Comunidade
Sete décadas de amor
Anastácia e Teodoro Ivankio formam um dos casais mais longevos da cidade

Anastácia, de 90 anos, e Teodoro, de 95, renovam os votos ao completar 70 anos de casados. Foto: Caroline Monteblanco-divulgação/OT.
Por Marcelo Grisa
@Marcelogrisa
Boas histórias duram mais. A cidade de Canoas, apesar de seus percalços, completou recentemente 77 anos de existência. O Timoneiro, por sua vez, completa, neste mês que se inicia, seus 50 anos de vida. Além de tudo isso, um casal que deixou sua marca na vida da comunidade do bairro Harmonia completou, no último dia 16 de junho, outro grande aniversário: Anastácia, de 90 anos, e Teodoro Ivankio, de 95, completaram 70 anos de casados – a chamada boda de vinho.
Os dois descendentes de ucranianos começaram sua história distantes do Rio Grande do Sul. Nascidos na Colônia Marcelinos, na localidade de São José dos Pinhais (PR), conheceram-se em 1944. Estavam no casamento de um parente de Anastácia. Teodoro lembrou-se de como o recatamento era naqueles tempos. “A gente sentou longe um do outro, e se olhava. Quando um abaixava os olhos, o outro levantava”, recordou.
Entretanto, duraria quase dois anos até que os dois se casassem, já em 1946. Estávamos na Segunda Guerra Mundial, e Teodoro, que foi militar, ficou cerca de dez meses na Itália como parte da 2ª Companhia da Força Expedicionária Brasileira, entre 44 e 45.
Em 1947, nasce a primeira filha do casal, Anita. Em 49, o filho Valdomiro, já falecido.
Nesse meio tempo, a família já estava em Curitiba: Teodoro trouxe outros três irmãos para a capital paranaense, e eles montaram um negócio de pisos mosaico. Quando os irmãos se desentenderam, o terceiro filho, Dorico, de 1954, era ainda um bebê. “Decidi sair de lá. Vim para o Rio Grande porque lá era terra do chimarrão e do churrasco, duas coisas que gostava muito”, admitiu. Em Canoas também nasceram seus dois filhos mais novos: Renato, em 1957; e José Rodnei, em 68.
Em 1955, portanto, a família chegou à residência que Anastácia e seu esposo dividem até hoje. Ela já deveria ter sido desocupada pelo proprietário, que ainda demorou uma semana para esvaziar o imóvel. Nesse meio tempo, as cinco pessoas precisaram morar em apenas um quarto de hotel. Precisando lidar com três crianças pequenas, apenas 15 dias depois de uma cirurgia de apendicite e uma viagem de dois dias do Paraná até Canoas, Anastácia chorou pela dor e pela espera. “O Teodoro precisou cuidar da casa no primeiro mês porque eu precisei de repouso.
Depois disso, os Ivankio construíram sua vida em comunidade no bairro Harmonia. São principalmente lembrados pelas contribuições à paróquia Sagrado Coração de Jesus, criada pelo Pe. Armindo Cattelan, então auxiliar do Cônego José Leão Hartmann. Anastácia era parte do grupo de festeiros quando da inauguração da pedra fundamental da primeira capela, e Teodoro, com sua experiência em instalação elétrica na Vila Militar e outras atividades, ajudou a construir o salão paroquial da Sagrado. Por isso, o casal é sempre lembrado pelos sacerdotes que passam pela igreja, hoje localizada na Rua Marechal Mallet.
Anastácia lembra que tanto tempo é possível porque nunca houve brigas entre os dois. “Não deu tempo de aprender isso!” riu. Teodoro, por sua vez, orgulha-se do esforço que fez para que os cinco filhos e a esposa tivessem tudo que precisassem. “Criei meus filhos. Minha esposa pode sempre cuidar deles, não precisou trabalhar. Dei um carro para cada um. Nunca precisei pegar dinheiro deles. Vou deixá-los bem”, sentencia.
Comunidade
Sorteio do Minha Casa, Minha Vida contempla 250 famílias. Confira lista.


Foto: Jhennifer Wolleng
Com transmissão ao vivo pela internet, a Prefeitura de Canoas, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação, realizou nesta quarta-feira (16) o sorteio do programa Minha Casa, Minha Vida. No auditório Sady Schivitz, na sede da Prefeitura, foram contempladas 250 famílias, que irão morar nos Residenciais Pistoia e Santa Fé, no bairro Rio Branco. Também foram sorteados os candidatos suplentes.
Os dois complexos habitacionais estão em fase de construção, com previsão de entrega dos imóveis para setembro deste ano. Antes de ocupar o imóvel em definitivo, os contemplados passarão pelo processo de análise documental na Caixa Econômica Federal e pelo trabalho técnico-social da Prefeitura, que promove um processo de adaptação das famílias à nova moradia.
Confira aqui a lista dos sorteados
Ao todo, os Residenciais Pistoia e Santa Fé oferecem 500 unidades habitacionais. A outra metade das famílias que irá morar no local será reassentada, já que ocupavam anteriormente invasões que foram alvo de reintegração de posse pelo município.
Nesta quarta-feira, participaram do sorteio os cidadãos que realizaram o recadastramento. Enquadram-se nos critérios nacionais famílias residentes em áreas de risco, insalubres ou que tenham sido desabrigadas, comprovado por declaração do ente público; famílias com mulheres responsáveis pela unidade familiar, comprovado por autodeclaração; e famílias das quais faça(m) parte pessoa(s) com deficiência, comprovado com a apresentação de atestado médico.
Comunidade
Assembleia de Deus comemora 80 anos de fundação em Canoas
A igreja Assembleia de Deus, de Canoas, comemora uma marco importante na cidade. O Jubileu de Carvalho da entidade ocorre nesta sexta-feira, 18 de agosto, e terá programação intensa de comemorações. O pastor Edegar Machado, líder da igreja no município há mais de 30 anos, recebeu a reportagem de O Timoneiro para falar acerca da programação das celebrações e sobre a atuação na cidade.
Tamanho
A importância da Assembleia de Deus, de Canoas, é contada também em números. A instituição, de acordo com Edegar, abrange atualmente 16 mil membros e conta com 88 igrejas na cidade. “A igreja se expandiu através do trabalho missionário e atua em diversos ponto do mundo”, conta Edegar.
Visão Social
O pastor destaca a visão social da instituição: “Não temos somente o trabalho espiritual, mas cuidamos do lado social. Eu considero isso como a outra mão da igreja. Nós temos o lado humano, que é alcançar as pessoas em suas necessidades”, comenta. O trabalho realizado abrange especialmente o cuidado de crianças. Edegar ainda citou projetos como escolas artesanais, que ajudam no desenvolvimento de trabalhos comunitários, além de postos de distribuição de sopa vinculados à Associação Beneficente Lar Esperança de Canoas , onde são atendidas cerca de mil crianças por semana.
Programação
A igreja promove cultos de celebração na sexta-feira, 19, até domingo, 20, no templo central da Assembleia de Deus, no bairro Mathias Velho. No domingo, a partir das 9 horas, ocorre concentração na praça Antonio Beló, na Rua Dr. Barcelos, onde será inaugurado um monumento em homenagem aos 80 anos da igreja. Após, são esperadas quatro mil pessoas para uma caminhada até o templo central da instituição, onde ocorrerá culto de graças.
História
Por determinação do pastorado da Igreja em Porto Alegre, o evangelista Amaro dos Santos foi designado, em 1937, para cuidar do trabalho da instituição em Canoas. Os primeiros cultos ocorreram no bairro Niterói. Ficou marcado na história da igreja um grande culto, realizado junto a uma figueira localizada nas proximidades da casa de André Lemos, em 18 de agosto de 1937. O local permanece com a figueira até hoje e, por conta disso, foi escolhido como local para a homenagem aos 80 anos da instituição.
Comunidade
Canoense tem 94 anos de futebol, mídia, direção e simplicidade
Marcelo Grisa
Hélio Ferreira da Silva nasceu em 1º de outubro de 1923. Filho de empregados na fazenda do estancieiro Victor Barreto, o motorista aposentado viu a história do século XX como poucos canoenses puderam. Hélio hoje mora com os sobrinhos Júlio Ragazzon e Raquel Araújo. E esta é sua história.
O futebol e a guerra
No começo de 1932, Hélio observava o nascimento do Sport Club Oriente, um dos mais tradicionais de Canoas. Alguns anos depois, jogou no time e virou craque. Como atacante central, marcava muitos gols.
A incipiente trajetória de Hélio Ferreira no futebol incluiu passagens pelo Canoense e até mesmo no Grêmio. Entretanto, uma grave lesão o afastou em definitivo dos gramados. Uma “pisada” deixou como lembrança um esmagamento logo acima do joelho. “Eu até poderia jogar, mas nunca mais fui. Deu muito medo”, explica.
“Às vezes eu ainda sonho com as mulheres da arquibancada me chamando. Parece que me vejo jogando de novo”, admite. Mas a vida ainda tinha reservado muito mais para o canoense de fala fácil e sorriso alegre.
Nesta época, o canoense já estava na Aeronáutica. Começava a Segunda Guerra Mundial, e todos no quartel ficavam de prontidão, recebendo apenas um dia de folga por semana. “Eu ficava em casa de farda. Se a sirene tocasse, tínhamos meia hora para nos apresentar”, lembra.
Hélio Ferreira da Silva, entretanto, nunca veria os fronts da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália. Há poucos dias de ser embarcado para o campo de batalha, chegava o mês setembro de 1945. A guerra acaba.
Hélio “Caldas” e Ernesto Geisel
Mesmo antes, durante e depois da guerra, a vivência nas Forças Armadas proporcionou o que seria uma de suas maiores paixões: os carros. Depois de sete anos, saiu da Aeronáutica e tornou-se motorista particular. Acabou por trabalhar 40 anos de sua vida para a Companhia Jornalística Caldas Júnior, dona do jornal Correio do Povo, como motorista da família de Breno Caldas. Por muito tempo, sua família morou na propriedade da família Caldas no bairro Belém Novo, em Porto Alegre.
Recentemente, Hélio visitou os netos de Breno, que o chamaram de “Hélio Caldas”, tamanha fora sua contribuição para a família.
Mas as mais histórias das quais Hélio mais se lembra são aquelas que envolviam os governos da ditadura militar. Primeiro, quando o golpe era dado, em 1º de abril de 1964, Breno Caldas pediu ao motorista que buscasse suas filhas na Rua Coronel Bordini, no bairro Auxiliadora, e as trouxesse ao Belém Novo. Recebeu uma arma, e deveria impedir, depois de todos em casa, que qualquer um entrasse na propriedade. Tendo que lidar com militares às portas do terreno, Hélio deixou-os entrar, mas cuidou cada movimento deles. Depois de uma medição no terreno – o que acontecia no local com frequência – eles foram embora sem maiores percalços.
Em outra oportunidade, em razão do aniversário de Breno Caldas, o presidente Ernesto Geisel, também gaúcho, veio até a fazenda para parabenizá-lo. Hélio teve que esconder um papagaio, que era ilegal, da vista do mandatário. Como um dos genros do patrão acabou por entregar a existência da ave, Geisel exigiu vê-la.
O que se sucedeu, entretanto, tranquilizou a todos. Ao ver o papagaio, que havia sido ensinado a falar muitos palavrões, o presidente desatou-se a rir mesmo sendo xingado pelo bicho.
Cuidado com o caminhão
Ao aposentar-se, Breno Caldas queria que Hélio continuasse trabalhando para ele, mesmo que não mais tendo carteira assinada por sua companhia. Não era bem sua ideia: eram os anos finais da Caldas Júnior antes de sua venda, e o motorista tinha o sonho de ter um caminhão e trabalhar com entregas.
Acabou recebendo a chave de um veículo à sua escolha entre 18 que estavam na garagem da propriedade, escondidos dos credores. “Breno puxou um bolo de chaves do bolso e disse: ‘Escolhe uma. Pode pegar.’ Mais tarde fui lá e escolhi um caminhão.”
Graças à rápida passagem da titularidade dos documentos, Hélio pode ficar com o veículo até poucos anos atrás, quando parou de dirigir. “Não quero me gabar, mas nunca causei nenhum acidente. Com a idade, preferi pedir para o Júlio aqui me levar nos lugares. Não é agora que eu vou ter um solavanco e acabar machucando alguém”, preocupa-se.
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