Comunidade
Prefeito Jairo Jorge sai do PT e ruma para o PDT
O prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PT), se desfiliou do Partido dos Trabalhadores nesta quarta-feira, 16, após 32 anos de militância. Ele se pronunciou através de uma carta em sua conta no Facebok, onde justifica a saída. “Deveríamos receber com humildade o recado das urnas. A população nos reprovou, com derrotas em cidades onde sempre tivemos excelentes resultados”, diz ele que teve a sua candidata, Beth Colombo (PRB), derrotada por Luiz Carlos Busato (PTB) no último pleito.
Para Jairo, o PT não conseguiu se reinventar. “Os erros dos dirigentes do PT deveriam ter sido alvo de uma profunda autocrítica do partido, fato que não ocorreu, por exemplo, no 5º Congresso realizado em Salvador em junho de 2015. Ao invés de fazer o novo de novo, de construir novos métodos de escolha de seus dirigentes, de elaborar de forma colaborativa um novo programa e de uma nova agenda para a nação, a maioria optou por manter tudo como estava e controlar a máquina partidária, prenúncio da derrota eleitoral e política de 2016”. Segundo o próprio prefeito, ele é filiado ao partido desde 1984 e disputou sete eleições pela sigla.
Os rumores são de que o chefe do Executivo deve ir para o PDT, partido que tem três vereadores na cidade: Dário, que foi reeleito para 2017, Dr. Ronchetti e Dr. Walmor. Na próxima legislatura, contará com Quinho e Marcio Freitas. Ao jornal Zero Hora, o presidente estadual do PDT, Pompeo de Mattos, já ostentava o nome de Jairo para ser candidato do partido ao governo do estado.
LEIA A CARTA NA ÍNTEGRA
Carta ao Partido dos Trabalhadores
Há 40 anos quando comecei a fazer política, o Brasil vivia uma ditadura, hoje temos uma democracia plena e madura. Nos seus 36 anos de história o PT teve uma contribuição decisiva na revolução democrática e social que ocorreu no Brasil. Um partido que nasceu de baixo para cima, colocando os trabalhadores como protagonistas da política.
Filiado desde 1984, disputei sete eleições pelo PT, sendo a primeira em 15 de novembro de 1985, como prefeito de Canoas, há exatos 31 anos quando fui o candidato mais jovem de todo o Brasil. Também concorri a deputado estadual em 1986. Em 1988, elegi-me vereador em Canoas com 3.147 votos, sendo o mais votado da cidade e de todo o interior do Estado pelo partido. Em 1990 e 2006, novamente concorri a deputado estadual.
De 2003 a 2006, tive a oportunidade de ser Secretário Executivo da Secretaria Especial do Conselhão na Presidência da República e de ocupar funções importantes no Ministério da Educação como Chefe de Gabinete, Secretário Executivo Adjunto e Secretário Executivo, onde pude contribuir na construção e execução de projetos estratégicos como PROUNI, Prova Brasil, Escola de Fábrica, Projeto Presença e Fundeb.
Em 2008 fui eleito prefeito de Canoas e reeleito em 2012 com a sexta maior votação entre as maiores cidades brasileiras. Tornamos nossa gestão referência em democracia participativa no Rio Grande, no Brasil e no mundo. Uma administração que inovou na saúde, educação, cultura, segurança e nas políticas de inclusão, diversidade e direitos humanos. Uma gestão empreendedora que gerou oportunidades, renda, emprego e fortaleceu a economia solidária. Tenho certeza de que nestes oito anos de administração honrei a história do partido, não estando em nenhum momento na contramão do projeto partidário de desenvolvimento.
Os governos dos Presidentes Lula e Dilma colocaram em prática projetos, programas e iniciativas que transformaram a nação. O PROUNI, FUNDEB, Minha Casa Minha Vida, Luz para Todos e Bolsa Família, entre tantos outros, ajudaram a reduzir as desigualdades e construir um Brasil mais plural, democrático, heterogêneo e inclusivo. Tive a honra de participar do primeiro governo do Presidente Lula e testemunhar a liderança, coragem e determinação deste grande brasileiro.
Deveríamos receber com humildade o recado das urnas. A população nos reprovou, com derrotas em cidades onde sempre tivemos excelentes resultados. Vivemos tempos de radicalização na cena política, mas o caminho da superação não passa pela simples volta ao passado. Só uma ressignificação da imagem e do ideário da esquerda, somente o reencantamento do povo, com uma política de novo tipo poderá recompor a nossa base social e possibilitar novamente um diálogo com os setores médios da sociedade.
Os erros dos dirigentes do PT deveriam ter sido alvo de uma profunda autocrítica do partido, fato que não ocorreu, por exemplo, no 5º Congresso realizado em Salvador em junho de 2015. Ao invés de fazer o novo de novo, de construir novos métodos de escolha de seus dirigentes, de elaborar de forma colaborativa um novo programa e de uma nova agenda para a nação, a maioria optou por manter tudo como estava e controlar a máquina partidária, prenúncio da derrota eleitoral e política de 2016.
O partido deveria abrir-se para colher a opinião dos milhões de brasileiros que ainda o projetam como uma alternativa de esquerda. Não é suficiente manter a estrutura partidária restrita apenas às tendências, é preciso criar estruturas horizontais de interação, plataformas de participação para milhões e não para centenas. O PT nasceu para ser um partido de massas e não somente de quadros.
Reconheço os esforços da Direção Estadual para mudar o partido diante da convocação do 6º Congresso. O PT do Rio Grande do Sul tem em Tarso Genro, Olívio Dutra e Raul Pont um patrimônio moral e ético. No entanto, sabemos que as forças que desejam a mudança do partido são hoje minoritárias na direção nacional.
Quero comunicar a direção partidária que estou encaminhando meu pedido de desfiliação à Justiça Eleitoral. Decidi sair do PT por dois motivos: primeiro, porque considero que minha capacidade de interferência no âmbito partidário está esgotada; segundo, por entender que os encaminhamentos que estão sendo dados não levarão a uma efetiva renovação do partido.
Saio agora, depois de concluso o processo eleitoral e no momento que estou findando meu mandato como prefeito reeleito pelo PT. Sair antes poderia trazer prejuízos ainda maiores ao partido nas eleições de 2016 e à luta pela manutenção do mandato da Presidente Dilma Roussef, eleita democraticamente pela vontade popular de 54 milhões de brasileiros.
Neste momento não estou ingressando em nenhum partido. Mantenho minhas convicções como um militante de esquerda que acredita na justiça social, na democracia, na liberdade e na igualdade de oportunidades.
Tenho certeza que os ideais de democracia e justiça retomarão seu lugar na vontade popular e que as forças, setores, organizações e personalidades que representam esta visão de mundo estarão unidos na mesma trincheira, como já estiveram na luta contra a ditadura, pela anistia, pelas diretas já, pela constituinte e, mais recentemente, contra o golpe na Presidenta Dilma.
Esse é um ato individual e o faço respeitosamente, pois sempre guardarei admiração e gratidão ao partido e a militância petista, generosa e lutadora, que dentre tantas alegrias me elegeu prefeito de Canoas.
Desejo que o PT recupere a capacidade de luta que lhe deu origem e agradeço o apoio e a confiança de todos com quem tive a honra de militar nos últimos 32 anos. Para mim encerra-se um ciclo de participação partidária, mas estaremos do mesmo lado na luta democrática e pela reconstrução da esquerda no Rio Grande e no Brasil.
Jairo Jorge
16 de novembro de 2016
Comunidade
Sorteio do Minha Casa, Minha Vida contempla 250 famílias. Confira lista.
Com transmissão ao vivo pela internet, a Prefeitura de Canoas, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação, realizou nesta quarta-feira (16) o sorteio do programa Minha Casa, Minha Vida. No auditório Sady Schivitz, na sede da Prefeitura, foram contempladas 250 famílias, que irão morar nos Residenciais Pistoia e Santa Fé, no bairro Rio Branco. Também foram sorteados os candidatos suplentes.
Os dois complexos habitacionais estão em fase de construção, com previsão de entrega dos imóveis para setembro deste ano. Antes de ocupar o imóvel em definitivo, os contemplados passarão pelo processo de análise documental na Caixa Econômica Federal e pelo trabalho técnico-social da Prefeitura, que promove um processo de adaptação das famílias à nova moradia.
Confira aqui a lista dos sorteados
Ao todo, os Residenciais Pistoia e Santa Fé oferecem 500 unidades habitacionais. A outra metade das famílias que irá morar no local será reassentada, já que ocupavam anteriormente invasões que foram alvo de reintegração de posse pelo município.
Nesta quarta-feira, participaram do sorteio os cidadãos que realizaram o recadastramento. Enquadram-se nos critérios nacionais famílias residentes em áreas de risco, insalubres ou que tenham sido desabrigadas, comprovado por declaração do ente público; famílias com mulheres responsáveis pela unidade familiar, comprovado por autodeclaração; e famílias das quais faça(m) parte pessoa(s) com deficiência, comprovado com a apresentação de atestado médico.
Comunidade
Assembleia de Deus comemora 80 anos de fundação em Canoas
A igreja Assembleia de Deus, de Canoas, comemora uma marco importante na cidade. O Jubileu de Carvalho da entidade ocorre nesta sexta-feira, 18 de agosto, e terá programação intensa de comemorações. O pastor Edegar Machado, líder da igreja no município há mais de 30 anos, recebeu a reportagem de O Timoneiro para falar acerca da programação das celebrações e sobre a atuação na cidade.
Tamanho
A importância da Assembleia de Deus, de Canoas, é contada também em números. A instituição, de acordo com Edegar, abrange atualmente 16 mil membros e conta com 88 igrejas na cidade. “A igreja se expandiu através do trabalho missionário e atua em diversos ponto do mundo”, conta Edegar.
Visão Social
O pastor destaca a visão social da instituição: “Não temos somente o trabalho espiritual, mas cuidamos do lado social. Eu considero isso como a outra mão da igreja. Nós temos o lado humano, que é alcançar as pessoas em suas necessidades”, comenta. O trabalho realizado abrange especialmente o cuidado de crianças. Edegar ainda citou projetos como escolas artesanais, que ajudam no desenvolvimento de trabalhos comunitários, além de postos de distribuição de sopa vinculados à Associação Beneficente Lar Esperança de Canoas , onde são atendidas cerca de mil crianças por semana.
Programação
A igreja promove cultos de celebração na sexta-feira, 19, até domingo, 20, no templo central da Assembleia de Deus, no bairro Mathias Velho. No domingo, a partir das 9 horas, ocorre concentração na praça Antonio Beló, na Rua Dr. Barcelos, onde será inaugurado um monumento em homenagem aos 80 anos da igreja. Após, são esperadas quatro mil pessoas para uma caminhada até o templo central da instituição, onde ocorrerá culto de graças.
História
Por determinação do pastorado da Igreja em Porto Alegre, o evangelista Amaro dos Santos foi designado, em 1937, para cuidar do trabalho da instituição em Canoas. Os primeiros cultos ocorreram no bairro Niterói. Ficou marcado na história da igreja um grande culto, realizado junto a uma figueira localizada nas proximidades da casa de André Lemos, em 18 de agosto de 1937. O local permanece com a figueira até hoje e, por conta disso, foi escolhido como local para a homenagem aos 80 anos da instituição.
Comunidade
Canoense tem 94 anos de futebol, mídia, direção e simplicidade
Marcelo Grisa
Hélio Ferreira da Silva nasceu em 1º de outubro de 1923. Filho de empregados na fazenda do estancieiro Victor Barreto, o motorista aposentado viu a história do século XX como poucos canoenses puderam. Hélio hoje mora com os sobrinhos Júlio Ragazzon e Raquel Araújo. E esta é sua história.
O futebol e a guerra
No começo de 1932, Hélio observava o nascimento do Sport Club Oriente, um dos mais tradicionais de Canoas. Alguns anos depois, jogou no time e virou craque. Como atacante central, marcava muitos gols.
A incipiente trajetória de Hélio Ferreira no futebol incluiu passagens pelo Canoense e até mesmo no Grêmio. Entretanto, uma grave lesão o afastou em definitivo dos gramados. Uma “pisada” deixou como lembrança um esmagamento logo acima do joelho. “Eu até poderia jogar, mas nunca mais fui. Deu muito medo”, explica.
“Às vezes eu ainda sonho com as mulheres da arquibancada me chamando. Parece que me vejo jogando de novo”, admite. Mas a vida ainda tinha reservado muito mais para o canoense de fala fácil e sorriso alegre.
Nesta época, o canoense já estava na Aeronáutica. Começava a Segunda Guerra Mundial, e todos no quartel ficavam de prontidão, recebendo apenas um dia de folga por semana. “Eu ficava em casa de farda. Se a sirene tocasse, tínhamos meia hora para nos apresentar”, lembra.
Hélio Ferreira da Silva, entretanto, nunca veria os fronts da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália. Há poucos dias de ser embarcado para o campo de batalha, chegava o mês setembro de 1945. A guerra acaba.
Hélio “Caldas” e Ernesto Geisel
Mesmo antes, durante e depois da guerra, a vivência nas Forças Armadas proporcionou o que seria uma de suas maiores paixões: os carros. Depois de sete anos, saiu da Aeronáutica e tornou-se motorista particular. Acabou por trabalhar 40 anos de sua vida para a Companhia Jornalística Caldas Júnior, dona do jornal Correio do Povo, como motorista da família de Breno Caldas. Por muito tempo, sua família morou na propriedade da família Caldas no bairro Belém Novo, em Porto Alegre.
Recentemente, Hélio visitou os netos de Breno, que o chamaram de “Hélio Caldas”, tamanha fora sua contribuição para a família.
Mas as mais histórias das quais Hélio mais se lembra são aquelas que envolviam os governos da ditadura militar. Primeiro, quando o golpe era dado, em 1º de abril de 1964, Breno Caldas pediu ao motorista que buscasse suas filhas na Rua Coronel Bordini, no bairro Auxiliadora, e as trouxesse ao Belém Novo. Recebeu uma arma, e deveria impedir, depois de todos em casa, que qualquer um entrasse na propriedade. Tendo que lidar com militares às portas do terreno, Hélio deixou-os entrar, mas cuidou cada movimento deles. Depois de uma medição no terreno – o que acontecia no local com frequência – eles foram embora sem maiores percalços.
Em outra oportunidade, em razão do aniversário de Breno Caldas, o presidente Ernesto Geisel, também gaúcho, veio até a fazenda para parabenizá-lo. Hélio teve que esconder um papagaio, que era ilegal, da vista do mandatário. Como um dos genros do patrão acabou por entregar a existência da ave, Geisel exigiu vê-la.
O que se sucedeu, entretanto, tranquilizou a todos. Ao ver o papagaio, que havia sido ensinado a falar muitos palavrões, o presidente desatou-se a rir mesmo sendo xingado pelo bicho.
Cuidado com o caminhão
Ao aposentar-se, Breno Caldas queria que Hélio continuasse trabalhando para ele, mesmo que não mais tendo carteira assinada por sua companhia. Não era bem sua ideia: eram os anos finais da Caldas Júnior antes de sua venda, e o motorista tinha o sonho de ter um caminhão e trabalhar com entregas.
Acabou recebendo a chave de um veículo à sua escolha entre 18 que estavam na garagem da propriedade, escondidos dos credores. “Breno puxou um bolo de chaves do bolso e disse: ‘Escolhe uma. Pode pegar.’ Mais tarde fui lá e escolhi um caminhão.”
Graças à rápida passagem da titularidade dos documentos, Hélio pode ficar com o veículo até poucos anos atrás, quando parou de dirigir. “Não quero me gabar, mas nunca causei nenhum acidente. Com a idade, preferi pedir para o Júlio aqui me levar nos lugares. Não é agora que eu vou ter um solavanco e acabar machucando alguém”, preocupa-se.
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