Timoneiro

Opinião: O golpe

minorias

O golpe veio de dentro. Não adiantou se preocuparem com as fronteiras. Foram entrincheirados por aqueles que estavam mais perto, que escondidos em pele de escravo mostraram-se, no fim das contas, residentes da casa grande.

O novo governo comemorou com comida farta e o ensurdecedor barulho das palmas, dos brindes, dos flashes para o Diário Matutino que não mais verá em suas chiques páginas sociais os gays, as mulheres e os negros que não foram convidados para a festa, como se faltasse houvesse espaço no casarão.

Mas um som incomoda por fora das paredes de cimento e areia. Das pedras da senzala para a o pátio dos “sinhozinhos” e de lá para a rua. O tambor é inconfundível. Marca a presença da minoria que não deixa a rua, que não se dá por vencida, que não atende mais às ordens dos coronéis.

A liberdade raiou e a cabeça jamais deixará de se erguer novamente, por mais que erros tenham ocorrido de todos os lados. Haverá truculência, tiro, bomba, gás lacrimogêneo. De outro haverá bandeiras, gritos, sangue e a esperança.

No dia 13 de maio de 1888 houve a abolição da escravatura. Mas a situação pouco se difere do cenário atual. Ainda lutamos pelas mesmas causas, temos a mesma preocupação e a cada dia mais limitações. Parece que não evoluímos tanto assim.

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