Por Émerson Vasconcelos e Bruno Lara
As reviravoltas no cenário político, ocorridas na última semana, mexeram com a composição da base partidária do Governo Federal. Tanto PTB quanto PRB abandonaram seu alinhamento com o Palácio do Planalto e agora podem ser considerados de oposição. O PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer, não deixou o governo, mas já demonstra claras evidências de que está desconfortável na sua posição.
Com a decomposição da base federal, ocorrem também mudanças no cenário político de Canoas. Com a nova posição nacional do PTB, fica reforçada a candidatura oposicionista do deputado federal Luis Carlos Busato à Prefeitura. O PMDB, embora esteja com situação indefinida no Planalto, já se firma como integrante da oposição canoense, alinhado ao grupo de Busato.
A situação mais delicada na corrida pela Prefeitura, no entanto, é a da pré-candidata Beth Colombo (PRB), atual vice-prefeita. Ela se desfiliou do PP e ingressou no atual partido para poder ser apoiada pelo prefeito Jairo Jorge (PT) e ter, também, um vice petista. Com o racha entre as duas legendas o cenário se mostra nebuloso.
Personagem decisivo
Em dez anos o jogo político virou totalmente no cenário nacional. O mesmo Delcídio do Amaral, que em 2006 foi exaltado por ser um petista neutro, que atuou à frente da CPI dos Correios, que deflagrou a investigação sobre o Mensalão tratando friamente os próprios colegas de partido. No entanto, o mesmo Delcídio do Amaral, agora, em 2016, encontra-se em situação bem menos nobre.
Pego recentemente por tentar obstruir as investigações da Operação Lava-Jato, Delcídio se tornou o primeiro senador a ficar preso por um período durante seu mandato. Mais do que isso, o parlamentar fez um acordo de delação premiada e se tornou um verdadeiro homem-bomba, entregando à Polícia Federal (PF) informações que implicam a presidente Dilma Rousseff (PT) e o ex-presidente Lula (PT) no esquema de corrupção da Petrobras. A delação vazou através da revista IstoÉ, sendo depois oficializa pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki.
Apartamento e sítio
Paralelamente, descobriu-se que Lula e sua família poderiam possuir uma série de imóveis não declarados, adquiridos através de construtoras citadas na Operação Lava-Jato. Um apartamento triplex e um sítio foram apontados como sendo do ex-presidente, que vem negando a informação desde então. Mesmo assim, existem provas de que ele e seus familiares frequentaram os locais dezenas de vezes nos últimos anos. O tríplex foi reformado sob a supervisão da ex-primeira-dama, Marisa Letícia, e está em nome da construtora Odebrecht.
Pedido de prisão
Foi no meio deste fogo cruzado, de petista entregando petista em delação premiada, que o Ministério Público (MP) de São Paulo pediu a prisão preventiva do ex-presidente. A justiça de São Paulo, por sua vez, considerou que seria o juiz Sérgio Moro, de Curitiba, o mais indicado para julgar o pedido. Moro é conhecido por ser uma espécie de carrasco dos investigados na Lava-Jato, condenando em primeira instância e decidindo pela prisão preventiva de vários dos envolvidos. Entre eles, Marcelo Odebrecht, José Dirceu, João Vaccari Neto e João Santana.
Cartada de Moro
O magistrado divulgou um grampo telefônico, do celular de um assessor de Lula, no qual o ele e Dilma falavam sobre a nomeação para a Casa Civil. Não só a presidente deu indícios, na sua fala, de que a nomeação seria para livrar o antecessor do julgamento de Moro (foto), como, na mesma gravação, Lula proferiu xingamentos a Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, e Renan Calheiros, presidente do Senado Federal, ambos do PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer, que ele deveria reaproximar do governo na sua nova função. Ainda nos mesmos áudios, o ex-presidente chamou o STF – aquele que será responsável por julgá-lo – de covarde.
Lula toma posse
Em outra reviravolta, passou a circular o boato de que a presidente Dilma nomearia o ex-presidente Lula como ministro, para que ele ganhasse foro privilegiado e só pudesse ser julgado pelo STF. No último dia 16, a chefe do Executivo confirmou a escalação do seu antecessor como Ministro-Chefe da Casa Civil. No mesmo dia, Moro apresentaria sua última cartada.
Posse de Lula é anulada
Lula tomou posse como ministro na manhã da quinta-feira, 17, mas poucas horas depois, juiz federal Itagiba Catta Preta Neto, da 4ª Vara do Distrito Federal, suspendeu, por meio de uma decisão liminar, a nomeação. No entender do magistrado, a decisão de Dilma teria visado a obstrução do trabalho da Justiça.
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