Bruno Lara
A ideia era boa. Um espaço para cuidar dos animais e dar assistência para os moradores que gostam de cuidar, aqueles que por vezes até adotam animais de rua. Mas o Centro de Bem Estar Animal parece não estar atendendo bem a demanda. Há cerca de dois anos, o taxista Ricardo Nunes Tesch, 41 anos, entrou em contato com a estrutura, mas não obteve resposta. Em função disso, a situação foi piorando e está cada vez mais inviável manter os animais em casa.
Segundo ele, em função de criar cinco gatos persas, outros foram largados em seu pátio por donos que não queriam ou não tinham mais condições de cuidar de seus felinos. “Esses dois gatos foram largados aqui e foram dando cria. Um pouco eu consegui dar. Os outros, eu levo na agropecuária e tudo o mais. Já fui à Prefeitura, pedi para levarem ou, ao menos, castrarem, mas não deram importância. Já faz dois anos e eles só enrolam”, reclama.
Além dos seus cinco gatos de raça, o taxista que há seis anos exerce a profissão de rodar as ruas do município está com mais oito gatos grandes em casa e mais três filhotes recém nascidos, além de dois cachorros, um de tamanho médio e outro grande. “Não tive nenhuma ajuda sobre o que pedi pra eles. Já são oito gatos grandes, mais três filhotes e tive que pagar para doar mais três na agropecuária”, comenta.
Segundo ele, os próprios vizinhos largam os animais no casa que, além dele e dos pets, abriga mais sua esposa e seu filho. “Eu gasto mais com eles do que com a família. Um adicional de R$ 400 ao mês no orçamento”, expõe.
Localizado na avenida Boqueirão, no bairro Igara, o Centro de Bem Estar Animal atende das 8 horas às 18 horas com a responsabilidade de construir políticas focadas na prevenção e conscientização para a proteção de animais domésticos, em especial aqueles em condições de maus-tratos e abandono. Essas medidas envolvem a esterilização, a
implantação de chip de identificação e uma campanha permanente para a posse responsável desses animais. Além disso, esta coordenadoria administra o espaço de aproximadamente 400 m² que cuida da reabilitação que necessitarem de atendimento veterinário. Lá estão instalados consultório veterinário, duas salas cirúrgicas, quatro baias para equinos, 34 boxes para cães, sala de esterilização, uma sala com 12 boxes para a recuperação pós-cirúrgica, sala de administração, sala de reuniões, copa e cozinha, sala de recepção, vestiários, depósitos para
rações, remédios, materiais esterilizados, materiais de limpeza e outros. O investimento na construção foi de R$ 893.751,45.
O que diz a Prefeitura
A Prefeitura respondeu que a “demanda de animais de rua é muito grande e, por isso, o CBEA, hoje, dá atenção aos que não têmtutor e precisam de atendimento”. Segundo o órgão, atualmente, o Centro conta 80 animais esperando adoção. “Esses são da época em que se recolhiam animais saudáveis e os deixavam nos canis”. Hoje o local tem capacidade para 45 pacientes. Desde 2013, conforme informações do Bem-Estar Animal, mais de 3 mil animais
entre cães, gatos e oito cavalos. Contabilizam ao todo mais de 7,5 mil castrações. Em média, o custo mensal da unidade é de R$ 30 mil/mês para atendimentos, alimentação, e tratamento dos animais que passam pela
estrutura que mantém 12 funcionários. “Entende-se que seria o procedimento correto e dentro da política de bem-estar animal desta municipalidade a castração destes animais para estancar a procriação desenfreada. Para tanto, pedimos que o Sr. Ricardo entre em contato com o Secretário Cristiano Moraes, para juntos buscarem uma solução”, responde a administração municipal