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Comunidade

Gasto com aluguel de veículos aumentou 7.000% em seis anos

Foram 12,4 milhões investidos para a finalidade que poderiam comprar 121 vans de luxo

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Arte de Vanderlei Dutra sobre foto de Bruno Lara

Arte de Vanderlei Dutra sobre foto de Bruno Lara

 

Por Bruno Lara
@bruno_lds

 

É uma crescente o gasto de dinheiro público para o aluguel de veículos em Canoas. Segundo dados obtidos através da Lei de Acesso à Informação (LAI), nos últimos seis anos o recurso destinado ao aluguel de carros oficiais na cidade aumentou mais de 7.000%.

Durante todo o ano de 2011, o Portal da Transparência mostra que foram gastos R$ 51.345,96 destinados para alugar automóveis. Só nos primeiros seis meses de 2016, porém, o número já ultrapassa os R$ 3,65 milhões. O valor atual também já é maior que o gasto em todo o ano passado (R$ 3.62 milhões). Os valores foram aumentando consideravelmente desde o início da prática, em 2011. Em 2012 foram R$ 441 mil, subindo para R$ 1,2 milhão em 2013 e, em 2014, R$ 3,3 milhões.

Comparativo

Nos últimos seis anos, foram R$ 12.411.786,69 gastos com aluguel, recurso que poderia comprar, em valor de mercado com referência em julho de 2016 da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), 375 carros da marca VolksWagen Gol, zero quilômetro, com motor 1.6 de potência, total flex, modelo de 2015 e quatro portas, levando em consideração que o modelo é um dos hoje alugados pelo município. O carro, segundo a tabela, vale R$ 33.087,00 a unidade.

O mesmo valor, levando em conta a tabela FIPE, é o suficiente também para a compra de 121 vans modelo de luxo da Mercedes Bens “Sprinter 434 luxo” com 2.2 cavalos, 16 lugares e tanque para 20 litros de diesel fabricado em 2012, que custa atualmente R$ 102.130,00 cada.

Os números são ainda maiores, levando em consideração que órgãos públicos não pagam o valor de mercado na compra de automóveis, pois são isentos do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e do Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).

Padrão

O novo padrão começou após o prefeito Jairo Jorge (PT) ser reeleito no município, pois até o fim do seu primeiro mandato, iniciado em 2008, todos os veículos eram próprios e não alugados, contando agora com uma frota mista. De lá para cá houve um aumento não só no valor dos recursos, mas das empresas beneficiadas. No início apenas uma, a Andorra Transportes, prestava o serviço. Atualmente são sete empresas que alugam carros para a administração municipal: Andorra Transportes, Apolo Ltda., Rural Rental Service, Campinas Locadora, Ligue Car Locadora, Transtur RS Locações e Pontual.

Critérios

Segundo a Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão (SMPG) de Canoas, os principais parâmetros que embasaram a escolha da contratação de locações de veículos são os “elevados valores a serem desembolsados em parcela única para a aquisição de veículos novos” e o “elevado custo de manutenção dos veículos próprios”, argumenta.

Para o órgão, nos contratos de locação do município é obrigação da empresa contratada entregar os veículos abastecidos, em perfeitas condições de funcionamento, conservação, manutenção, pintura, segurança e higiene interna e externa. Outro ponto exaltado é o prazo de 24 horas para reposição de veículos com defeitos, o que não acontece com os carros próprios.

Emprego

Outra justificativa é que o aumento da frota de veículos acarretaria a necessidade de nomeação de novos motoristas e, por isso, a gestão prefere terceirizar o serviço. “O Município de Canoas possui hoje 75 motoristas ocupantes de cargos efetivos. A folha de pagamento remuneratória para os integrantes deste cargo foi de R$ 487.414,03 (Quatrocentos e oitenta e sete mil quatrocentos e quatorze reais e três centavos), no mês de Maio/2016, assim sendo, a média simples da remuneração mensal de cada motorista efetivo é de R$ 6.498,85 (Seis mil quatrocentos e noventa e oito reais e oitenta e cinco centavos)”, sustenta.

Para a SMPG, “o motivo das locações de veículos reside no princípio constitucional da economicidade, que garante a frota sempre atualizada, evita que a depreciação seja suportada pelo município, e também porque a contratação abrange manutenção e combustível, sendo muito mais vantajoso para a administração municipal”, justifica.

Gasolina

No mês de março de 2016, conforme informou a Secretaria de Comunicação da Prefeitura (Secom), o gasto com gasolina foi de R$ 121.873,48. No mês de abril, R$ 107.329,54 e no mês de maio, o gasto foi de R$ 102.246,93. “Fazendo-se a média simples destes três meses, teremos a média de gastos com gasolina. Então, a média mensal de gastos com gasolina é de R$ 110.483,32”, concluiu.

Em termos de comparação, a Guarda Municipal de Canoas conta com uma frota de 25 viaturas, entre carros e motos que fazem as rondas nos quadrantes e nas escolas da rede, com o projeto Ronda Escolar, e tem um gasto mensal com gasolina de cerca de R$ 23,9 mil, segundo a Secom.

Academia estuda

O tema é também motivo de pesquisas em diversos setores da administração pública em todo o país. “A terceirização da frota de veículos oficiais: a experiência mineira com a locação de veículos administrativos, operacionais e de representação” foi o tema do VII Congresso de Gestão Pública (Consad) realizado em março de 2014.

No documento elaborado em 27 páginas, o Congresso estudou a experiência do Governo de Minas Gerais, em 2009, que realizou estudo sobre o assunto. “O estudo indicou que a locação de longo prazo (por período superior a 12 meses), também conhecida como terceirização de frota, era a modelo de compra mais econômico para veículos administrativos e de representação e embasou o processo licitatório realizado no ano seguinte”, diz o texto.

Senado reprova

Em agosto de 2009 o Senado Federal realizou estudo sobre o mesmo objeto e técnicos da Casa concluíram que com o dinheiro gasto em dois anos no contrato de locação com os preços mais baratos do mercado seria possível comprar 90 carros de luxo — modelo Corolla, da Toyota, ou Vectra, da Chevrolet — em vez de alugar.

A tabela, divulgada pelo jornal Correio Braziliense, leva em consideração a manutenção e a depreciação dos veículos e mostra que, em dois anos, a Casa legislativa gastaria R$ 74,4 mil para alugar um veículo da categoria executiva, sem contar o gasto com combustível e salário do motorista. Para manter um carro novo, entretanto, a despesa seria de R$ 30,2 mil em dois anos.

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Sorteio do Minha Casa, Minha Vida contempla 250 famílias. Confira lista.

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Foto: Jhennifer Wolleng

Com transmissão ao vivo pela internet, a Prefeitura de Canoas, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação, realizou nesta quarta-feira (16) o sorteio do programa Minha Casa, Minha Vida. No auditório Sady Schivitz, na sede da Prefeitura, foram contempladas 250 famílias, que irão morar nos Residenciais Pistoia e Santa Fé, no bairro Rio Branco. Também foram sorteados os candidatos suplentes.

Os dois complexos habitacionais estão em fase de construção, com previsão de entrega dos imóveis para setembro deste ano. Antes de ocupar o imóvel em definitivo, os contemplados passarão pelo processo de análise documental na Caixa Econômica Federal e pelo trabalho técnico-social da Prefeitura, que promove um processo de adaptação das famílias à nova moradia.

Confira aqui a lista dos sorteados

Ao todo, os Residenciais Pistoia e Santa Fé oferecem 500 unidades habitacionais. A outra metade das famílias que irá morar no local será reassentada, já que ocupavam anteriormente invasões que foram alvo de reintegração de posse pelo município.

Nesta quarta-feira, participaram do sorteio os cidadãos que realizaram o recadastramento. Enquadram-se nos critérios nacionais famílias residentes em áreas de risco, insalubres ou que tenham sido desabrigadas, comprovado por declaração do ente público; famílias com mulheres responsáveis pela unidade familiar, comprovado por autodeclaração; e famílias das quais faça(m) parte pessoa(s) com deficiência, comprovado com a apresentação de atestado médico.

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Comunidade

Assembleia de Deus comemora 80 anos de fundação em Canoas

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A igreja Assembleia de Deus, de Canoas, comemora uma marco importante na cidade. O Jubileu de Carvalho da entidade ocorre nesta sexta-feira, 18 de agosto, e terá programação intensa de comemorações. O pastor Edegar Machado, líder da igreja no município há mais de 30 anos, recebeu a reportagem de O Timoneiro para falar acerca da programação das celebrações e sobre a atuação na cidade.

Tamanho

A importância da Assembleia de Deus, de Canoas, é contada também em números. A instituição, de acordo com Edegar, abrange atualmente 16 mil membros e conta com 88 igrejas na cidade. “A igreja se expandiu através do trabalho missionário e atua em diversos ponto do mundo”, conta Edegar.

Visão Social

O pastor destaca a visão social da instituição: “Não temos somente o trabalho espiritual, mas cuidamos do lado social. Eu considero isso como a outra mão da igreja. Nós temos o lado humano, que é alcançar as pessoas em suas necessidades”, comenta. O trabalho realizado abrange especialmente o cuidado de crianças. Edegar ainda citou projetos como escolas artesanais, que ajudam no desenvolvimento de trabalhos comunitários, além de postos de distribuição de sopa vinculados à Associação Beneficente Lar Esperança de Canoas , onde são atendidas cerca de mil crianças por semana.

Programação

A igreja promove cultos de celebração na sexta-feira, 19, até domingo, 20, no templo central da Assembleia de Deus, no bairro Mathias Velho. No domingo, a partir das 9 horas, ocorre concentração na praça Antonio Beló, na Rua Dr. Barcelos, onde será inaugurado um monumento em homenagem aos 80 anos da igreja. Após, são esperadas quatro mil pessoas para uma caminhada até o templo central da instituição, onde ocorrerá culto de graças.

História

Por determinação do pastorado da Igreja em Porto Alegre, o evangelista Amaro dos Santos foi designado, em 1937, para cuidar do trabalho da instituição em Canoas. Os primeiros cultos ocorreram no bairro Niterói. Ficou marcado na história da igreja um grande culto, realizado junto a uma figueira localizada nas proximidades da casa de André Lemos, em 18 de agosto de 1937. O local permanece com a figueira até hoje e, por conta disso, foi escolhido como local para a homenagem aos 80 anos da instituição.

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Canoense tem 94 anos de futebol, mídia, direção e simplicidade

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Marcelo Grisa

Hélio Ferreira da Silva nasceu em 1º de outubro de 1923. Filho de empregados na fazenda do estancieiro Victor Barreto, o motorista aposentado viu a história do século XX como poucos canoenses puderam. Hélio hoje mora com os sobrinhos Júlio Ragazzon e Raquel Araújo. E esta é sua história.

O futebol e a guerra

No começo de 1932, Hélio observava o nascimento do Sport Club Oriente, um dos mais tradicionais de Canoas. Alguns anos depois, jogou no time e virou craque. Como atacante central, marcava muitos gols.

A incipiente trajetória de Hélio Ferreira no futebol incluiu passagens pelo Canoense e até mesmo no Grêmio. Entretanto, uma grave lesão o afastou em definitivo dos gramados. Uma “pisada” deixou como lembrança um esmagamento logo acima do joelho. “Eu até poderia jogar, mas nunca mais fui. Deu muito medo”, explica.
“Às vezes eu ainda sonho com as mulheres da arquibancada me chamando. Parece que me vejo jogando de novo”, admite. Mas a vida ainda tinha reservado muito mais para o canoense de fala fácil e sorriso alegre.

Nesta época, o canoense já estava na Aeronáutica. Começava a Segunda Guerra Mundial, e todos no quartel ficavam de prontidão, recebendo apenas um dia de folga por semana. “Eu ficava em casa de farda. Se a sirene tocasse, tínhamos meia hora para nos apresentar”, lembra.

Hélio Ferreira da Silva, entretanto, nunca veria os fronts da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália. Há poucos dias de ser embarcado para o campo de batalha, chegava o mês setembro de 1945. A guerra acaba.

Hélio “Caldas” e Ernesto Geisel

Mesmo antes, durante e depois da guerra, a vivência nas Forças Armadas proporcionou o que seria uma de suas maiores paixões: os carros. Depois de sete anos, saiu da Aeronáutica e tornou-se motorista particular. Acabou por trabalhar 40 anos de sua vida para a Companhia Jornalística Caldas Júnior, dona do jornal Correio do Povo, como motorista da família de Breno Caldas. Por muito tempo, sua família morou na propriedade da família Caldas no bairro Belém Novo, em Porto Alegre.

Recentemente, Hélio visitou os netos de Breno, que o chamaram de “Hélio Caldas”, tamanha fora sua contribuição para a família.
Mas as mais histórias das quais Hélio mais se lembra são aquelas que envolviam os governos da ditadura militar. Primeiro, quando o golpe era dado, em 1º de abril de 1964, Breno Caldas pediu ao motorista que buscasse suas filhas na Rua Coronel Bordini, no bairro Auxiliadora, e as trouxesse ao Belém Novo. Recebeu uma arma, e deveria impedir, depois de todos em casa, que qualquer um entrasse na propriedade. Tendo que lidar com militares às portas do terreno, Hélio deixou-os entrar, mas cuidou cada movimento deles. Depois de uma medição no terreno – o que acontecia no local com frequência – eles foram embora sem maiores percalços.

Em outra oportunidade, em razão do aniversário de Breno Caldas, o presidente Ernesto Geisel, também gaúcho, veio até a fazenda para parabenizá-lo. Hélio teve que esconder um papagaio, que era ilegal, da vista do mandatário. Como um dos genros do patrão acabou por entregar a existência da ave, Geisel exigiu vê-la.
O que se sucedeu, entretanto, tranquilizou a todos. Ao ver o papagaio, que havia sido ensinado a falar muitos palavrões, o presidente desatou-se a rir mesmo sendo xingado pelo bicho.

Cuidado com o caminhão

Ao aposentar-se, Breno Caldas queria que Hélio continuasse trabalhando para ele, mesmo que não mais tendo carteira assinada por sua companhia. Não era bem sua ideia: eram os anos finais da Caldas Júnior antes de sua venda, e o motorista tinha o sonho de ter um caminhão e trabalhar com entregas.

Acabou recebendo a chave de um veículo à sua escolha entre 18 que estavam na garagem da propriedade, escondidos dos credores. “Breno puxou um bolo de chaves do bolso e disse: ‘Escolhe uma. Pode pegar.’ Mais tarde fui lá e escolhi um caminhão.”

Graças à rápida passagem da titularidade dos documentos, Hélio pode ficar com o veículo até poucos anos atrás, quando parou de dirigir. “Não quero me gabar, mas nunca causei nenhum acidente. Com a idade, preferi pedir para o Júlio aqui me levar nos lugares. Não é agora que eu vou ter um solavanco e acabar machucando alguém”, preocupa-se.

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