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Pelo menos R$ 22 MILHÕES já empenhados em janeiro para apenas três empresas

Marinônio Service, Mecanicapina e W.K Borges são as agraciadas com montante só em janeiro

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Av. Boqueirão, no Guajuviras

Av. Boqueirão, no Guajuviras, estava assim. Foto: Divulgação/OT

Por Bruno Lara

O lixo continua em quase todas as ruas do município, mas as empresas responsáveis pela limpeza e manutenção das vias estão recebendo e não é pouco dinheiro. Os serviços são amplos.

O que chama a atenção da população é o montante já empenhado para as empresas Mecanicapina, Marinônio Service e o grupo W. K. Borges, que prestam quase todos os serviços disponíveis no município: Um total superior aos R$ 22 milhões retirados dos cofres públicos. Todos os dados estão no Portal da Transparência da Prefeitura de Canoas.

 

R$ 2 milhões para a Marinônio

Houve novo empenho este ano, em nome da empresa contratada com dispensa de licitação. O valor, R$ 720.000,00, é referente ao período de dezembro de 2015. Para a execução dos serviços de capina manual e mecanizada de vias e logradouros públicos; pintura de meio fio; organização de equipes de trabalho. O contrato é com a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, atualmente comandada por Alcy Paulo de Oliveira, o Cica.

 

Pintura de meio-fio

Outro contrato celebrado com a empresa este ano chama ainda mais a atenção em função do valor. Este é referente a serviços prestados de capina manual e mecanizada, pintura de meio-fio de vias e logradouros públicos e também organização de equipes de trabalho. O empenho, de R$ 2.160.000,00, é apenas para três meses: Janeiro, fevereiro e março. Somados, os dois empenhos chegam a R$ 2.880.000,00.

 

R$ 13 milhões para a Mecanicapina

Só a Mecanicapina já acumula valor superior a R$ 13.278.575,00. Os contratos são variados e contemplam áreas como o meio ambiente, as escolas, os aterros sanitários e os resíduos sólidos.

 

Meio Ambiente

Para o ano de 2016, a empresa já foi contratada para os “serviços especializados na área ambiental”. Nisto consta o fornecimento de mão de obra, materiais, insumos, remédios, vacinas, alimentação para o plantel de animais, para a manutenção e operação do zoológico municipal de canoas, incluindo a contratação de veterinário e tratador junto ao canil municipal – Centro de Bem Estar Animal. O empenho é no valor de R$ 50.271,00.

 

Aterro Sanitário

Também com dispensa de licitação, a empresa foi contratada para o período de janeiro até junho deste ano, pelo montante de R$ 486.552,00, para a manutenção, monitoramento e operação da unidade de transbordo no aterro sanitário Guajuviras.

 

Resíduos sólidos

Contrato com a Mecanicapina referente à prestação de serviços de coleta e transporte dos resíduos sólidos dos serviços de saúde, implantação, operação e manutenção de unidade de tratamento de resíduos sólidos dos serviços de saúde, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos dos serviços de saúde, referente ao período de novembro à dezembro de 2015. Empenhado: R$ 115.452,00

 

Roçada, capina, pintura

Contrato através de Pregão Presencial no período de novembro e dezembro do ano passado. Empenhados R$ 640.000,00 em janeiro de 2016. O mesmo refere-se aos serviços de roçada, capina, limpeza geral e pintura de meios fios em praças, parques e áreas verdes, ajardinamento/paisagismo em locais públicos, zeladoria (limpeza, higienização e manutenção) de sanitários públicos em todos os quadrantes da cidade.

 

Limpeza de entulhos

Contrato substituindo a “NE 2101000567/2015”. Este se refere ao período de setembro a dezembro ainda do ano passado. A contratação era de prestação de serviço para limpeza manual e mecânica de vegetação ou de entulhos e o respectivo recolhimento e destinação de resíduos retirados das áreas, cercamento e revitalização de áreas degradas de áreas públicas ou de livre acesso em áreas privadas ou públicas, para atender às necessidades da SMSU. Empenhados: R$ 400.000,00.

 

Varrição I

Com dispensa de licitação, para o período de novembro e dezembro de 2015. Serviços de varrição manual das vias e logradouros públicos. Empenhado: R$ 406.200,00.

 

Coleta de Resíduos Sólidos

Sem licitação, empresa contratada para, nos meses de novembro e dezembro de 2015, executar os serviços de coleta e transporte dos resíduos sólidos domiciliares até o aterro sanitário guajuviras e/ou unidade de transbordo localizada na Fazenda Guajuviras. Empenhados: R$ 1.440.732,00.

 

Coleta de Resíduos Solídos II

Em outro contrato, também sem licitação e para o mesmo período, contra a empresa para o serviços de coleta conteinerizada de resíduos sólidos domésticos e transporte até o aterro sanitário guajuviras e/ou unidade de transbordo localizada na Fazenda Guajuviras. Empenhados: R$ 417.058,82.

 

Resíduos sólidos III

Outro contrato, já o de número 276/15, também com dispensa de licitação a empresa foi contrata para a prestação de serviços de coleta e transporte dos resíduos sólidos dos serviços de saúde, implantação, operação e manutenção de unidade de tratamento de resíduos sólidos dos serviços de saúde de janeiro a junho de 2016 por R$ 346.356,00.

 

Resíduos Sólidos IV

Igualmente sem licitação, este último contrato dos resíduos bateu recorde. Com R$ 4.322.196,00 empenhados em 26 de janeiro deste ano, o poder público contratou a Mecanicapina para, de janeiro e junho, executar os serviços de coleta e transporte dos resíduos sólidos domiciliares até a unidade de transbordo/aterro sanitário Guajuviras.

 

Resíduos sólidos V

R$ 1.251.176,46 sem licitação, de janeiro a junho de 2016, para o serviço de coleta conteinerizada de resíduos sólidos domésticos e transporte até a unidade de transbordo/aterro sanitário Guajuviras.

 

Cemitérios

Para o período de janeiro a julho de 2016, a Mecanicapina já faturou um empenho no valor de R$ 1.428.682,50 para a prestação de serviços de manutenção, monitoramento ambiental e zeladoria de dois cemitérios municipais.

 

Varrição II

Com dispensa de licitação, a empresa foi contratada para, de janeiro a junho de 2016, prestas o serviço de varrição manual das vias e logradouros públicos. Tudo isso por R$ 1.218.600,00.

 

R$ 6 milhões para a W.K. Borges

Todos os empenhos até o momento para o Grupo substituem outros empenhos. “Este empenho substitui parcialmente o de número 1101002903/15”, para o serviço de preparação de alimentação escolar, limpeza de ambientes internos e externos das escolas. “realizados pela equipe própria da contratada ou de terceiros”. Empenhados: R$ 1.357.236,06 “Este empenho substitui parcialmente o de número 1101003638/2015”, para o mesmo serviço anteriormente citado para o período de junho de 2015. Empenhados: R$ 1.235.685,64.  “Este empenho substitui parcialmente o de número 1101003740/15”, para os mesmos serviços citados acima para o período de setembro de 2015. Empenhados: R$ 1.238.090,74. “Este empenho substitui parcialmente o de número 1101004555/15”, mesmo serviços, para o período de outubro de 2015. Empenhados: R$ 1.439.640,43. “Este empenho substitui o de número 1101004965/15”, para o período de novembro de 2015, os mesmos serviços. Empenhados: R$ 1.439.640,43. Ao todo, cerca de R$ 6.710.291,00 empenhados.

 

 Choque de Limpeza Especial custou ainda mais caro

Engana-se aquele que pensa que o custo acima citado contemplou o Choque de Limpeza Especial propagandeado pela Prefeitura. Isto porque duas outras empresas foram contratadas para tal serviço. São elas, a J.C. Lopes e a Urban e Mak. Presente no Portal da Transparência da Prefeitura de Canoas, um empenho realizado em 12 de janeiro deste ano, para a J.C. Lopes, referente à locação de caminhões e máquinas pesadas, incluindo motoristas, operadores e ajudantes para o recolhimento de galhos, caliça e outros materiais depositados em locais públicos, proporcionando o destino final correto para estes com o objetivo de atender às necessidades da SMSU pode ser visto. Ele saiu no valor de R$ 865.000,00. A Urban e Mak não aparece no Portal e a Prefeitura não divulgou os débitos.

 

O que diz a Prefeitura

A atual administração informou que as empresas que atuam nesta ação são a JC Lopes, Urban e Mak, prestando serviço de locação de caminhões e equipamentos para a limpeza de entulhos e focos de lixo. “Desde o dia 6 de janeiro foram recolhidas 936 cargas de caminhões caçamba nas regiões sudoeste, sudeste, noroeste e nordeste da cidade”. Lembrou também que, de outubro a dezembro de 2015, foram retirados 5.927 cargas de entulhos.

Sobre a dispensa de licitação, informou que “os contratos emergenciais com a Marinônio e Mecanicapina foram necessários em função do rompimento com a empresa Revita, que não cumpriu com os serviços de limpeza pública previstos no contrato”. O rompimento do contrato com a empresa Revitá, no entanto, ocorreu em dezembro de 2014, ou seja, há mais de um ano.

A respeito das empresas que receberam a elevada quantia, respondeu que “a Marinônio realiza os serviços de capina e pintura de meio fio. A Mecanicapina faz a coleta conteinerizada, coleta domiciliar, coleta de saúde e varrição. Os demais contratos da Prefeitura com a Mecanicapina são por meio de licitação”. Reiterou que, atualmente, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSU) não tem contrato com a empresa WK Borges. Os mesmos, segundo apurado pela redação de O Timoneiro, são firmados com a secretaria de educação.


 

AVENIDA RIO DOS SINOS
Sobra lixo, falta iluminação pública

Avenida Rio dos Sinos

Avenida Rio dos Sinos, no Harmonia, tem lixão a céu aberto. Foto: Bruno Lara/OT

A reclamação é antiga. Segundo os moradores, o lixo faz parte do dia a dia dos moradores da avenida que leva os canoenses do centro até o fim do bairro Harmonia. Basta a Prefeitura limpar o local para que, minutos depois, moradores despejem mais dejetos no local.

Móveis, canos de PVC, caixas, madeiras, ferro, tejolos, pneus, placas de campanha de candidatos das últimas eleições, sacolas, telhas, caixas de leite, galhos de árvores, embalagens, cimento, entre tantas outras coisas povoam o que deveria ser uma calçada na parte arborizada que separa a avenida dos trilhos que cruzam Canoas.

Para a cozinheira Lucía Aparecida, 21 anos, a situação além de ruim é recorrente. “Toda a vida é assim, essa sujeira. Quando a Prefeitura vem limpar, deixam sujeira ainda e, no mesmo dia, logo após saírem, eles começam a por de novo”, reclama. Segundo ela, o tipo de resíduo é variado. “De todo o tipo. É bicho morto, lixo de banheiro, fralda de criança, roupas, uma nojeira”, lamenta.

Outro problema recorrente no bairro é a falta do fornecimento de água e energia elétrica. Para Aparecida, é um dos último a receber energia elétrica. “É uma tristeza. Basta dar um ventinho, uma chuvinha e falta energia. Ontem (terça-feira, 26) ainda foi rápido, foi questão de horas”, salienta lembrando o normal é aguardar durante quatro a cinco dias pelo retorno da eletricidade.

Outro morador, que preferiu não ser identificado, reclamou que os postes que iluminam a rua não contemplam esta área e não chegam até o final da avenida, deixando parte da via sem a iluminação pública. “Nós pagamos por isso sem ter”, reclamou. Segundo ele, um sofá abandonado no terreno serve de escritório para o tráfico de drogas. “Onde está o sofá é ponto de venda de drogas todos os dias. Quatro caras ficam ali. O prefeito só prometeu resolver e não fez nada até hoje”, completou.


 

PNEUS E FLORES COMO BOM EXEMPLO
Visual tem melhorado em pontos conhecidos por acúmulo de lixo em diversos bairros

Ab. Boqueirão, no Guajuviras, em processo de revitalização pelos moradores.

Ab. Boqueirão, no Guajuviras, em processo de revitalização pelos moradores. Foto: Divulgação/OT

Na falta de ação do poder público, os moradores começaram a se organizar na cidade no intuito de resolver o problema recorrente do acúmulo de lixo em diversas áreas. Quem frequenta a praça da rótula entre as ruas 22 de abriu e a rua Brasília, no bairro Nossa Senhora das Graças, se deparou com uma novidade. O lixo, antes ali amontoado, deu lugar para as flores plantadas pela comunidade em pneus coloridos.

O mesmo se repetiu na rua Farroupilha, no bairro Niterói. Em dois pontos tradicionais pelo descarte irregular do lixo, um dele na esquina com a rua Augusto Severo, hoje é possível conviver com as flores.

A avenida Boqueirão, do outro lado da cidade, recebeu o mesmo tratamento, seguindo a ideia dos demais pontos. A dona de casa Liliane Araújo, moradora do bairro Guajuviras, faz questão de salientar. “Toda a comunidade participou”, eximindo-se da culpa que seria levar o crédito todo sozinha. “Tínhamos um problema de um lixão muito grande. A comunidade toda se envolveu. Pedíamos para a Prefeitura, mas não se resolvia. Então, depois que a Prefeitura limpou a área, a comunidade foi lá e plantou as flores nos pneus”, recorda do procedimento que desde dezembro do ano passado mudou o visual do terreno.

Ainda há muito o que fazer. “Faltou uma placa para não colocar lixo. A gente está pedindo a placa e atitudes que evitem que as pessoas coloquem mais lixo e uma praça (daquelas com ginástica). Precisamos de uma mão. Precisamos de mais terra. Fizemos algo rápido”, pediu a moradora que falou em nome dos que trabalharam no local.

Mas a iniciativa já encontra seus problemas. Segundo Liliane, seis sacos de lixo já foram retirados de lá, pois mesmo após a reforma, alguns insistem em depositar sacolas no local. “O espaço grande que sobrou, estão botando lixo”, salienta a importância de ocupar os espaços. A inspiradora atitude das flores nos pneus continua encantando e resolvendo o problema que há anos povoa Canoas e ultrapassa administrações sem uma solução.

Av. Boqueirão, no Guajuviras, ficou assim. Foto: Divulgação/OT

Av. Boqueirão, no Guajuviras, ficou assim. Foto: Divulgação/OT

 

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Sorteio do Minha Casa, Minha Vida contempla 250 famílias. Confira lista.

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Foto: Jhennifer Wolleng

Com transmissão ao vivo pela internet, a Prefeitura de Canoas, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação, realizou nesta quarta-feira (16) o sorteio do programa Minha Casa, Minha Vida. No auditório Sady Schivitz, na sede da Prefeitura, foram contempladas 250 famílias, que irão morar nos Residenciais Pistoia e Santa Fé, no bairro Rio Branco. Também foram sorteados os candidatos suplentes.

Os dois complexos habitacionais estão em fase de construção, com previsão de entrega dos imóveis para setembro deste ano. Antes de ocupar o imóvel em definitivo, os contemplados passarão pelo processo de análise documental na Caixa Econômica Federal e pelo trabalho técnico-social da Prefeitura, que promove um processo de adaptação das famílias à nova moradia.

Confira aqui a lista dos sorteados

Ao todo, os Residenciais Pistoia e Santa Fé oferecem 500 unidades habitacionais. A outra metade das famílias que irá morar no local será reassentada, já que ocupavam anteriormente invasões que foram alvo de reintegração de posse pelo município.

Nesta quarta-feira, participaram do sorteio os cidadãos que realizaram o recadastramento. Enquadram-se nos critérios nacionais famílias residentes em áreas de risco, insalubres ou que tenham sido desabrigadas, comprovado por declaração do ente público; famílias com mulheres responsáveis pela unidade familiar, comprovado por autodeclaração; e famílias das quais faça(m) parte pessoa(s) com deficiência, comprovado com a apresentação de atestado médico.

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Assembleia de Deus comemora 80 anos de fundação em Canoas

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A igreja Assembleia de Deus, de Canoas, comemora uma marco importante na cidade. O Jubileu de Carvalho da entidade ocorre nesta sexta-feira, 18 de agosto, e terá programação intensa de comemorações. O pastor Edegar Machado, líder da igreja no município há mais de 30 anos, recebeu a reportagem de O Timoneiro para falar acerca da programação das celebrações e sobre a atuação na cidade.

Tamanho

A importância da Assembleia de Deus, de Canoas, é contada também em números. A instituição, de acordo com Edegar, abrange atualmente 16 mil membros e conta com 88 igrejas na cidade. “A igreja se expandiu através do trabalho missionário e atua em diversos ponto do mundo”, conta Edegar.

Visão Social

O pastor destaca a visão social da instituição: “Não temos somente o trabalho espiritual, mas cuidamos do lado social. Eu considero isso como a outra mão da igreja. Nós temos o lado humano, que é alcançar as pessoas em suas necessidades”, comenta. O trabalho realizado abrange especialmente o cuidado de crianças. Edegar ainda citou projetos como escolas artesanais, que ajudam no desenvolvimento de trabalhos comunitários, além de postos de distribuição de sopa vinculados à Associação Beneficente Lar Esperança de Canoas , onde são atendidas cerca de mil crianças por semana.

Programação

A igreja promove cultos de celebração na sexta-feira, 19, até domingo, 20, no templo central da Assembleia de Deus, no bairro Mathias Velho. No domingo, a partir das 9 horas, ocorre concentração na praça Antonio Beló, na Rua Dr. Barcelos, onde será inaugurado um monumento em homenagem aos 80 anos da igreja. Após, são esperadas quatro mil pessoas para uma caminhada até o templo central da instituição, onde ocorrerá culto de graças.

História

Por determinação do pastorado da Igreja em Porto Alegre, o evangelista Amaro dos Santos foi designado, em 1937, para cuidar do trabalho da instituição em Canoas. Os primeiros cultos ocorreram no bairro Niterói. Ficou marcado na história da igreja um grande culto, realizado junto a uma figueira localizada nas proximidades da casa de André Lemos, em 18 de agosto de 1937. O local permanece com a figueira até hoje e, por conta disso, foi escolhido como local para a homenagem aos 80 anos da instituição.

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Canoense tem 94 anos de futebol, mídia, direção e simplicidade

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Marcelo Grisa

Hélio Ferreira da Silva nasceu em 1º de outubro de 1923. Filho de empregados na fazenda do estancieiro Victor Barreto, o motorista aposentado viu a história do século XX como poucos canoenses puderam. Hélio hoje mora com os sobrinhos Júlio Ragazzon e Raquel Araújo. E esta é sua história.

O futebol e a guerra

No começo de 1932, Hélio observava o nascimento do Sport Club Oriente, um dos mais tradicionais de Canoas. Alguns anos depois, jogou no time e virou craque. Como atacante central, marcava muitos gols.

A incipiente trajetória de Hélio Ferreira no futebol incluiu passagens pelo Canoense e até mesmo no Grêmio. Entretanto, uma grave lesão o afastou em definitivo dos gramados. Uma “pisada” deixou como lembrança um esmagamento logo acima do joelho. “Eu até poderia jogar, mas nunca mais fui. Deu muito medo”, explica.
“Às vezes eu ainda sonho com as mulheres da arquibancada me chamando. Parece que me vejo jogando de novo”, admite. Mas a vida ainda tinha reservado muito mais para o canoense de fala fácil e sorriso alegre.

Nesta época, o canoense já estava na Aeronáutica. Começava a Segunda Guerra Mundial, e todos no quartel ficavam de prontidão, recebendo apenas um dia de folga por semana. “Eu ficava em casa de farda. Se a sirene tocasse, tínhamos meia hora para nos apresentar”, lembra.

Hélio Ferreira da Silva, entretanto, nunca veria os fronts da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália. Há poucos dias de ser embarcado para o campo de batalha, chegava o mês setembro de 1945. A guerra acaba.

Hélio “Caldas” e Ernesto Geisel

Mesmo antes, durante e depois da guerra, a vivência nas Forças Armadas proporcionou o que seria uma de suas maiores paixões: os carros. Depois de sete anos, saiu da Aeronáutica e tornou-se motorista particular. Acabou por trabalhar 40 anos de sua vida para a Companhia Jornalística Caldas Júnior, dona do jornal Correio do Povo, como motorista da família de Breno Caldas. Por muito tempo, sua família morou na propriedade da família Caldas no bairro Belém Novo, em Porto Alegre.

Recentemente, Hélio visitou os netos de Breno, que o chamaram de “Hélio Caldas”, tamanha fora sua contribuição para a família.
Mas as mais histórias das quais Hélio mais se lembra são aquelas que envolviam os governos da ditadura militar. Primeiro, quando o golpe era dado, em 1º de abril de 1964, Breno Caldas pediu ao motorista que buscasse suas filhas na Rua Coronel Bordini, no bairro Auxiliadora, e as trouxesse ao Belém Novo. Recebeu uma arma, e deveria impedir, depois de todos em casa, que qualquer um entrasse na propriedade. Tendo que lidar com militares às portas do terreno, Hélio deixou-os entrar, mas cuidou cada movimento deles. Depois de uma medição no terreno – o que acontecia no local com frequência – eles foram embora sem maiores percalços.

Em outra oportunidade, em razão do aniversário de Breno Caldas, o presidente Ernesto Geisel, também gaúcho, veio até a fazenda para parabenizá-lo. Hélio teve que esconder um papagaio, que era ilegal, da vista do mandatário. Como um dos genros do patrão acabou por entregar a existência da ave, Geisel exigiu vê-la.
O que se sucedeu, entretanto, tranquilizou a todos. Ao ver o papagaio, que havia sido ensinado a falar muitos palavrões, o presidente desatou-se a rir mesmo sendo xingado pelo bicho.

Cuidado com o caminhão

Ao aposentar-se, Breno Caldas queria que Hélio continuasse trabalhando para ele, mesmo que não mais tendo carteira assinada por sua companhia. Não era bem sua ideia: eram os anos finais da Caldas Júnior antes de sua venda, e o motorista tinha o sonho de ter um caminhão e trabalhar com entregas.

Acabou recebendo a chave de um veículo à sua escolha entre 18 que estavam na garagem da propriedade, escondidos dos credores. “Breno puxou um bolo de chaves do bolso e disse: ‘Escolhe uma. Pode pegar.’ Mais tarde fui lá e escolhi um caminhão.”

Graças à rápida passagem da titularidade dos documentos, Hélio pode ficar com o veículo até poucos anos atrás, quando parou de dirigir. “Não quero me gabar, mas nunca causei nenhum acidente. Com a idade, preferi pedir para o Júlio aqui me levar nos lugares. Não é agora que eu vou ter um solavanco e acabar machucando alguém”, preocupa-se.

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