Eu sempre gostei do Carnaval. Mais do que isso, sempre acreditei que é dever do poder público investir nas mais diversas manifestações culturais. No entanto, em tempos de crise as prioridades devem ser repensadas e os investimentos devem ser dosados. A Cultura não é menos importante que a Saúde ou a Educação, mas um investimento milionário em uma única festa, enquanto escolas e postos de saúde estão em colapso é um desrespeito com a população.
Em 2015 o Carnaval de Canoas foi cancelado e, na época, a Prefeitura afirmou que a as realização apenas de muambas nos bairros não só aproximava mais a população da festa como também representava uma considerável economia aos cofres públicos. Fica difícil de entender a razão que leva agora a mesma Prefeitura a manter a festa nos seus moldes tradicionais, no sambódromo do Parque Eduardo Gomes, se um ano atrás ela afirmava ter encontrado um modelo mais econômico e mais acessível ao povo canoense. Por que justamente agora, quando a crise no país está ainda pior, a administração municipal resolveu voltar ao modelo mais caro e menos inclusivo?
Não defendo, de forma alguma, o cancelamento das festividades de Carnaval, mas entendo que existem modelos mais condizentes com a realidade do município e do país neste momento. O dinheiro que seria gasto em um grande desfile poderia ter parte destinada à realização de festas mais econômicas, como as muambas descentralizadas de 2015, e o restante aplicado em áreas como a Saúde, a Educação ou mesmo em outros projetos da Cultura.
Entendo que ampliar recursos para Saúde e Educação seriam investimentos mais condizentes neste momento do que investir em um grande desfile. O motivo é lógico. Eu me importo com o Carnaval, muitas pessoas, assim como eu, também se importam. Mas a verdade é que somos minoria, a maior parcela da população canoense não se importa com o Carnaval e, quando se importa, prefere assistir pela televisão à transmissão dos vistosos desfiles do Rio de Janeiro. Por outro lado, a maioria esmagadora dos canoenses dependem de alguma forma dos sistemas públicos de Saúde e Educação. Faz muito mais sentido que se pense na necessidade da maioria do que na diversão da minoria.
Que seja feito um Carnaval que beneficie os canoenses que gostam da folia, mas que os custos e o formato levem em consideração o exemplo de outras Prefeituras que tem repensado suas festas em prol de áreas de grande interesse. Infelizmente, parece que Canoas precisa ser lembrada do exemplo que ela mesma deu em 2015. Quando o governo Jairo Jorge tem um raro acerto em um ano, parece que faz questão de desaprender e errar novamente no ano seguinte.
