Condenado pelo TCU, Gilmar Pedruzzi estava proibido de ocupar cargos e funções de comissão até 2008 por fraude em construções do INSS
Mais um velho conhecido do governo de Marcos Ronchetti (PSDB) está de volta no governo Jairo Jorge (PT). O nome da vez é Gilmar José Pedruzzi, que assume a Defesa Civil, pasta especial que era de responsabilidade de Rodolfo Pacheco (2013-2016). Pacheco é Coronel da reserva da Brigada Militar, pós-graduado em Segurança Pública pela Pontifícia Universidade Católica (PUC/RS) e já foi secretário adjunto da Casa Militar do Estado (2011/2012) e comandante do 15º Batalhão da Polícia Militar (BPM) entre 2004 e 2009. Foi exonerado do cargo, segundo ele, a pedido do presidente municipal do PSD, vereador Patrício. Segundo coluna assinada pela jornalista Iara Gonçalves, do jornal Diário de Canoas, na quarta-feira, 9, Patrício “esperava mais partidariamente dele”.
Na segunda-feira, 7 de dezembro, através das redes sociais, Pacheco comunicou que recebeu uma ligação lhe avisando de sua exoneração do cargo que hoje pertence ao partido. “A reunião do Secretariado no dia de hoje, já estava preparado, pois a Secretária Chefe de Gabinete, me ligou na sexta e informou que isto iria ocorrer … substituição está a pedido do Vereador PATRÍCIO presidente do PSD Canoas… Aprendi a conhecer pessoas… NÃO ME SURPREENDI… estamos aguardando o ato Oficial… com a mesma tranquilidade que entrei”. O comentário gerou murmurinho.
Zamora veio do Tarso
Na mesma data, a Prefeitura realizava sua 236ª reunião de secretariado, onde foram empossados novos três titulares. O primeiro, para a Procuradoria Geral do Município (PGM), foi Ricardo Zamora, que há mais de um ano estava como Controlador do Município desde 24 de abril de 2015. Zamora foi chefe de gabinete do ex-governador do estado do Rio Grande do Sul, Tarso Genro. Também atuou chefe de gabinete da Controladoria Geral da União (CGU), na gestão do Ministro Waldir Pires, também petista. Na oportunidade, OT publicou que a credibilidade do novo secretario já chegava abalada, uma vez que muitos acreditam que a vinda do controlador-geral significava a acomodação de cargos perdidos na eleição de outubro de 2014, com a vitória de José Ivo Sartori (PMDB).
A briga por Accinelli
A Controladoria Geral do Município (CGM), por sua vez, recebeu Paulo Accinelli. O Partido dos Trabalhadores realizou diversas manobras dentro da Câmara de Vereadores para mantê-lo na sigla. Os vereadores pediam licenças para que Accinelli pudesse assumir e assim abrir espaço para o companheiro. Além da Câmara, nesta gestão, atuou como subprefeito, chefe de captação de recursos e adjunto do Gabinete do Prefeito. A nova estratégia é na CGM. Em 2012, concorrendo pelos trabalhadores na coligação com o PRB, arrecadou 2.153 votos. Segundo fontes, ele era assediado pelo partido Solidariedade.
OT denunciou em 2004
Em 2004 O Timoneiro publicou matéria especial e exclusiva sobre Gilmar José Pedruzzi. A reportagem trouxe à tona o recebimento de R$ 320 mil da Prefeitura de Canoas por meio de uma entidade que ele controlava: a Social Democracia Sindical (SDS), para a realização da 4ª Festa do Trabalhador, que até 2003 foi realizada pelo órgão. Ele foi condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e processado pelo Ministério Público Federal (MPF). No ano de 2004 estava como Secretário Municipal de Assistência Social, Cidadania e Trabalho.
Social Democracia Sindical
Em uma sessão tumultuada na Câmara dos Vereadores, no dia 30 de março de 2004, ele negou ser presidente da SDS e que mantivesse controle da entidade. O Timoneiro publicou na mesma reportagem diversas páginas na internet onde consta o nome de Pedruzzi como presidente da mesma, inclusive na página da SDS nacional, apontando o mesmo como coordenador estadual.
Foram encontrados, também, processos movidos pela União contra Gilmar. A partir de pesquisas em sites oficiais, OT mostrou ainda em 2004, com acessos inclusive a documentos que comprovavam que o novo secretário especial da Defesa Civil foi condenado por “Fraude em processo licitatório; Certificação falsa de conclusão de obra para recebimento de pagamento e; Emissão de nota fiscal ‘fria’” quando era presidente substituto da Delegacia Regional do Trabalho no Estado, nos anos de 1994 e 1995.
Em 2005, através do decreto de nº 5, de primeiro de janeiro, Pedruzzi era nomeado “para o cargo em Comissão CC-1, de Secretário Municipal de Obras Públicas, com regime de horário de 40 horas semanais, integrante do Quadro dos Cargos em Comissão, a contar de 01.01.2005”. Este mês retornando ao governo agora com o crivo do petista Jairo Jorge. Na época atuava como presidente municipal do partido do então prefeito, Marcos Ronchetti, o PSDB. Também como diretor do Trabalho de Canoas até o dia 31 de março de 2004, ano em que se lançou pré- candidato a vereador.
INSS
A fraude acima citada correspondia a restauração de um prédio do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) em Uruguaiana para a instalação de subdelegacia do DRT no município. Ele recebeu uma multa de R$ 8 mil e ficou inabilitado a exercer cargos em comissão ou função de confiança e proibido de licitar.
O que diz a Prefeitura
Questionada sobre a ligação política do novo secretário com o governo anterior e sua condenação, a Administração não respondeu à reportagem até o fechamento deste texto.