Não sei quem pergunta qual o resultado das ideologias na prática. Quem realiza mais obras, um comunista ou um liberal? Quem arranca menos dinheiro do povo, em tributos? Quem gasta mais do que arrecada, deixando aos seus sucessores dívidas impagáveis? Um nazista gasta mais que um democrata? Essas perguntas se justificam, à vista da ignorância do povo sobre as consequências concretas das doutrinas políticas na nossa vida. Aliás, a maioria vive sem pensar… E, pior, há quem governe, com diploma na parede e anel no dedo, e não sabe ou (o que é ainda pior) finge não saber e deixa o Estado endividado.
A multiplicação de incompetentes, e/ou mal-intencionados, na condução da “coisa pública”, justifica a hipótese de que só contadores deveriam ser nomeados secretários, diretores e ministros de Fazenda. Enquanto aqueles, os economistas, parecem se preocupar com ideias gerais, os contadores cuidam, zelosamente, do débito e do crédito, como as donas-de-casa, para que não falte o necessário para comprar comida. A vida pública é a vida doméstica ampliada, sofisticada…
Bagagem
“Rotação no poder. Precisamos sair dessa, depende só de nós mesmos. Está provado, após tantos anos, que na prática a teoria apodrece pelas ações ou pelas omissões dos políticos. Então, mesmo sacrificando uma minoria de bons, vamos trocar todos por outros, sucessivamente, extirpando o carreirismo e aprimorando as instituições. Aquela cadeira não deve ser cativa de ninguém, deve ser nossa em rodízio permanente. Contra o radicalismo da incompetência, da omissão, das mordomias e corrupções, o radicalismo da rejeição”. (O Timoneiro, 29 setembro 2000).
***
“Democracia. O que já se disse e o que se escreveu sobre o que seja democracia encheria diversos volumes. Ocorre que, por necessidade de ganhar a vida, ou simplesmente aparecer, no primeiro caso para alimentar a barriga, no segundo caso para alimentar a vaidade, gente demais falou e escreveu sobre o tema. E daí nasceu alguma complicação, quando a simplicidade deve ser o objetivo. Democracia é conteúdo, não é continente. Democracia é o remédio genérico para nossa doença de injustiça. Os métodos específicos variam conforme as ideologias, que não morreram, não, desde que se respeite o supremo bem inalienável, a liberdade”. (O Timoneiro, 16 junho 2000).