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Ladrões roubam professora dentro de sala de aula no Guajuviras

Escola Carlos Drummont de Andrade é vítima de frequentes roubos. Foto: Bruno Lara/OT.

Escola Carlos Drummont de Andrade é vítima de frequentes roubos. Foto: Bruno Lara/OT.

 

Por Bruno Lara

 

O dia começou como outro qualquer na quarta-feira, 14, para Caroline Andréa Raimundo, professora da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Carlos Drummond De Andrade e que atua há 14 anos no Município. Porém, um roubo quebrou a sua rotina.

“A sala 2 estava fechada, porta e janela. Estávamos em uma atividade da Semana Farroupilha, em outra sala, todos deixaram material lá. Quando voltei estava sem carteira e sem dinheiro. Eles entraram pela janela. Não levaram material dos alunos”, relata a professora que viu sua sala de aula arrombada e seus pertences roubados. “Esperava isso na rua, jamais dentro de uma escola”, desabafa. “A gente não tem apoio de nada e nem de ninguém”, critica.

A direção da escola entrou em contato com a Guarda Municipal, responsável por cuidar do patrimônio público, que ainda este ano recebeu poder de polícia e agora circula com arma de fogo. “Quando percebi a situação, a Guarda foi acionada e encontrei dois adolescentes estranhos no pátio da escola que, ao serem abordados, pularam o muro”, relata a vice-diretora Ana Lúcia Catelan. Segundo ela, os suspeitos frequentam a frente da escola nos horários de entrada e saída das turmas. “Quando abordados, disseram que queriam apenas comer merenda. Os convidei para ir até o refeitório e eles então saíram correndo”, complementa.

Os Guardas chegaram a localizar os suspeitos, mas voltaram desolados para a sala onde a reportagem de OT conversava com as envolvidas e afirmaram que seu superior os orientou a não revistar ninguém. “A gente tentou muito, me desculpem, mas não deu”, relatou um dos guardas.

 

Problema reincidente

A volta do feriado de 7 de Setembro não foi muito diferente. Segundo a vice, o refeitório e outras estruturas estavam arrombados. “Toda semana a gente é visitada por eles, que levam as lâmpadas e arrombam armários dos professores. Pessoas de fora pulam o muro e fazem o afrontamento com a direção. Até com ameaças”, relata ela. “Vou chamar o meu irmão para fazer uns barulhos aí na frente”, foi uma das ameaças que recebeu.

Em seu entendimento, o problema começou após a retirada dos guardas das escolas desde o início deste ano letivo. “Desde que a gente ficou sem portaria, a gente vem sofrendo pequenos delitos. Todas as salas têm nove lâmpadas. De lá para cá, de 2015, levaram tudo. Isso não acontecia com os guardas”, aponta.

Uma mãe da comunidade presente na escola na hora do ocorrido diz que pediu ajuda na Secretaria Municipal de Educação (SME) e recebeu uma negativa como resposta à reposição de guardas. “Tenho medo de deixar minha filha na escola. Ela é a segunda geração na escola e a única com problemas. Propus de trazer ela na entrada, buscar no intervalo e trazê-la de novo para a aula. Buscaria na saída”, diz a mãe que busca soluções para driblar a violência.

 

Fogueira em sala de aula

Para a funcionária Raquel Romano, que está na escola há um ano e oito meses, esta não é a primeiro e nem a pior das situações.  “Desde que a Prefeitura tirou os guardas, quem dá o respaldo na segurança somos nós da limpeza”, conta ela que, em junho, recebeu orientação para saírem dos portões que não são mais cuidados por ninguém.

“Fui várias vezes ameaçada. Pulam o muro e querem ficar misturados com os alunos. Várias vezes bati de porta em porta avisando que tinham meliantes no pátio para não mandarem as meninas para o banheiro. Eles quebram portas, janelas, invadem as salas no final de semana e feriados. No ano passado, colocaram fogo em cadernos em uma sala de aula e fizeram uma fogueira. O parquet está queimado até hoje”, conta. O problema, em sua opinião, se resolveria se os guardas voltassem para as escolas. “Precisamos que coloque guardas de volta as escolas”, conclui.

 

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