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Único ocupado, Rondon recebe duas manifestações no mesmo dia

Colégio Marechal Rondon recebeu duas manifestações na quinta-feira. Foto: Bruno Lara/OT.

Colégio Marechal Rondon recebeu duas manifestações na quinta-feira. Foto: Bruno Lara/OT.

Por Bruno Lara

 

O Marechal Rondon foi o primeiro Colégio ocupado em Canoas e, ao que tudo indica, será o último a ser desocupado. No início da tarde da quinta-feira, 16, foi a vez de pais e professores contrários ao movimento dos alunos e da greve dos professores de se manifestarem em frente à instituição, com a presença da Brigada Militar (BM). Por volta das 16 horas, ocorreu a chamada “marcha fúnebre”, em apoio ao movimento.

Embora argumentem que a greve é legítima e a manifestação dos estudantes também, os contrários manifestam a preocupação quanto a recuperação das aulas que há pelo menos 20 dias estão suspensas. “A gente veio tentar mediar com a escola de forma pacífica o retorno imediato das aulas”, justificou a mãe Helena Goulart.

A mesma preocupação tem a Tatiane Machado, também de aluno. Segundo ela, as famílias que moram longe encontram ainda mais problemas. “E as crianças que moram longe? Estou pagando van e a minha filha não vem há 24 dias”, relatou a moradora do bairro Igara.

Greve

Para Aline Vallin, que tem um filho matriculado no quinto ano, a reivindicação de aumento dos professores não faz sentido. “Eu sou a favor de ter aulas. Chega de greve. Estão o tempo todo em casa. Com todos esses problemas no país e no estado eles vão reivindicar coisas como aumento? Não faz sentido”, criticou. Ela acredita que o Projeto de Lei (PL) 144/2016 “não é de todo ruim, pois tem um lado necessário”. No seu entendimento, “o lado bom é que teriam mais oficias e evitaria greves como essa”, opina deixando claro que não gostaria de a iniciativa privada desse aula, mas sim ministrasse atividades extra classe.

Atendendo aos pais e interessados na porta do Colégio, a diretora Ana Luiza discorda ao entender que se trata de uma boa situação. “Acho muito positivo no momento que estamos conseguindo fazer com que a comunidade acorde para o papel dela na escola”, argumentou, lembrando que um horário já foi definido para aqueles que querem retornar as aulas a partir da segunda-feira, 20, e que não haverá férias no Colégio e que grandes aulas estão sendo preparadas para suprir os dias parados. Isso porque, segundo ela, há um número restrito de profissionais que não entraram em greve.

“Estamos montando um horário para os 30% de professores que estão aqui. No turno da manhã já tem o horário definido”, disse aos pais lembrando que do sexto ano aos alunos do ensino médio terão aula “conforme a escola pode oferecer. Eu jamais vou fazer o meu colega, que está lá dando a cara a tapa, volta obrigado. Cada um sabe o porque está lutando”, disse.

Ocupação

No Colégio, que segue sem aulas, os alunos estão participando de oficinas de confecção de puffs reciclando pneus velhos e lixeiras para reciclar tonéis. Serviços de manutenção da estrutura como a pintura de paredes e a arquibancada de uma quadra também foram realizados pelos alunos, assim como hortas, limpeza no pátio e em salas de aula continuam diariamente assim como debates e palestras ministradas por voluntários.

Em proposta apresentada no início do mês, o Governo do Estado se comprometeu com a retirada do Projeto de Lei (PL) 144/2016 nos próximos três meses para ampliar a discussão do mesmo. Além disso, prometeu repasse de verbas para a reforma das escolas, autonomia financeira, obras de reparos, reposição no quadro de professores e maior atenção nos repasses para a merenda escolar.

Segundo a presidente do Grêmio Estudantil do Colégio, aluna do segundo ano, que não será identificada por ser menor de 18 anos, afirmou que a ocupação “vai continuar pra sempre. Mesmo durante as aulas, vamos em turno inverso ao nosso e aos finais de semana, pintar a escola, organizar oficina e etc”, conclui a representante apontando que a decisão sobre aceitar ou não a proposta encaminhada pelo Governo do Estado deve ser decidida até a segunda-feira, 20.

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