Por Bruno Lara
@bruno_lds
“Uma história de um casal onde ela tem um distúrbio psicológico e ele outro. Ela acredita que ele a trai. Na cronologia dela, ele é muito mais grosso e estúpido e, na dele, ela é muito mais dramática”, assim descreve o próprio diretor Aleksander Nascimento, de 23 anos.
Gravado em sua maior parte em Porto Alegre, o curta produzido por jovens de Canoas já levou prêmio de melhor curta nacional no Rio de Janeiro, de melhor ator bronze na Romênia, e ruma agora para competir em Hollywood, em setembro, no festival Los Angeles Brazilian Film Festival (LABRFF). “Estamos indo pela segunda vez ao LABRFF. Ano passado nosso outro curta, Tolerância Zero, competiu lá”, comenta.
O filme é trabalhado com a perspectiva de duas cronologias. A personagem da atriz Carla Elgert sofre da Síndrome de Borderline, que causa momentos de estabilidade emocional, alternadas com surtos psicóticos. Já o personagem de Cristiano Garcia, outro protagonista, sofre com um transtorno anti-social e se envolve com a personagem de Kênia Souza, uma narcisista. “Cada cena das principais foram gravadas duas vezes” comenta o diretor.
Tempo
Estudante do Colégio Maria Auxiliadora, Aleksander hoje mora em Porto Alegre. Ele acredita que foi o ensino que contribuiu para o sucesso atual. “Teve boa influência. Fez com que eu quisesse me profissionalizar nisso, querer ir atrás. Comecei fazendo vídeos. Depois fui contratado por uma produtora e comecei a trabalhar como editor, onde me especializei. Depois fui para a direção, onde começamos a produzir alguns curtas”, relata.
Para Nascimento, a grande dificuldade no trabalho é o tempo. “Todos os pontos, desde tu ter um roteiro bom são difíceis. Eu acho mais fácil contar uma história em 1h30min do que em 20 minutos. A grande dificuldade, na verdade, é tu contar uma história, dar um impacto, é um desafio. As pessoas tem que sair da sala pensando”, opina.
Ao preparar a o elenco de maneira diferenciada, o grupo investiu em uma pós-graduanda em psicologia da UFRGS. Jamyly Rodrigues, 23 anos, foi a responsável pela pré-produção. “A gente trouxe uma psicóloga para trabalhar com os atores e na gravação. Ele (a) vai olhar o filme e ver a veracidade do trantorno. Um suicídio precisa parecer um homicídio em uma cena”, afirma Aleksander.
Desafios
Para a Kênia Souza, que além de atuar é produtora do grupo, a juventude é uma das dificuldades no mercado. “Tu chega a um festival de cinema e teus concorrentes têm 30, 40 anos. Eles acabam querendo te excluir para não dominar o mercado na frente deles. Alguns diretores nos abraçaram, querem fazer parte daquilo”, relata ela, que é criada em Canoas e estudou no Colégio Espírito Santo e no Unificado.
O recurso também é um desafio. O curta, de 23 minutos, teve orçamento inicial de R$ 10mil mais parcerias como o restaurante canoense Marquês Bier, local que simulou o bar de um hotel já que o hotel onde o curta foi gravado, em Porto Alegre, não era propício. Fora isso, mais duas lojas de roupas e uma de móveis de decoração apoiaram o projeto. “A gente tem que se comunicar muito bem e mostrar a qualidade do serviço. Já tive muito problema por ser mulher e por ser muito nova. Basicamente trabalho bastante com parcerias”, garante Kênia.