Timoneiro

Opinião: A falta de comunicação da grande mídia

Zeca08032016

 

Na antiguidade a comunicação era totalmente oral. Os fatos, história, hábitos e costumes eram transmitidos de pais para filhos, estes aos seus e assim sucessivamente. Depois inventamos ou descobrimos a escrita, mesmo que com símbolos em placas de barro, pinturas em cavernas, tentamos plasmar o nosso cotidiano, deixar gravados os sucessos do nosso dia a dia ou documentar transações comercias e posses. Muitos desses símbolos foram transformando se em letras e daí nasce a literatura da palavra “littera” que quer dizer: letra. Com o tempo os fenícios adaptaram a escrita cuneiforme criada pelos sumérios e acabaram deixando o maior legado que foi um alfabeto do qual derivam os caracteres gregos e latinos.

E assim, por séculos, a escrita dominou a comunicação. Mas o homem precisava, com o advento da industrialização e a necessidade militar, encurtarem as distancias. Então inventaram as teles: telégrafo, telefone, televisão, satélites. Não é preciso detalhar os milhares de inventos para estabelecer comunicação entre pessoas, em épocas de internet, a grande rede mundial e dos equipamentos eletrônicos dispostos para este fim.

A grande questão é que, se hoje em dia existem tantos meios de comunicação, por que ainda falhamos em comunicar nós entre nós?  A escrita esta cada vez mais difícil de entender, pois o analfabetismo funcional campeia em meio a população. Especialistas dizem que, com a velocidade e a grande quantidade de informação que as pessoas recebem, é impossível processar tudo e que as pessoas são menos seletivas e focam em determinadas palavras quando são ouvidas ou lidas.

Foi realizada uma pesquisa em uma grande rede social. Nela foi publicada primeiro uma frase, descrevendo algo. Após 48 horas, a frase não tinha sido sequer comentada. Apagou-se a frase e, no lugar, foi postada a imagem a qual a frase se referia. Em menos de 10 minutos de publicação a imagem recebeu uma avalanche de comentários a favor e contra do que cada um interpretava ao ver a imagem. Com isto comprovou-se que as pessoas não lêem nada antes de emitir opinião e que a suposição e uma grande aliada, confirmando a máxima que “uma imagem vale por mil palavras”.

Por outro lado, a grande mídia, que possui recursos multimídias, imagem, voz e texto ao mesmo tempo, transmite em uma velocidade enorme gerando uma avalanche de conteúdo incapaz de ser processada. Fatos corriqueiros tornam-se grandes discussões, muitas vezes simplesmente por um não querer ouvir o outro. E por ai que começa toda comunicação. Ouvir o outro tornou-se uma tarefa quase impossível, acalentado por informações distorcidas, fora de contexto e sem a devida reflexão e interpretação.

4 de março de 2016 tornou-se uma resposta reveladora a falta de comunicação e, sobretudo, de compreensão ao momento político atual. As imagens falavam por si só. As palavras foram deixadas pelo caminho, levando aos espectadores suas próprias conclusões. Um simples depoimento se tornou, na cabeça de todos prisão e, pela importância do depoente, esperava-se faminto como se espera uma pizza. A imagem do depoente algemado. Mas ficou também provado que o brasileiro discute política como se fosse futebol, minimizando a sua importância na vida de todos desde que nascem. Principalmente porque a grande mídia não comunica, ela confunde.

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