Timoneiro

Higiene e alojamentos precários marcam o tratamento de animais

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Por Bruno Lara

 

Vendido para a opinião pública como uma saída inovadora para cães, gatos e cavalos, sobretudo, o Centro de Bem-Estar Animal (CBEA) vive dias nem tão diferentes aos do antigo e tão criticado canil municipal. Voluntários revelaram com exclusividade para O Timoneiro que a situação interna nada condiz com a bela fachada na avenida Boqueirão. Um dossiê foi elaborado por eles com críticas e sugestões que não foram atendidas.

Gestão

Baias para os cavalos sem cobertura, expondo os animais ao tempo, embora sejam estruturas novas é um dos problemas que ele considera desleixo. “Hoje não gostam de nós, por sermos os olhos da comunidade. Muita gente, dali para frente, tem uma visão de que o CBEA funciona e a gente sabe que não”, opinião.

Alojamentos

A pior parte está nos alojamentos. Em fotos recentes tiradas pelos voluntários, os alojamentos aparecem sucateados. Além de enferrujados, em sua grande maioria, alguns estão sem as rodas naturais da estrutura e, por isso, suspensos com tijolos ou pedras. Muitas delas com buracos e pelos de animais que se arrastam para sair dos pequenos espaços. Em outras, reparos são feitos com arames e fios na tentativa de fechar os pequenos espaços.

“Como temos acesso livre aos finais de semana, começamos a perceber os absurdos. No fim de semana, eles têm uma pessoa, que é funcionário, que fica responsável pela limpeza e alimentação de 130 cães”, relata o voluntário.

Limpeza

A higiene é o ponto mais crítico. Além de encontrar baratas e roedores na comida dos animais, o grupo relata ser um ambiente sujo, embora trate animais em recuperação. Com pias e paredes sujas, as fotos mostram também ração e fezes nos ralos, que ficam em uma sala fechada com os pets, além de banheiros amontoados de papel higiênico e com a privada inutilizável. Tudo isso é ainda pior aos finais de semana e feriados, o que contribui no entupimento dos canos.

Morros de papelão acumulados em salas após o uso dos animais, segundo eles, também não são incomuns. A tudo isso se somam os panos arrecadados por doação que são descartados em função de a máquina de levar – que suporta apenas 5kg – não estar em funcionamento há pelo menos um mês.

Iluminação

A iluminação é, em alguns pontos, pendurada do teto com fios à mostra. Segundo o grupo, não há iluminação nos alojamentos e, tampouco, manutenção na rede elétrica, expondo os animais que ali se recuperam e aqueles que auxiliam no tratamento. Vídeos enviados à redação mostram os voluntários trabalhando no escuro. “Tu te sente um inútil. Quer ajudar, dar uma qualidade de vida melhor ao animal, e não tem estrutura para trabalhar”, desabafou.

Saúde

A medicação, quando presente no local, fica amarrada com cordas em alguns dos alojamentos e a demora nos exames e cirurgias não é um privilégio dos humanos, pois no CBEA também ocorre. Uma das cadelas, disse o grupo, está há mais de quatro meses na gaiola esperando um exame renal. Eles contam, ainda, que o reboque que busca animais de grande porte, como cavalos, é do veterinário e não do Centro.

Segundo ele, a situação já foi pior. “Ainda hoje a gente aprendeu a filtrar. Antigamente era bem pior, víamos animais mortos. Agora temos um relacionamento com a administração”, afirmou.
Consultada, a Prefeitura não respondeu até o final do fechamento desta edição.

 

FOTOS

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