Dilma errou em muitas coisas, mas o seu primeiro erro começou na escolha do vice na chapa. Ou alguém se lembra quem era o vice de Lula de 2003 até 2010? Refresco-lhes a memória: José Alencar, empresário do ramo têxtil de Minas Gerais. Ele era do PMDB até 2002 (ano em que Lula se elegeu). Pulou para o PL e ficou por lá de 2002 até 2005. Para não incomodar ainda mais foi para o PRB em 2005 e ficou até 2011, ano em que faleceu. O vice perfeito. Discreto e útil, embora tenha dito frases como “o homossexualismo é uma forma de violência à natureza humana”.
Para chegar ao poder o PT se aliou aos piores da República. Sarney e Calheiros, ambos da sigla de Michel Temer, exposto na última semana como o condutor do processo de impeachmet da presidente Dilma. Um vice cortês, mas com um defeito perigoso: Mais articulado e inteligente que o detentor do mandato.
O vice-presidente está tentando tomar para si o posto de Dilma Rousseff e usa a fraca oposição brasileira para atingir o seu fim. Temer, entretanto, foi eleito para o cargo que ocupa, ao contrário do que muitos dizem. Embora o protagonismo seja para o presidente, o vice tem seu nome divulgado também, concorre também, trabalha, arrecada, articula, busca o apoio também. Aqui, nas eleições municipais, a exemplo do que muito já aconteceu, pode decidir o resultado das urnas. Não é um posto figurativo e Temer está mostrando isso como ninguém.
Mas o fato de o PMDB em conjunto com o PSDB, DEM e demais partidos tidos como direita quererem passar o PT para trás não os inocenta. Os milhões retirados no Mensalão, os bilhões desviados na Lava-Jato e, pior do que isso, a aliança desesperada pelo poder que travou com o PMDB e com o PTB de Collor ficará para sempre na sua biografia daqui em diante.
Moro também não é o salvador da pátria. Tampouco Lula o é, ou Marina, ou Dilma, ou Aécio. Não há salvadores. Há pessoas que fazem a sua parte assim como nós estamos aqui fazendo hoje, como fizemos ontem e temos de adotar o compromisso vitalício de sempre fazê-lo.
Todos os quatro poderes foram corrompidos. O Executivo, com maior poder deliberativo e de execução, é corrupto. O legislativo, que o deveria fiscalizar, é muito pior. O judiciário é livre, ninguém o fiscaliza e ele veste a capa furada da imparcialidade, mesmo problema enfrentado pela imprensa, que deixou de ser os olhos do povo para se tornar uma peneira que filtra os raios de sol que lhe interessam passar.
Cabe a sociedade brasileira repensar. Tirar Dilma e conduzir Temer não é a solução. Pode até ser para os problemas econômicos, uma vez que a máquina das multinacionais o ajudará a subir os índices. Ter a chapa retirada pelo TSE levaria Eduardo Cunha ao Planalto e eleições em 90 dias, tendo Lula como o melhor colocado nas pesquisas e Marina e Aécio nas rebarbas. Dilma passou a chamar Temer e Cunha de “chefes da conspiração”. A dúvida que paira é: Mandará cortar-lhes a cabeça ou a terá decepada por aqueles que conspiram contra a coroa?
Outra pergunta que não quer calar é a mais óbvia e que se tenta resolver desde 1500. Qual a saída para o Brasil? A diferença é que na época pensava-se ter a resposta.