Comunidade
Prefeitura multa pais que deixam alunos no La Salle Canoas
Agentes de trânsito aplicam penalidade em quem para em fila dupla na Victor Barreto
Por Sinara Dutra
Um problema histórico do Centro de Canoas é o alto fluxo de veículos na avenida Victor Barreto nos horários de pico. Um ponto considerado crítico é o trecho localizado em frente ao Colégio La Salle, nos começos e finais de turnos letivos, quando pais e responsáveis levam ou buscam os estudantes. Nestes momentos, dado o número cada vez maior de veículos, inevitavelmente o trânsito fica desordenado. Uma parada de ônibus, quase na esquina da avenida com a rua Muck, só agrava o tumulto. Em meio a esta situação caótica, os agentes municipais de trânsito passaram a multar quem para em fila dupla.
Quem é advertido e tenta explicar aos agentes que não é possível deslocar o veículo, em decorrência do engarrafamento, é multado por desacato à autoridade. O pai Carlos Alberto da Silveira conta que foi multado nesta situação. “Não adiantou nada argumentar. Falei com o agente que não era possível tirar o carro dali naquele momento, por causa dos outros veículos no entorno, mas ele não aceitou e me multou por desacato. Só neste dia foram vários veículos multados pelo mesmo motivo”, contou.
Problema antigo
Em entrevista ao O Timoneiro, a diretora do Colégio La Salle, Elisa Medeiros, revelou que desde 2014 existem tratativas com a administração municipal a respeito do problema. Segundo Elisa, o principal pedido da instituição é o deslocamento da parada de ônibus para outro ponto da rua. “Desde que a mão da rua Muck foi trocada este problema da fila dupla aumentou e a parada ali na esquina piora a situação. Desde 2014 estamos conversando com a Prefeitura, buscando uma solução”, disse.
Problema amenizado
O Colégio adotou medidas para atenuar o problema. A instituição passou a permitir que os pais de alunos da Educação Infantil, até o segundo ano do Ensino Fundamental, tenham isenção no estacionamento por 30 minutos por dia, também liberou a entrada de quatro vans dentro do pátio e colocou monitores para ajudarem as crianças a chegarem aos carros sem que os pais precisem descer dos veículos.
Parada de ônibus continua
Segundo Elisa, em reunião recente entre a vice-prefeita Beth Colombo, a direção do colégio e pais de alunos, ficou acertado que a Prefeitura produzirá material informativo para explicar onde os pais podem ou não parar. No entanto, nada foi prometido nesta reunião a respeito do deslocamento da parada de ônibus.
O que diz a Prefeitura
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Transportes e Mobilidade (SMTM) informou que já realizou “diversas reuniões com a direção e representantes dos pais do Colégio La Salle, inclusive com visitas ao local”. Informou que a fiscalização da SMTM “autoriza o estacionamento com o pisca alerta ligado, no lado esquerdo na Avenida Victor Barreto, entre a Rua Muck, até o estacionamento oblíquo da Victor Barreto, das 17 horas às 19 horas. São liberados também, neste horário, o estacionamento, no lado direito da via, entre a parada de ônibus e a frente ao colégio, desde que não seja em fila dupla”.
Salientou, também, que “na última reunião com a direção do Colégio La Salle, no dia 22 de abril, ficou definido outros horários para este estacionamento, pela parte da manhã e ao meio dia”. Do início do ano até abril, segundo o órgão, foram 14 multas de trânsito na frente do colégio, referentes aos estacionamentos em fila dupla, na entrada de garagem da universidade e na parada de ônibus.
Comunidade
Sorteio do Minha Casa, Minha Vida contempla 250 famílias. Confira lista.
Com transmissão ao vivo pela internet, a Prefeitura de Canoas, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação, realizou nesta quarta-feira (16) o sorteio do programa Minha Casa, Minha Vida. No auditório Sady Schivitz, na sede da Prefeitura, foram contempladas 250 famílias, que irão morar nos Residenciais Pistoia e Santa Fé, no bairro Rio Branco. Também foram sorteados os candidatos suplentes.
Os dois complexos habitacionais estão em fase de construção, com previsão de entrega dos imóveis para setembro deste ano. Antes de ocupar o imóvel em definitivo, os contemplados passarão pelo processo de análise documental na Caixa Econômica Federal e pelo trabalho técnico-social da Prefeitura, que promove um processo de adaptação das famílias à nova moradia.
Confira aqui a lista dos sorteados
Ao todo, os Residenciais Pistoia e Santa Fé oferecem 500 unidades habitacionais. A outra metade das famílias que irá morar no local será reassentada, já que ocupavam anteriormente invasões que foram alvo de reintegração de posse pelo município.
Nesta quarta-feira, participaram do sorteio os cidadãos que realizaram o recadastramento. Enquadram-se nos critérios nacionais famílias residentes em áreas de risco, insalubres ou que tenham sido desabrigadas, comprovado por declaração do ente público; famílias com mulheres responsáveis pela unidade familiar, comprovado por autodeclaração; e famílias das quais faça(m) parte pessoa(s) com deficiência, comprovado com a apresentação de atestado médico.
Comunidade
Assembleia de Deus comemora 80 anos de fundação em Canoas
A igreja Assembleia de Deus, de Canoas, comemora uma marco importante na cidade. O Jubileu de Carvalho da entidade ocorre nesta sexta-feira, 18 de agosto, e terá programação intensa de comemorações. O pastor Edegar Machado, líder da igreja no município há mais de 30 anos, recebeu a reportagem de O Timoneiro para falar acerca da programação das celebrações e sobre a atuação na cidade.
Tamanho
A importância da Assembleia de Deus, de Canoas, é contada também em números. A instituição, de acordo com Edegar, abrange atualmente 16 mil membros e conta com 88 igrejas na cidade. “A igreja se expandiu através do trabalho missionário e atua em diversos ponto do mundo”, conta Edegar.
Visão Social
O pastor destaca a visão social da instituição: “Não temos somente o trabalho espiritual, mas cuidamos do lado social. Eu considero isso como a outra mão da igreja. Nós temos o lado humano, que é alcançar as pessoas em suas necessidades”, comenta. O trabalho realizado abrange especialmente o cuidado de crianças. Edegar ainda citou projetos como escolas artesanais, que ajudam no desenvolvimento de trabalhos comunitários, além de postos de distribuição de sopa vinculados à Associação Beneficente Lar Esperança de Canoas , onde são atendidas cerca de mil crianças por semana.
Programação
A igreja promove cultos de celebração na sexta-feira, 19, até domingo, 20, no templo central da Assembleia de Deus, no bairro Mathias Velho. No domingo, a partir das 9 horas, ocorre concentração na praça Antonio Beló, na Rua Dr. Barcelos, onde será inaugurado um monumento em homenagem aos 80 anos da igreja. Após, são esperadas quatro mil pessoas para uma caminhada até o templo central da instituição, onde ocorrerá culto de graças.
História
Por determinação do pastorado da Igreja em Porto Alegre, o evangelista Amaro dos Santos foi designado, em 1937, para cuidar do trabalho da instituição em Canoas. Os primeiros cultos ocorreram no bairro Niterói. Ficou marcado na história da igreja um grande culto, realizado junto a uma figueira localizada nas proximidades da casa de André Lemos, em 18 de agosto de 1937. O local permanece com a figueira até hoje e, por conta disso, foi escolhido como local para a homenagem aos 80 anos da instituição.
Comunidade
Canoense tem 94 anos de futebol, mídia, direção e simplicidade
Marcelo Grisa
Hélio Ferreira da Silva nasceu em 1º de outubro de 1923. Filho de empregados na fazenda do estancieiro Victor Barreto, o motorista aposentado viu a história do século XX como poucos canoenses puderam. Hélio hoje mora com os sobrinhos Júlio Ragazzon e Raquel Araújo. E esta é sua história.
O futebol e a guerra
No começo de 1932, Hélio observava o nascimento do Sport Club Oriente, um dos mais tradicionais de Canoas. Alguns anos depois, jogou no time e virou craque. Como atacante central, marcava muitos gols.
A incipiente trajetória de Hélio Ferreira no futebol incluiu passagens pelo Canoense e até mesmo no Grêmio. Entretanto, uma grave lesão o afastou em definitivo dos gramados. Uma “pisada” deixou como lembrança um esmagamento logo acima do joelho. “Eu até poderia jogar, mas nunca mais fui. Deu muito medo”, explica.
“Às vezes eu ainda sonho com as mulheres da arquibancada me chamando. Parece que me vejo jogando de novo”, admite. Mas a vida ainda tinha reservado muito mais para o canoense de fala fácil e sorriso alegre.
Nesta época, o canoense já estava na Aeronáutica. Começava a Segunda Guerra Mundial, e todos no quartel ficavam de prontidão, recebendo apenas um dia de folga por semana. “Eu ficava em casa de farda. Se a sirene tocasse, tínhamos meia hora para nos apresentar”, lembra.
Hélio Ferreira da Silva, entretanto, nunca veria os fronts da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália. Há poucos dias de ser embarcado para o campo de batalha, chegava o mês setembro de 1945. A guerra acaba.
Hélio “Caldas” e Ernesto Geisel
Mesmo antes, durante e depois da guerra, a vivência nas Forças Armadas proporcionou o que seria uma de suas maiores paixões: os carros. Depois de sete anos, saiu da Aeronáutica e tornou-se motorista particular. Acabou por trabalhar 40 anos de sua vida para a Companhia Jornalística Caldas Júnior, dona do jornal Correio do Povo, como motorista da família de Breno Caldas. Por muito tempo, sua família morou na propriedade da família Caldas no bairro Belém Novo, em Porto Alegre.
Recentemente, Hélio visitou os netos de Breno, que o chamaram de “Hélio Caldas”, tamanha fora sua contribuição para a família.
Mas as mais histórias das quais Hélio mais se lembra são aquelas que envolviam os governos da ditadura militar. Primeiro, quando o golpe era dado, em 1º de abril de 1964, Breno Caldas pediu ao motorista que buscasse suas filhas na Rua Coronel Bordini, no bairro Auxiliadora, e as trouxesse ao Belém Novo. Recebeu uma arma, e deveria impedir, depois de todos em casa, que qualquer um entrasse na propriedade. Tendo que lidar com militares às portas do terreno, Hélio deixou-os entrar, mas cuidou cada movimento deles. Depois de uma medição no terreno – o que acontecia no local com frequência – eles foram embora sem maiores percalços.
Em outra oportunidade, em razão do aniversário de Breno Caldas, o presidente Ernesto Geisel, também gaúcho, veio até a fazenda para parabenizá-lo. Hélio teve que esconder um papagaio, que era ilegal, da vista do mandatário. Como um dos genros do patrão acabou por entregar a existência da ave, Geisel exigiu vê-la.
O que se sucedeu, entretanto, tranquilizou a todos. Ao ver o papagaio, que havia sido ensinado a falar muitos palavrões, o presidente desatou-se a rir mesmo sendo xingado pelo bicho.
Cuidado com o caminhão
Ao aposentar-se, Breno Caldas queria que Hélio continuasse trabalhando para ele, mesmo que não mais tendo carteira assinada por sua companhia. Não era bem sua ideia: eram os anos finais da Caldas Júnior antes de sua venda, e o motorista tinha o sonho de ter um caminhão e trabalhar com entregas.
Acabou recebendo a chave de um veículo à sua escolha entre 18 que estavam na garagem da propriedade, escondidos dos credores. “Breno puxou um bolo de chaves do bolso e disse: ‘Escolhe uma. Pode pegar.’ Mais tarde fui lá e escolhi um caminhão.”
Graças à rápida passagem da titularidade dos documentos, Hélio pode ficar com o veículo até poucos anos atrás, quando parou de dirigir. “Não quero me gabar, mas nunca causei nenhum acidente. Com a idade, preferi pedir para o Júlio aqui me levar nos lugares. Não é agora que eu vou ter um solavanco e acabar machucando alguém”, preocupa-se.
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