60 anos da Terreira Mãe Maria
Fundada por Darci Dias da Silveira, a Terreira de Mãe Maria comemorou na quarta-feira, 11, seus 60 anos de fundação com uma solenidade na Casa de Caridade localizada na rua FAB, no bairro Nossa Senhora das Graças.
Para o contabilista José Delmar, 70 anos, que conheceu a Terreira por intermédio de uma prima, trata-se de algo positivo. “Para mim foi um orgulho, uma satisfação muito grande”. A prima era Cacique, uma das primeiras a se formar na Mãe Maria. “O cacique é aquela pessoa que faz um curso de preparação onde recebe todas as aulas de como executar todos os trabalhos da terreira”, explica.
Escritor do livro a ser lançado no próximo ano que conta a história da Casa, Delmar conta como a mesma surgiu. “Ela foi formada em uma mesa de Kardec, onde estavam todos reunidos. Em um dado momento um incorporou uma Preta Velha. E ela disse: “Eu quero que aqui em Canoas seja criado uma casa de umbanda”. Todos ficaram pasmos. Quem vai assumir? Diálogos, conversas, palestras, e o seu Darci se propôs a partir para a criação dela”, conta.
Segundo ele, tudo começou nos fundos do irmão de Darci. “Ele foi fazer uma casa de 3x40m por 3x40m no fundo do pátio do irmão dele. E ali se iniciou a Terreira de Mãe Maria. Não temos preconceito na terreira. Se é católico, entra. Se é protestante, entra. Seja de que religião, cor, for, a única coisa que se pede é o amor, a dedicação e a fé”, complementa. Na solenidade ocorreu a entrega de uma placa da Câmara Municipal de Canoas, entregue pelas mãos do vereador Paulinho de Odé (PT).
Preconceito está diminuindo
As religiões de matriz africana, segundo ele, estão deixando de serem vistas como algo ruim. “Isso tem mudado. Tem mudado bastante. Nós recebemos na terreira de Mãe Maria padres que vêm observar. A própria universidade já nos convocou para darmos dentro da Ulbra uma palestra para explicar o que é a religião umbandista. Foi tese de muitos alunos lá de dentro e foram muito aplaudidos. Não há preconceito. Deus é um só”, afirma.
Na comemoração, o fundador Darci Dias da Silveira brincou com a trajetória de formação da Casa. “Tomara que a terreira tenha mais 60 anos. Mas como me culpam de tantas terreiras que nasceram aqui dentro desta aqui eu não quero viver todo esse tempo ou serei muito mais culpado ainda”, conclui.
A Terreira Mãe Maria, fundada em 11 de novembro de 1955, vive de doações e de uma mensalidade de R$ 12,00 de cada membro. “Isso cobre as nossas despesas. E quando não cobre a gente faz um galeto, uma rifa e arrecada de qualquer maneira’, afirma.