Estudantes ocupando escolas, reivindicando direitos, fazendo política. Professores em greve, também pedindo melhores condições de trabalho e melhores salários. Sem medo. Estudantes secundaristas, universitários, trabalhadores, organizações políticas etc virando noite para impedir uma reintegração de posse no centro da capital e enfrentando a já desmoralizada PM, que vem agindo de forma violenta nas manifestações pelo Brasil, esquecendo-se de que também fizeram greves reivindicando aumento de salário e pediram o apoio da população, a mesma que eles espancam quando reivindicam seus direitos de cidadãos, e fazendo-nos lembrar de uma ditadura onde quem era contra o governo e suas decisões era surrado, perseguido e preso.
É curioso, interessante e fantástico ver tanta gente – principalmente os jovens – se importando com o coletivo. Indo pras ruas dizer o que pensa ser direito e justo. Se organizando, se preocupando com a política e com as questões sociais, seja ela pelas redes sociais – afinal, seria muito mais normal um adolescente preferir tirar uma selfie fazendo biquinho e postar com mensagens bonitas do que compartilhar convites para eventos de mobilização social e links de artigos políticos – ou mesmo trocando as conversas de sábado com amigos para falar do Senado Federal ou como a passagem do ônibus está cara e de como isso tem que mudar.
Enquanto eu escuto, numa realidade paralela, uma parcela da sociedade, conservadora e preconceituosa, atacar os jovens, dizendo que são drogados, preguiçosos e perdidos, achando que estão doentes ao falarem de namorar alguém do mesmo sexo, ao falarem de identidade de gênero, e sobre o machismo tão idoso, vejo-os livres, sem vergonha de falar o que pensam, mesmo que isso quebre os protocolos da “família tradicional brasileira” (aquela, patriarcal, infeliz, velada, calada). Vejo seus espíritos revolucionários mudando as formas quadradas de uma sociedade mesquinha, covarde e antiquada.
Enquanto vejo mulheres postando nas redes sociais sobre receitas culinárias e crochê, e homens sobre cerveja e pescaria em meio ao caos político, aos escândalos da educação, às desigualdades sociais e a tantos assuntos de suma importância que estão ecoando aos quatro cantos, vejo os mesmos jovens nas ruas, em orquestrados movimentos que buscam um mundo mais livre, democrático e feliz.
O futuro é de todos nós, mas são os jovens que estão fazendo, hoje, a diferença para que ele seja melhor do que está.