Uma movimentação em frente ao Paço Municipal gerou transtorno e chamou a atenção dos transeuntes na tarde desta sexta-feira, 27, e não era a decoração do natal sendo instalada no centro da cidade. Dezenas de pessoas ocuparam a rua XV de janeiro, em frente à Prefeitura, para reivindicar uma atitude do poder público em função das demissões na empresa MWM.
A fabricante de caminhões e motores, instalada há mais de 20 anos no bairro São Luís, anunciou que fechará as portas no próximo ano. No início de 2015, ostentava uma folha de pagamento de cerca de 1.300 funcionários. Porém, já demitiu mais de 700 e deve, até fevereiro de 2016, dispensar os demais postos de trabalho.
Para Vitor Luiz Schwrtner, um dos líderes do movimento, os representantes estão sendo omissos. “O motivo do movimento é o fechamento da MWM e o desemprego em massa que vem acontecendo dentro do setor dos metalúrgicos de Canoas, que até este momento já são mais de dois mil, e denunciar a omissão das autoridades políticas locais e o próprio sindicato metalúrgico por ser omisso, por não fazer a luta”, destaca.
Segundo ele, o movimento ocorre na sede do poder Executivo, pois o mesmo esteve junto dos trabalhadores quando o contrato foi fechado, mas não quando o mesmo foi recindido. “Há um ano e três meses atrás, ela (Prefeitura) esteve presente e festejou junto conosco quando houve a assinatura de uma linha de caminhões dentro da MWM. E nem um ano depois, com o investimento de R$ 50 milhões e com incentivos fiscais, com dinheiro público envolvido, em menos de um ano depois se anuncia o fechamento dessa empresa. Para nós é muito estranho. Então por isso, especificamente, esse ato é na frente da Prefeitura para tentar explicar onde investiu o dinheiro”, cobra.
Representantes da Central Sindical e Popular (CSP) Conlutas, do Sindisaúde, do Movimento de Luta Socialista (MLS), e do Cpers estiveram presentes. Representando o 20º núcleo do Centro dos Professores do Rio Grande do Sul (Cpers), a diretora Cleusa Werner participou para mostrar solidariedade. “A gente veio prestar solidariedade aos trabalhadores, pais de família, que estão na eminência de perder seus empregos pelo fato da MWM estar fechando as portas em Canoas. Primeiro usou dos recursos públicos e incentivos fiscais que foram dados e agora estão indo embora”, salienta.
Rejane de Oliveira, presidente do Cpers Sindicato, foi além. Para ela, houve uma contradição no discurso do prefeito da cidade, Jairo Jorge (PT). “O Prefeito foi com os deputados estaduais até a MWM dizer para os funcionários vestirem a camiseta, pois o governo estava investindo para abrir mais postos de trabalho. Por isso estamos aqui”, disse ao microfone.
Também estiveram na manifestação militantes do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) e do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Vera Guasso, 52 anos, que foi candidata à deputada estadual em 2014 pelo PSTU, alcançando 5.589 e com isso a suplência para a Assembleia Legislativa, esteve no ato.
“Estamos aqui representando a CSP Conlutas, uma central sindical independente que está sempre junto com os trabalhadores. O fechamento da MWM, para nós, é uma questão muito grave. É uma empresa que teve muito dinheiro público, que vai fechar, e que ainda vai ganhar dinheiro e vai tirar emprego de centenas de trabalhadores. A gente sabe que hoje mais de 10 mil trabalhadores estão perdendo emprego no Brasil. Então quem perde emprego hoje, dificilmente vai recuperar no curto prazo. Nossa posição, nossa opinião, é contra o fechamento. Exigir da Prefeitura, do Governo, de todos os órgãos públicos, que incentivaram essa empresa, que não deixem que ela feche e que tirem o emprego destes mais de 500 metalúrgicos da MWM”, conclui a militante que já foi candidata à Presidência da República. A Prefeitura Municipal de Canoas não se manifestou sobre o assunto.