No dia 14 de outubro deste ano, após uma reunião na noite do dia 13 de outubro com parte da Associação do Instituto Pestalozzi de Canoas, a Federação Nacional das Associações Pestalozzi (Fenapestalozzi) decretou medida de intervenção por 90 dias na instituição, desconsiderando o Estatuto da Associação local e prevalecendo apenas o Estatuto Social da Fenapestalozzi, alegando que por ser filiada à Federação, o Instituto está submetido à Associação.
A intervenção afastou a então presidente Nilsa Rosa Kessler, para apurar denúncias de irregularidades na gestão do instituto, entre estas o possível uso indevido de verbas públicas, oriundas dos repasses do convênio/contrato de contratação/compra de vagas da escola especial, para atender aproximadamente 130 crianças e adolescentes com deficiência, que não frequentam as escolas regulares da rede municipal de ensino. Denuncia esta que é de conhecimento do Ministério Público de Canoas desde agosto de 2015 e que investiga o caso.
A Fenapestalozzi, a título de executar uma intervenção compartilhada, nomeou um comitê gestor que, até o momento, segundo membros da instituição, que preferem não ser identificados, não deixa público e transparente suas ações. Neste comitê há integrantes de dois membros da associação, um da Secretaria Municipal de Educação, e dois do Instituto.
Segundo este grupo, demissões e admissões vem ocorrendo e gerando sensação de insegurança no quadro de funcionários do Pestalozzi. Completando este ano 89 anos de existência, o a entidade tem seu futuro questionado em função das situações que hoje ocorrem, levando a sua presidente ao afastamento.
Comissão gestora realiza auditoria
A representante da Federação, Edina Alegro, no cargo de coordenadora geral, alerta que “é uma intervenção preventiva”. Segundo ela, um estudo começou a ser feito. “Como primeiro ato desta comissão gestora, contratamos uma auditoria externa com o apoio da federação nacional, para que ela faça o levantamento de toda a documentação, de tudo o que temos, para que nos mostrem rumos a corrigir se houverem”, explica.
Para Edina, que veio de Itu, em São Paulo, existem diversos comentários na comunidade sem o conhecimento devido dos fatos e pediu tranquilidade. “O que a gente sente aqui é que as pessoas não chegam aqui para perguntar para a gente o que houve, mas discutem lá fora o que está havendo. Ás vezes sem terem o conhecimento da situação”, opina.
Edina Alegro e Janete Flores da Silva estão à frente da comissão gestora que assumiu o Instituto. Foto: Bruno Lara/OT
Dívida de R$ 4 milhões
Segundo Edina, que representa a Federação, a instituto ostenta uma dívida milionária. “Aproximadamente R$ 4 milhões. Entre os trabalhistas, tributários. Não é o valor exato porque a gente ainda não fechou isso e até porque ela muda mensalmente”, informa. Para ela, há uma tentativa de uma reorganização interna através dos estudos. “A partir de 2016, ano novo, vida completamente nova”, garante. A representante nacional afirma que não tem condições de apontar os culpados antes dos estudos que devem ser divulgados em até 90 dias. “Nós não temos como lhe dar uma posição agora, pois estamos fazendo a avaliação”. O Pestalozzi Canoas é o primeiro do Brasil.
Vice não sabia de nada
A vice-presidente eleita com Nilsa, Janete Flores da Silva, afirma que não sabia de nada e que a administração não era transparente. “Eu não sabia de tudo o que estava acontecendo e, infelizmente, era muito fechado. Mesmo como vice-presidente eu não era chamada para algumas reuniões. Eu só fiquei sabendo quando a coisa começou a ficar maior. Me chamaram para apagar o incêndio. E aí foi quando a gente resolveu abrir para a Fenapestalozzi”, alega.
O jornal O Timoneiro buscou entrar em contato com Nilsa Rosa Kessler, mas a mesma não atendeu ou retornou as ligações.