Comunidade
Compartilhando Amor, Reciclando Vidas!
Projeto leva o mundo das artes a crianças em situação de vulnerabilidade social
Por Vanderlei Dutra
@vanderleidutra
Há 12 anos, Francisco Enir Lopes iniciou um projeto que mudaria a sua vida e a de centenas de famílias. No Guajuviras, na cooperativa de resíduos COOARLAS, ele dedicava parte do seu tempo para dar aulas de música às crianças da comunidade. Momentos de estudo, disciplina, atenção e um contato com um mundo que, antes, era visto pela TV por estas crianças: o da arte.
De lá para cá, Francisco recebeu reforços importantes e ampliou o trabalho: hoje o Projeto Compartilhar recebe a chancela e o apoio, com seminaristas voluntários, da IELB (Igreja Evangélica Luterana do Brasil), CEL Paz de Canoas, Capelania da ULBRA, colégio Cristo Redentor e Seminário Concórdia, e atende quatro cooperativas de resíduos (COPCAMAT, COPERMAG, COOARLAS e Renascer) e três escolas de Ensino Fundamental municipais (Guajuviras, Paulo Freire e Nancy Pansera).
Nossa reportagem acompanhou, convidada pela diretora do Sindicato dos Profissionais em Educação Municipal de Canoas (Sinprocan) Cristine Strobelt, as aulas em três destes locais, e conta um pouco, a seguir, do que encontrou e a opinião de participantes.
Escola Guajuviras
Na tarde nublada, duas salas da EMEF Guajuviras estavam agitadas e iluminadas. Cerca de 40 estudantes, pais e professores estavam atentos às flautas e aos violões. Em rodas, os alunos prestavam atenção nos professores de música André Felipe Silva e Cássio Loose e aos sons dos instrumentos e, nem mesmo a presença de pessoas estranhas com máquinas fotográficas, atrapalhou o desenrolar da aula com cara de ensaio.
Não demorou para que se organizasse uma pequena mostra dos dotes da turma, que com facilidade tocou clássicos da música brasileira. A atenção aos detalhes e a cobrança que cada um se faz é de gente grande, contrastando com a pouca idade dos pequenos artistas.
É o terceiro ano do projeto na escola, que conta hoje com a ajuda de alunos do Seminário Concórdia e estagiários do curso de Teologia da Ulbra. Segundo a diretora Inara Maria Soares Raupp, o projeto auxilia principalmente no trabalho com crianças em situações de vulnerabilidade. “Normalmente, os participantes são crianças cujos pais trabalham o dia inteiro. É gritante a modificação no comportamento e na sociabilidade entre os alunos. Esse apoio (do projeto) foi muito importante. Alunos que preocupavam em sala de aula hoje não dão mais problemas. O projeto cresce, sinal que os alunos estão gostando”, disse.
“O CPM da escola é parceiro e atuante junto ao projeto. As mães colaboram, cerca de 10 pela manhã e cinco à tarde, além do Grêmio Estudantil e o Conselho Escolar”, relata Inara.
Segundo Fabiene Moreira, mãe de Maria (11) e Camiele (7), o projeto é um sucesso. “Estou adorando. Elas mudaram o comportamento. Uma é mais rebelde na escola e está bem melhor. Elas adoram. Por elas, teria todo dia”, diz. Maria, sua filha, conta o que mais gosta: “É legal. Gosto de tocar violão e a música que mais gosto é ‘O Senhor é meu Pastor’”, fala.
Paulo Freire
Uma escola com cerca de um ano e meio de funcionamento, que atende uma comunidade em situação de extrema vulnerabilidade social, com muitos casos de indisciplina. Este foi o quadro que Francisco encontrou quando começou o trabalho na EMEF Paulo Freire. Lembra que, em uma das primeiras vezes que foi com seminaristas ao local, saíram assustados, mas lembraram do objetivo do projeto e de suas vidas. “Falamos entre nós: se é aqui que precisam de nós, é aqui que precisamos estar”, relembra.
E assim foi. Com o início do projeto e a chegada da nova diretora Elizabete Fettuccia, as coisas foram melhorando. “Com esse jeito durão e, ao mesmo tempo, maternal, ela foi colocando ordem na criançada”, conta, entre risos, Francisco.
A diretora não esconde este seu jeito durão e interrompe algumas vezes a entrevista com algumas frases mais enérgicas para interromper uma brincadeira mais forte ou até mesmo um princípio de briga. “Já pra sala”, brada ela.
Ela também elogia o projeto: “Esse projeto é maravilhoso. A música ajuda muito na alfabetização. Temos muitos casos com desvio de idade-série, evasão e outras coisas, e a música tem ajudado muito até na postura da turma”, diz.
É o que relata também a professora da turma, Fernanda Spindler. “A minha turma não tinha disciplina, tinha dificuldade de aprendizagem, não sabiam ler, sentar, às vezes nem comer com talheres. Hoje, 80% são alfabetizadas”, conta orgulhosa. Ela ressalta ainda a importância dos alunos terem o contato com outras figuras masculinas para que possam ter outras referências a seguir. “É bom que sejam homens os professores, pois têm as mesmas linguagens dos alunos e, muitas vezes, eles os têm como ídolos. Aprendem que não precisam brigar para se destacar ou chamar a atenção”, salienta.
O sucesso do projeto na escola se resume na fala final da diretora: “Pena que não podemos ter mais turmas com o projeto, pois o nosso espaço não comporta”.
COOARLAS
Saindo da escola Paulo Freire, Francisco nos guia até a Cooperativa de Reciclagem de Lixo Amigas Solidárias (Cooarlas). Ainda do lado de fora, escutamos o som das flautas que colore a tranquilidade daquela zona simples, em uma tarde agradável. Ao entrar no galpão, uma cena impactante e bonita: dois jovens recebem aula de violão sentados junto ao lixo compactado e embalado para seguir o destino do reaproveitamento.
Ali, em meio ao lixo que vira sustento para dezenas de famílias, alunos e professor dedicam parte de seu tempo na troca de ensinamentos e experiências a partir da arte. Quem estaria aprendendo mais, os alunos ou o seminarista? Deixamos a aula seguir seu ritmo bonito, caminhamos pelo galpão que tem dezenas de mulheres e apenas um homem trabalhando na triagem dos resíduos que passam em uma grande esteira. Após, entramos em uma casinha, com sala e cozinha conjugadas.
O ambiente simples estava repleto de vida. Cerca de 15 crianças com suas flautas em volta de uma mesa estavam atentas ao professor Mateus, que ensinava leitura de partituras. Ponto importante do projeto. Em todas as aulas que acompanhamos, os alunos estavam seguindo partituras, lendo e interpretando as músicas. “Sempre trabalhamos a leitura de partitura, para poderem depois participar de orquestras”, relata o professor, lembrando casos de alunos que seguiram o caminho musical.
Francisco chama as crianças pelos nomes, pergunta se suas mães e pais estão bem. Ele nos aponta uma menina e conta que a mãe dela foi sua aluna, lá no início do projeto, ali mesmo naquela cooperativa, no início dos anos 2000. “A mãe dela participou do projeto, agora a filha mais velha que já está trazendo a irmã mais nova”, conta.
Tio Francisco
De gestos mais contidos, quase tímido, Francisco Enir Lopes, responsável pelo projeto, acompanhou as visitas e nunca falou dele, sempre fez questão de valorizar o trabalho das diretoras, dos professores e dos seminaristas, buscou dar voz aos pais e os alunos. Os adultos o respeitam, os pequenos olham com admiração. Por vezes correm e abraçam suas pernas e deixam escapar um carinhoso “oi, tio!”.
Caminha pelas escolas e pelo galpão de reciclagem como se estivesse em casa. Fala com todos, conhece tudo, lembra histórias destes muitos anos de trabalho pelo próximo.
Nota-se, nas feições do rosto, a satisfação pessoal de ver mudada para melhor a vida de centenas de crianças. E quando não está nos apresentando alguém, nos ensina também: “Precisamos aprender a caminhar juntos, sem ficar questionando (a vida dos outros). Isto procuro passar para os alunos para que eles passem adiante”. Obrigado, Francisco! Aprendemos muito, também.
Comunidade
Sorteio do Minha Casa, Minha Vida contempla 250 famílias. Confira lista.


Foto: Jhennifer Wolleng
Com transmissão ao vivo pela internet, a Prefeitura de Canoas, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação, realizou nesta quarta-feira (16) o sorteio do programa Minha Casa, Minha Vida. No auditório Sady Schivitz, na sede da Prefeitura, foram contempladas 250 famílias, que irão morar nos Residenciais Pistoia e Santa Fé, no bairro Rio Branco. Também foram sorteados os candidatos suplentes.
Os dois complexos habitacionais estão em fase de construção, com previsão de entrega dos imóveis para setembro deste ano. Antes de ocupar o imóvel em definitivo, os contemplados passarão pelo processo de análise documental na Caixa Econômica Federal e pelo trabalho técnico-social da Prefeitura, que promove um processo de adaptação das famílias à nova moradia.
Confira aqui a lista dos sorteados
Ao todo, os Residenciais Pistoia e Santa Fé oferecem 500 unidades habitacionais. A outra metade das famílias que irá morar no local será reassentada, já que ocupavam anteriormente invasões que foram alvo de reintegração de posse pelo município.
Nesta quarta-feira, participaram do sorteio os cidadãos que realizaram o recadastramento. Enquadram-se nos critérios nacionais famílias residentes em áreas de risco, insalubres ou que tenham sido desabrigadas, comprovado por declaração do ente público; famílias com mulheres responsáveis pela unidade familiar, comprovado por autodeclaração; e famílias das quais faça(m) parte pessoa(s) com deficiência, comprovado com a apresentação de atestado médico.
Comunidade
Assembleia de Deus comemora 80 anos de fundação em Canoas
A igreja Assembleia de Deus, de Canoas, comemora uma marco importante na cidade. O Jubileu de Carvalho da entidade ocorre nesta sexta-feira, 18 de agosto, e terá programação intensa de comemorações. O pastor Edegar Machado, líder da igreja no município há mais de 30 anos, recebeu a reportagem de O Timoneiro para falar acerca da programação das celebrações e sobre a atuação na cidade.
Tamanho
A importância da Assembleia de Deus, de Canoas, é contada também em números. A instituição, de acordo com Edegar, abrange atualmente 16 mil membros e conta com 88 igrejas na cidade. “A igreja se expandiu através do trabalho missionário e atua em diversos ponto do mundo”, conta Edegar.
Visão Social
O pastor destaca a visão social da instituição: “Não temos somente o trabalho espiritual, mas cuidamos do lado social. Eu considero isso como a outra mão da igreja. Nós temos o lado humano, que é alcançar as pessoas em suas necessidades”, comenta. O trabalho realizado abrange especialmente o cuidado de crianças. Edegar ainda citou projetos como escolas artesanais, que ajudam no desenvolvimento de trabalhos comunitários, além de postos de distribuição de sopa vinculados à Associação Beneficente Lar Esperança de Canoas , onde são atendidas cerca de mil crianças por semana.
Programação
A igreja promove cultos de celebração na sexta-feira, 19, até domingo, 20, no templo central da Assembleia de Deus, no bairro Mathias Velho. No domingo, a partir das 9 horas, ocorre concentração na praça Antonio Beló, na Rua Dr. Barcelos, onde será inaugurado um monumento em homenagem aos 80 anos da igreja. Após, são esperadas quatro mil pessoas para uma caminhada até o templo central da instituição, onde ocorrerá culto de graças.
História
Por determinação do pastorado da Igreja em Porto Alegre, o evangelista Amaro dos Santos foi designado, em 1937, para cuidar do trabalho da instituição em Canoas. Os primeiros cultos ocorreram no bairro Niterói. Ficou marcado na história da igreja um grande culto, realizado junto a uma figueira localizada nas proximidades da casa de André Lemos, em 18 de agosto de 1937. O local permanece com a figueira até hoje e, por conta disso, foi escolhido como local para a homenagem aos 80 anos da instituição.
Comunidade
Canoense tem 94 anos de futebol, mídia, direção e simplicidade
Marcelo Grisa
Hélio Ferreira da Silva nasceu em 1º de outubro de 1923. Filho de empregados na fazenda do estancieiro Victor Barreto, o motorista aposentado viu a história do século XX como poucos canoenses puderam. Hélio hoje mora com os sobrinhos Júlio Ragazzon e Raquel Araújo. E esta é sua história.
O futebol e a guerra
No começo de 1932, Hélio observava o nascimento do Sport Club Oriente, um dos mais tradicionais de Canoas. Alguns anos depois, jogou no time e virou craque. Como atacante central, marcava muitos gols.
A incipiente trajetória de Hélio Ferreira no futebol incluiu passagens pelo Canoense e até mesmo no Grêmio. Entretanto, uma grave lesão o afastou em definitivo dos gramados. Uma “pisada” deixou como lembrança um esmagamento logo acima do joelho. “Eu até poderia jogar, mas nunca mais fui. Deu muito medo”, explica.
“Às vezes eu ainda sonho com as mulheres da arquibancada me chamando. Parece que me vejo jogando de novo”, admite. Mas a vida ainda tinha reservado muito mais para o canoense de fala fácil e sorriso alegre.
Nesta época, o canoense já estava na Aeronáutica. Começava a Segunda Guerra Mundial, e todos no quartel ficavam de prontidão, recebendo apenas um dia de folga por semana. “Eu ficava em casa de farda. Se a sirene tocasse, tínhamos meia hora para nos apresentar”, lembra.
Hélio Ferreira da Silva, entretanto, nunca veria os fronts da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália. Há poucos dias de ser embarcado para o campo de batalha, chegava o mês setembro de 1945. A guerra acaba.
Hélio “Caldas” e Ernesto Geisel
Mesmo antes, durante e depois da guerra, a vivência nas Forças Armadas proporcionou o que seria uma de suas maiores paixões: os carros. Depois de sete anos, saiu da Aeronáutica e tornou-se motorista particular. Acabou por trabalhar 40 anos de sua vida para a Companhia Jornalística Caldas Júnior, dona do jornal Correio do Povo, como motorista da família de Breno Caldas. Por muito tempo, sua família morou na propriedade da família Caldas no bairro Belém Novo, em Porto Alegre.
Recentemente, Hélio visitou os netos de Breno, que o chamaram de “Hélio Caldas”, tamanha fora sua contribuição para a família.
Mas as mais histórias das quais Hélio mais se lembra são aquelas que envolviam os governos da ditadura militar. Primeiro, quando o golpe era dado, em 1º de abril de 1964, Breno Caldas pediu ao motorista que buscasse suas filhas na Rua Coronel Bordini, no bairro Auxiliadora, e as trouxesse ao Belém Novo. Recebeu uma arma, e deveria impedir, depois de todos em casa, que qualquer um entrasse na propriedade. Tendo que lidar com militares às portas do terreno, Hélio deixou-os entrar, mas cuidou cada movimento deles. Depois de uma medição no terreno – o que acontecia no local com frequência – eles foram embora sem maiores percalços.
Em outra oportunidade, em razão do aniversário de Breno Caldas, o presidente Ernesto Geisel, também gaúcho, veio até a fazenda para parabenizá-lo. Hélio teve que esconder um papagaio, que era ilegal, da vista do mandatário. Como um dos genros do patrão acabou por entregar a existência da ave, Geisel exigiu vê-la.
O que se sucedeu, entretanto, tranquilizou a todos. Ao ver o papagaio, que havia sido ensinado a falar muitos palavrões, o presidente desatou-se a rir mesmo sendo xingado pelo bicho.
Cuidado com o caminhão
Ao aposentar-se, Breno Caldas queria que Hélio continuasse trabalhando para ele, mesmo que não mais tendo carteira assinada por sua companhia. Não era bem sua ideia: eram os anos finais da Caldas Júnior antes de sua venda, e o motorista tinha o sonho de ter um caminhão e trabalhar com entregas.
Acabou recebendo a chave de um veículo à sua escolha entre 18 que estavam na garagem da propriedade, escondidos dos credores. “Breno puxou um bolo de chaves do bolso e disse: ‘Escolhe uma. Pode pegar.’ Mais tarde fui lá e escolhi um caminhão.”
Graças à rápida passagem da titularidade dos documentos, Hélio pode ficar com o veículo até poucos anos atrás, quando parou de dirigir. “Não quero me gabar, mas nunca causei nenhum acidente. Com a idade, preferi pedir para o Júlio aqui me levar nos lugares. Não é agora que eu vou ter um solavanco e acabar machucando alguém”, preocupa-se.
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