Um acidente de moto, em 18 de maio de 2015, foi o evento trágico responsável por mostrar ao morador do centro de Canoas, João Carlos Soares dos Santos, 55 anos, aposentado, a situação em que vive a saúde do município.
Após passar três meses internado no Hospital Universitário (HU), João Carlos teve alta em setembro do ano passado, após uma cirurgia de reparação que colocou sete parafusos na perna esquerda. Ele teve, segundo o prontuário, “fratura cominutiva distal no fêmur esquerdo corrigida cirurgicamente com placa e parafusos metálicos”, além de um derrame articular no joelho. “Procurei a secretaria de saúde por duas vezes, dizem que vão chamar e nunca chamam. No meu ponto de vista, o SUS está sendo muito mal atendido. Fui abandonado”, desabafa.
Para João, a insatisfação se dá em função da demora no retorno para os procedimentos que ainda são necessários
para dar continuidade ao tratamento, como a fisioterapia, que ele aguarda a mais de três meses. Segundo João, ainda é necessário retornar a uma consulta com o médico para marcar, aí sim, quando começará a fazer a fisioterapia.
Na semana passada, após questionada sobre o caso, a Prefeitura procurou João Carlos. “Marcaram para o dia quatro de fevereiro a consulta”, dá a boa notícia. Ele recebeu uma carta do Ministério da Saúde informando quanto que o procedimento nele realizado custou. O valor é surpreendente. Para o procedimento sequencial em ortopedia,
R$ 1.406,38 aos cofres públicos. Para o tratamento irúrgico de fratura da diáfise da tíbia, R$ 3.201,70. Para
o tratamento cirúrgico de fratura da diáfise da tíbia, R$ 1.454,34. Para o tratamento cirúrgico em politraumatizado,
R$ 5.465,63. No total, R$ 11.528,05 custeados pelo Sistema Único de Saúde, mas que não resultou em agilidade
no retorno do paciente para que a recuperação seja plena. Questionado se recomendaria o hospital a um amigou ou familiar, foi emblemático: “Não”.
O que diz a Prefeitura
A Secretaria Municipal de Saúde informou que em seu sistema constam dois pacientes com mesmo nome, sendo
que nenhum deles com solicitação de fisioterapia. “Tendo em conta que o cadastro dos usuários da rede pública de
saúde é de milhares de registros, a SMS solicita que as demandas desse tipo sejam acompanhadas de nome completo, CPF, endereço e telefone do interessado”, pede. Ainda segundo o órgão, há um trabalho permanentemente para “garantir a manutenção da qualidade dos serviços de saúde no Hospital Universitário. O fechamento dos leitos de retaguarda do HU, conforme reiterado durante a audiência pública realizada no dia 4 de dezembro, não
comprometeu a qualidade dos serviços neste hospital”, informou. Informou que a maioria não quis a reintegração.
“Com relação aos trabalhadores demitidos, 73 dos 85 so licitaram, solicitaram via SINDSaúde a não reintegração.
Os demais foram reintegrados”, respondeu.