Por Bruno Lara e Émerson Vasconcelos
reportagem especial
Seguem as ocupações de escolas estaduais em todo o Rio Grande do Sul. O último a ser ocupado em Canoas foi o Colégio Estadual Tereza Francescutti, no bairro Mathias Velho, que foi visitado por nossa equipe de reportagem na terça-feira, 31 de maio. Na ocasião, os estudantes contaram como está funcionando a ocupação e explicaram seus motivos.
Reivindicações
Um dos líderes da ocupação, Vinícius Dorneles Jardim, 18 anos, ao ser perguntado sobre os motivos do protesto na escola, informou que a reivindicação é contra um Projeto de Lei (PL) do Governo do Estado. “Estamos dizendo não ao PL 44, que é um projeto do governador Sartori que pretende abrir espaço para que empresas privadas fiquem responsáveis pelas escolas. Com isso o Governo Federal pode vir a considerar estas escolas como particulares e os alunos podem perder o direito ao ProUni por este motivo. Outro projeto que somos contra é o Escola Sem Partido, que nada mais é do que uma lei da mordaça que pode impedir os professores de darem aulas. Também somos contra o parcelamento do salário dos funcionários públicos, pois não achamos justo que a pessoa trabalhe o mês inteiro e não receba”, afirma.
A respeito das reivindicações específicas para a escola, Vinícius apontou que a busca é por melhorias na estrutura. “Queremos também o preenchimento do quadro de professores, já que faltam dois, um para Inglês e um para Espanhol. Pedimos também a doação do terreno da escola para o Estado, já que ela está construída em uma área municipal”, pontua.
Clima tenso
Segundo uma aluna de 15 anos, a situação entre alunos ocupantes e a direção está em clima de tensão. “A direção impôs uma regra de que tinha que ter um professor posando com a gente e estávamos respeitando, mas depois veio uma advogada aqui e disse que essa regra não precisa ser seguida, já que a ocupação é dos alunos e não dos professores”, revelou.
Em entrevista, os estudantes confessaram que recebem orientação de professores e lideranças da Ubes. Foto: Bruno Lara/OT.
Orquestrando
O representante do Grêmio Estudantil na ocupação, Alexsandro Fraga da Rosa, 19 anos, explicou que a entidade representativa dos alunos está rachada em relação ao protesto. “O Grêmio Estudantil está dividido, eu sou o primeiro secretário e sou o único da diretoria a apoiar a ocupação, os demais ou são contra ou não se envolvem diretamente”, disse. Fraga revelou ainda que os estudantes receberam orientação do Centro de Professores do Rio Grande do Sul (CPERS) para ocupar a escola. “De lá recebemos orientação. Mas as regras fomos nós que criamos”, apontou.
Desencontros
O representante do Grêmio contou ainda que a ocupação está tendo dificuldade. “A direção publica na sua página que vai ter aula, daí alguns alunos vêm. Quando chegam aqui avisamos que não vai ter, mas meia dúzia vai embora e outra meia dúzia entra”, contou.
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