados. Identificamos uma diferença astronômica entre a cobrança realizada pelo hospital e os serviços efetivamente prestados à população”, diz o prefeito Luiz Carlos Busato (PTB). Tal afirmação acaba com um ciclo de relacionamento entre a Prefeitura e a Associação Beneficente de Canoas (ABC), mantenedora do Hospital Nossa Senhora das Graças. Em nota, divulgada na manhã de quinta-feira, 16, a Prefeitura afirma que, após a realização de uma auditoria, só serão feitos repasses que correspondam exatamente à totalidade dos serviços prestados.

De acordo com a auditoria contratada pela prefeitura, nos meses de outubro, novembro, dezembro e janeiro, a maioria dos atendimentos que deveriam ter ocorrido não chegaram a 50% do pactuado. “Em neurologia, houve uma cobrança por 200 consultas mensais, quando apenas quatro ocorreram de fato”, destaca Busato.

Problemas de gestão

A empresa Rodrigues & Rodrigues foi contratada para realizar a auditoria no Hospital Nossa Senhora das Graças. O procedimento apontou graves problemas:

Fragilidade ou inexistência da documentação e normatização dos processos e procedimentos operacionais;

Praticamente inexistem indicadores da gestão. Eventuais informações são extraídas de controles paralelos com flagrante fragilidade de veracidade e precisão das informações disponibilizadas;

Procedimentos e normas desatualizados;

Documentação somente em arquivo físico (impresso);

Identificação de áreas com número de colaboradores maior que a real necessidade;

Falta de disponibilidade de informações para controle da gestão (indisponibilidade das políticas contratuais);

Indefinição de supervisão de setores;

Alguns gestores desconhecem o número de colaboradores hoje sob sua gestão;

Identificação de atraso no faturamento e nos registros contábeis;

Último balancete foi fechado em agosto de 2016;

Defasagem dos equipamentos de informática do hospital;

Ataque de um vírus, ocorrido em dezembro de 2016, deixou o hospital dez dias sem sistema e levou à perda de informações e documentações operacionais;

Desmotivação dos funcionários, que apresentam baixa autoestima (desprestigiados) e estão descontentes (com salários abaixo do mercado);

Falta de treinamento e capacitação dos colaboradores.

Superintendente pede demissão

Ainda, como símbolo do rompimento entre Prefeitura e ABC, o então superintendente do Hospital Nossa Senhora das Graças, Rinaldo Simões, pediu demissão na última terça-feira, 15.  “A decisão pelo afastamento é em caráter irrevogável e se deve à incompatibilidade com a ABC”, afirma a Prefeitura.

Simões retornará à secretaria da Saúde, como secretário adjunto. “A prefeitura se omitiu de indicar um novo superintendente e passará a ter uma relação independente do hospital, porque entende que Rinaldo Simões enfrentou dificuldades para implantar um novo modelo de gestão. Houve resistência por parte da ABC”, explica o prefeito Luiz Carlos Busato.

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