Por Bruno Lara
O prefeito assumiu, nesta semana, de uma vez por todas, que os secretários de governo são escolhidos com base nos apoios partidários e não em suas competências. Após aceitar a indicação de Gilmar Pedruzzi para a Defesa Civil, a fim de garantir a presença do PSD de Patrício no governo, Jairo deu sua cartada final e expulsou o velho companheiro PMDB do governo. Grande erro. Só com este ato apressado e descuidado perdeu ao menos cinco vereadores da Câmara.
A relação entre PMDB e PDT, antes tão estável, foi abalada pelos cargos. Em capítulos anteriores o PT de Mário Cardoso (que deve ser o vice de Beth) distribui cargos ao PDT em um esforço para mantê-lo por perto. Deu a secretaria de obras para o vereador Dário da Silveira, abrindo caminho para o vereador Sidiclei Mancy na Câmara e, com isso, aumentando sua influência representativa dentro da sigla, uma vez que Lademir Silveira, presidente do partido, é suplente de Dário. O titular da pasta na oportunidade, Alcy Paulo de Oliveira, o Cica, foi então enviado ao Gabinete do Prefeito, aguardando como um coringa para ver onde melhor se encaixaria. Para apimentar ainda mais a recente separação, Jairo mandou Flávio Pandié – indicação do PMDB – embora e deu a pasta de Serviços Urbanos para Cica.
Os cortes não se resumiram apenas no partido do governador José Ivo Sartori. O PTB de Busato também perdeu espaço. Oswaldo Steffen, secretário de Transporte e Mobilidade indicado pelo PTB deixou o governo para Luiz Carlos Bertotto assumir novamente. E as trocas continuam. Na última semana, o prefeito exonerou 50 Cargos de Confiança (CCs) em uma jogada dupla. Ao mesmo tempo em que realiza o marketing de diminuir a já inchada máquina pública tirando CCs, mandou embora sem chamar atenção aqueles que eram indicações das agremiações que não seguirão o mesmo rumo que ele na sucessão.
Canoenses se perguntam então como estão os seus representantes. Na Câmara, uma voz ecoa quase solitária da bancada do PDT. O vereador Juares Hoy, que já se lançou pré-candidato, mas foi obrigado a recuar, usou as redes sociais na quarta-feira, 30, para se posicionar. “O Todo Poderoso Jairo Jorge Lula Dilma da Silva quer Ser Presidente de todos os partidos de Canoas e decidir que todos devem apoiar a Beth Colombo, que fugiu do PP e que irá para um partido de aluguel, e que ele receberá de Beth 10 Secretarias para distribuir entre seus apadrinhados”, denunciou afirmando que está com Busato em 2016. Isso tem significados distintos. O PDT tem até o sexto dia de janeiro para decidir quem apoiar. O secretário municipal Odelto Capeletti quer lugar na majoritária. O deputado estadual Pompeo de Mattos também quer uma posição mais contundente do partido. Tudo indica que, mesmo com todo o esforço do PT, o PDT está de retirada e não deve seguir com Jairo Jorge. Todos acham o contrário, mas na política tudo muda e a nova chapa parece ter mais o que oferecer do que cargos no governo.
Quem corre por fora é o novato Felipe Martini. Liderando o PSDB, já assumiu a responsabilidade de concorrer à majoritária e participa de encontros em bairros. Mesmo que a sigla carregue consigo a imagem do ex-prefeito e atual vereador Marcos Ronchetti, Martini parece desconhecer esse lado e seguir firme e com o apoio dos canoenses que enchem suas postagens nas redes sociais com comentários positivos. Um jovem de 37 anos e boa aparência, formado em direito, que promete incomodar no próximo pleito. Já ostenta força tendo como foto de perfil do Facebook um aperto de mãos com o presidente nacional do partido, Aécio Neves, último citado na Operação Lava-Jato da Polícia Federal, acusado de receber R$ 300 mil do doleiro Alberto Youssef. Cabe saber, no decorrer do jogo, se será apenas mais um ou um a mais.
O que se tem por certo é que, desta vez, não haverá blocão. Alguns partidos se decepcionaram com a gestão atual e roeram a corda. Beth Colombo terá muito mais trabalho que teve Jairo para se eleger. Se valer a tradição e a experiência em disputar campanhas, ganha Busato. Se valer o dinheiro e a influência na política, ganha Beth. Se o que valer for o não tradicional, o desconhecido, ganha Martini. Descobriremos nesta eleição o que vale mais.