Timoneiro

Canoense com câncer de mama terminal sem luz desde o dia 15 de outubro

Velocina Izair Ferreira, 55 anos, moradora do Estância Velha

Velocina Izair Ferreira, 55 anos, moradora do Estância Velha. Foto: Bruno Lara/OT

Velocina Izair Ferreira, 55 anos, visitava o filho no dia do temporal que levou Canoas a decretar situação de emergência, 15 de outubro, quando um caminhão passou pela rua São Nicolau, no bairro Estância Velha e danificou os fios de sua residência. Cientes da demora para religar a energia, ligaram por diversas vezes, mas o temporal foi a desculpa para não realizarem os reparos.
No dia 20 de outubro, cinco dias após a queda dos fios, dois técnicos da empresa AES Sul foram até a casa. “Nós pensando que eles iriam ligar. Mas entraram no pátio e simplesmente levaram o relógio e disseram que meu poste estava condenado”, relata Izair.
A situação é ainda mais grave quando se trata de uma canoense que trata um câncer de mama terminal. “Eu disse para eles. Não posso ficar sem luz, estou tratando de um câncer. Como vou ficar em casa sem luz?”, questionou sem sucesso. A moradora do Estância Velha descobriu o nódulo em junho deste ano. “Dia 24 de agosto eu operei. Tirei um maligno. Semana passa foi no médico e descobriram outro tumor. Agora estou fazendo tratamento”, explica lembrando que a quimioterapia e a radioterapia são os próximos passos do tratamento.
A solução, segundo ela, é abdicar do conforto da casa e buscar alternativas como pode. “Eu to um pouco em cada casa. Não posso ficar na minha casa. To me sentindo deslocada”, uma das filhas, onde passa boa parte do tempo, é no bairro Rio Branco. Ir até lá é literalmente ter que atravessar a cidade. “Ás vezes ela tem que pagar táxi, pois não posso me movimentar muito”, lembra.
A campanha do Outubro Rosa foi bonita, gastou recursos, mas parece ter ficado nos desfiles no centro. Ela entrou em contato com a prefeitura, foi até a sede do poder Executivo municipal, mas nada resolveu. “Um passa para o outro, mas não dá em nada”, lamenta. Segundo ela, a troca que não obteve se quer um aviso prévio não pode ser mais importante que cuidar da saúde. “O dinheiro que eu estava juntando eu prefiro pagar o meu tratamento”, afirma referindo-se ao poste que, segundo ela consultou, custa em média R$ 800,00.

Câmara criticou
Não é a primeira vez que os parlamentares fazem uso da palavra no Plenário da Câmara dos Vereadores para criticar o atendimento prestado pela AES Sul no município. O assunto voltou a ser abordado na sessão desta quinta-feira, 22.
Em seu pronunciamento, o vereador José Carlos Patricio (PSD) defendeu maior rigor na fiscalização dos serviços prestados pela concessionária. “É preciso cobrar de forma mais rígida a responsabilidade da concessionária e o reajuste da tarifa deve estar acompanhado de retorno de investimento. A empresa tem mostrado falta de planejamento em suas ações”, sugeriu. Autor de Grande Expediente que contou com a participação de gestores da empresa, em setembro, o vereador Julio Barbosa (PP) reiterou que a empresa não respeita a administração pública e os moradores da cidade.

Governo do estado
não fala com AES Sul
A equipe de O Timoneiro entrou em contato com a assessoria de comunicação do governo do estado do Rio Grande do Sul. Com uma estrutura despreparada, inclusive atendendo ao telefone sem dizer o nome do órgão, respondeu que “a AES Sul é uma empresa privada e que não presta serviços pro governo do estado”. Questionados sobre um contato da empresa para que OT pudesse ouvir o lado da AES Sul, a Secretaria de Comunicação do Rio Grande do Sul disse não possuir contato com a empresa, apenas com a CEEE.

O que diz a Prefeitura
Em resposta, a Prefeitura de Canoas informou que a “SMSU avalia que o serviço da AES Sul é bom”. Sobre Izair, informou que “A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSU) questiona o verdadeiro motivo da falta de energia da munícipe em questão.”

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