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OCUPAÇÃO DE ESPAÇOS PÚBLICOS: Diversão X Sossego

A reivindicação dos participantes dos encontros é a inexistência de lugar apropriado para encontros e som automotivo

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Foto: Stéfani Iser-Especial/OT

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Bruno Lara

A busca incessante por espaço continua na cidade. De um lado, os jovens – principalmente entre 18 e 30 anos – que cada vez mais se apropriando dos espaços públicos, ocupando em massa e, de certa forma, desordenadamente não só as periferias do município, mas onde existe qualquer lugar acessível e disponível para o encontro. Surgem como alternativas a lugares apropriados, que inexistem no município, as praças, parques e postos de gasolina. Todas essas áreas, no entanto, estão situadas em partes residenciais.
Do outro lado, encontram-se os residentes que avizinham estes espaços e não gostam do que veem. Som alto, muita concentração de carros e motos, drogas lícitas e ilícitas, menores de 18 anos e um pós-festa recheado de resíduos deixado nas ruas e calçadas. A presença de crianças e mulheres é um argumento positivo para os entusiastas dos eventos, por ser um ambiente de confraternização familiar, e um ponto negativo para os que presenciam de fora a cena, por julgarem estes como lugares impróprios.

Falta de locais

Foto: Stéfani Iser-Especial/OT

Foto: Stéfani Iser-Especial/OT

Os carros, prioritariamente rebaixados e com alto-falantes que ocupam todo um porta malas – mesmo que muitos com problemas que os impediriam de rodar – encontram nos postos de gasolina a facilidade no acesso, o que culmina no encontro com um grande número de pessoas simpatizantes do automobilismo, somados a conveniência das lojas que vendem alimentos bebidas – presente em quase todas as reuniões – e a segurança de estar em grupo. “O pessoal se reúne nesses espaços, pois é onde tem mais livre acesso, onde cabem mais carros. O posto de gasolina tem um espaço maior, praças tem espaço maior”, explica Jonatas, 26 anos, morador do bairro Harmonia e representante da equipe Kombat.
A consciência existe e, segundo eles, são poucos os que ligam o som. “Quem curte e sabe profundamente sobre o som automotivo, sabe que não é em qualquer lugar que pode tocar, muito menos em postos. Quem toca é gurizada que já está bêbada. Suja o nome mais por uns e outros”, destaca Jonatas.
Rafael, 25 anos, morador do bairro Niterói, concorda e sugere uma solução. “A gente sabe que incomoda. Mas te garanto, se eles (Prefeitura) liberassem um lugar para som automotivo, iria diminuir bastante a perturbação. Claro que esse lugar teria ordem. Sei lá, proibisse bebida alcoólica, fosse só mesmo para usar o seu som e a galera se reunir”, indica.
Jonatas acredita na mesma solução, mesmo que não houvesse música no espaço. “Se tivesse um lugar apropriado, não para tocar, mas que a gente pudesse ir tranquilo. Que não tivesse guincho, polícia, porque a maioria dos carros anda irregular, um pouquinho mais baixo (rebaixado), xenon (gás utilizado em lâmpadas incandescentes que emite mais iluminação que a luz normal dos veículos), essas coisas. Se tivesse um lugar apropriado, com certeza, acabaria isso nos postos”, conclui.
Os eventos anteriormente aconteciam no Parque Eduardo Gomes (Parcão), mas a entrada no estacionamento na parte lateral, pela rua Bartolomeu de Gusmão, foi interditada pelo poder público. Mas as atitudes que possuíam o intuito de inibir estes eventos acabaram empurrando os frequentadores para novos pontos de encontro. “Acaba a polícia indo ali (no Parque) e acabando com aquilo dali. Daí o pessoal não vai para casa e acaba indo pro posto”, conclui o morador do Harmonia.

Sem sossego

Seja no posto da av. Boqueirão ou no da av. Santos Ferreira, os carros e motos estão presentes. São ruas com enfileiramento de carros, muitas pessoas confraternizando em uma verdadeira balada a céu aberto, no meio das ruas. “As festas com gritaria, consumo de álcool, drogas, e som absurdamente alto continuam acontecendo durante toda semana. Agora mesmo são mais de 2 horas da manhã de uma madrugada de terça-feira e a situação é insuportável”, expõe a moradora através de e-mail que não será identificada para ser preservada.

Foto: Stéfani Iser-Especial/OT

Outra questiona os motivos pelos quais os postos de gasolina 24 horas são os escolhidos para os encontros. “Nos perguntamos o que há de tão especial neste posto 24 horas que, nem após tantas denúncias de infrações a olhos de quem quiser presenciar, até hoje nenhum órgão se pronuncia à respeito e toma medidas sérias para resolverem a situação. Estamos chegando a conclusão que chega a hora de moradores contratarem uma investigação paralela, reunir provas para realmente se descobrir o porquê de até hoje todos fazerem “vista grossa” a este problema. Não estamos exigindo nada além de respeito e cumprimento da lei”, conclui a canoense que reside próximo a um posto situado na intersecção entre a av. Boqueirão e a rua Liberdade, no bairro Igara.
Não é diferente no bairro Nossa Senhora das Graças, em especial no posto entre a av. Santos Ferreira e a av. Farroupilha. Munícipes que preferem não se identificar para evitar represálias acreditam que os encontros faltam com o respeito aos moradores. “Som alto até 4-5 horas da manhã com no mínimo 50 carros espalhados pela rua, inclusive com crianças pequenas, a polícia diz que não pode fazer nada”, ressalta.

Desafio para autoridades
O Tenente Coronel da Brigada Militar (BM), Eduardo Amorin, informou que ações semelhantes as realizadas no posto da av. Boqueirão serão também realizadas no posto da av. Santos Ferreira. “A ação da BM é abordagem. Nos locais que a sociedade nos informar, vamos intensificar a abordagem”, salientou.
Para o secretario especial da Coordenadoria de Juventude do município de Canoas, Herbert Poersch, o DJ Cabeção, a coordenadoria entende que os jovens necessitam “buscar alternativas para se encontrarem e usar como espaço de lazer, isso é um direito legítimo, porém precisamos lembrar que existem leis que estabelecem regras, e além disso existem os oportunistas que usam esses encontros para vender drogas e incentivar o uso de bebida alcoólicas aos condutores desses veículos”, salientou
Segundo ele, o município está agindo e buscando alternativas. “Em contrapartida, nós do governo, temos criado alternativas e espaços para que a juventude canoense possa se reunir como, por exemplo, a praça da juventude já inaugurada no Guajuviras, a casa das artes vila mimosa que tem opções diversas para todos e todas as semanas”, conclui.
A coordenadoria da juventude informa também que estará, no próximo mês, inaugurando o Skate Park Canoas que servirá também de ponto de encontro para a juventude. “Além de que, no próximo mês, faremos a 3º conferência municipal de juventude e a eleição da nova composição do Conselho municipal de juventude. Para dar solução a essa discussão é importante salientar que também iremos construir esse ano o 1º plano municipal de juventude que servirá também para que possamos dialogar sobre esse tema”, conclui o secretário enfatizando que estão sempre abertos ao diálogo com a comunidade pelo celular (51) 9240-1019 ou pelo email : djcabecao@canoas.rs.gov.br.
O impasse continua. Para os moradores se trata de um desrespeito. Uma falta de consideração com aqueles que estão cansados e, talvez, realizarão atividades no próximo dia. Para os jovens uma alternativa realista de entretenimento, encontrar os amigos e se divertir. O município apresenta alternativas consistentes, mas com objetivos diferentes daqueles que os jovens estão reivindicando. A polícia militar faz o seu trabalho, realizando batidas e intensificando a fiscalização. Enquanto não há uma solução para o assunto, de maior interesse para todos os lados, o impasse continuará.

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Sorteio do Minha Casa, Minha Vida contempla 250 famílias. Confira lista.

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Foto: Jhennifer Wolleng

Com transmissão ao vivo pela internet, a Prefeitura de Canoas, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação, realizou nesta quarta-feira (16) o sorteio do programa Minha Casa, Minha Vida. No auditório Sady Schivitz, na sede da Prefeitura, foram contempladas 250 famílias, que irão morar nos Residenciais Pistoia e Santa Fé, no bairro Rio Branco. Também foram sorteados os candidatos suplentes.

Os dois complexos habitacionais estão em fase de construção, com previsão de entrega dos imóveis para setembro deste ano. Antes de ocupar o imóvel em definitivo, os contemplados passarão pelo processo de análise documental na Caixa Econômica Federal e pelo trabalho técnico-social da Prefeitura, que promove um processo de adaptação das famílias à nova moradia.

Confira aqui a lista dos sorteados

Ao todo, os Residenciais Pistoia e Santa Fé oferecem 500 unidades habitacionais. A outra metade das famílias que irá morar no local será reassentada, já que ocupavam anteriormente invasões que foram alvo de reintegração de posse pelo município.

Nesta quarta-feira, participaram do sorteio os cidadãos que realizaram o recadastramento. Enquadram-se nos critérios nacionais famílias residentes em áreas de risco, insalubres ou que tenham sido desabrigadas, comprovado por declaração do ente público; famílias com mulheres responsáveis pela unidade familiar, comprovado por autodeclaração; e famílias das quais faça(m) parte pessoa(s) com deficiência, comprovado com a apresentação de atestado médico.

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Assembleia de Deus comemora 80 anos de fundação em Canoas

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A igreja Assembleia de Deus, de Canoas, comemora uma marco importante na cidade. O Jubileu de Carvalho da entidade ocorre nesta sexta-feira, 18 de agosto, e terá programação intensa de comemorações. O pastor Edegar Machado, líder da igreja no município há mais de 30 anos, recebeu a reportagem de O Timoneiro para falar acerca da programação das celebrações e sobre a atuação na cidade.

Tamanho

A importância da Assembleia de Deus, de Canoas, é contada também em números. A instituição, de acordo com Edegar, abrange atualmente 16 mil membros e conta com 88 igrejas na cidade. “A igreja se expandiu através do trabalho missionário e atua em diversos ponto do mundo”, conta Edegar.

Visão Social

O pastor destaca a visão social da instituição: “Não temos somente o trabalho espiritual, mas cuidamos do lado social. Eu considero isso como a outra mão da igreja. Nós temos o lado humano, que é alcançar as pessoas em suas necessidades”, comenta. O trabalho realizado abrange especialmente o cuidado de crianças. Edegar ainda citou projetos como escolas artesanais, que ajudam no desenvolvimento de trabalhos comunitários, além de postos de distribuição de sopa vinculados à Associação Beneficente Lar Esperança de Canoas , onde são atendidas cerca de mil crianças por semana.

Programação

A igreja promove cultos de celebração na sexta-feira, 19, até domingo, 20, no templo central da Assembleia de Deus, no bairro Mathias Velho. No domingo, a partir das 9 horas, ocorre concentração na praça Antonio Beló, na Rua Dr. Barcelos, onde será inaugurado um monumento em homenagem aos 80 anos da igreja. Após, são esperadas quatro mil pessoas para uma caminhada até o templo central da instituição, onde ocorrerá culto de graças.

História

Por determinação do pastorado da Igreja em Porto Alegre, o evangelista Amaro dos Santos foi designado, em 1937, para cuidar do trabalho da instituição em Canoas. Os primeiros cultos ocorreram no bairro Niterói. Ficou marcado na história da igreja um grande culto, realizado junto a uma figueira localizada nas proximidades da casa de André Lemos, em 18 de agosto de 1937. O local permanece com a figueira até hoje e, por conta disso, foi escolhido como local para a homenagem aos 80 anos da instituição.

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Canoense tem 94 anos de futebol, mídia, direção e simplicidade

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Marcelo Grisa

Hélio Ferreira da Silva nasceu em 1º de outubro de 1923. Filho de empregados na fazenda do estancieiro Victor Barreto, o motorista aposentado viu a história do século XX como poucos canoenses puderam. Hélio hoje mora com os sobrinhos Júlio Ragazzon e Raquel Araújo. E esta é sua história.

O futebol e a guerra

No começo de 1932, Hélio observava o nascimento do Sport Club Oriente, um dos mais tradicionais de Canoas. Alguns anos depois, jogou no time e virou craque. Como atacante central, marcava muitos gols.

A incipiente trajetória de Hélio Ferreira no futebol incluiu passagens pelo Canoense e até mesmo no Grêmio. Entretanto, uma grave lesão o afastou em definitivo dos gramados. Uma “pisada” deixou como lembrança um esmagamento logo acima do joelho. “Eu até poderia jogar, mas nunca mais fui. Deu muito medo”, explica.
“Às vezes eu ainda sonho com as mulheres da arquibancada me chamando. Parece que me vejo jogando de novo”, admite. Mas a vida ainda tinha reservado muito mais para o canoense de fala fácil e sorriso alegre.

Nesta época, o canoense já estava na Aeronáutica. Começava a Segunda Guerra Mundial, e todos no quartel ficavam de prontidão, recebendo apenas um dia de folga por semana. “Eu ficava em casa de farda. Se a sirene tocasse, tínhamos meia hora para nos apresentar”, lembra.

Hélio Ferreira da Silva, entretanto, nunca veria os fronts da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália. Há poucos dias de ser embarcado para o campo de batalha, chegava o mês setembro de 1945. A guerra acaba.

Hélio “Caldas” e Ernesto Geisel

Mesmo antes, durante e depois da guerra, a vivência nas Forças Armadas proporcionou o que seria uma de suas maiores paixões: os carros. Depois de sete anos, saiu da Aeronáutica e tornou-se motorista particular. Acabou por trabalhar 40 anos de sua vida para a Companhia Jornalística Caldas Júnior, dona do jornal Correio do Povo, como motorista da família de Breno Caldas. Por muito tempo, sua família morou na propriedade da família Caldas no bairro Belém Novo, em Porto Alegre.

Recentemente, Hélio visitou os netos de Breno, que o chamaram de “Hélio Caldas”, tamanha fora sua contribuição para a família.
Mas as mais histórias das quais Hélio mais se lembra são aquelas que envolviam os governos da ditadura militar. Primeiro, quando o golpe era dado, em 1º de abril de 1964, Breno Caldas pediu ao motorista que buscasse suas filhas na Rua Coronel Bordini, no bairro Auxiliadora, e as trouxesse ao Belém Novo. Recebeu uma arma, e deveria impedir, depois de todos em casa, que qualquer um entrasse na propriedade. Tendo que lidar com militares às portas do terreno, Hélio deixou-os entrar, mas cuidou cada movimento deles. Depois de uma medição no terreno – o que acontecia no local com frequência – eles foram embora sem maiores percalços.

Em outra oportunidade, em razão do aniversário de Breno Caldas, o presidente Ernesto Geisel, também gaúcho, veio até a fazenda para parabenizá-lo. Hélio teve que esconder um papagaio, que era ilegal, da vista do mandatário. Como um dos genros do patrão acabou por entregar a existência da ave, Geisel exigiu vê-la.
O que se sucedeu, entretanto, tranquilizou a todos. Ao ver o papagaio, que havia sido ensinado a falar muitos palavrões, o presidente desatou-se a rir mesmo sendo xingado pelo bicho.

Cuidado com o caminhão

Ao aposentar-se, Breno Caldas queria que Hélio continuasse trabalhando para ele, mesmo que não mais tendo carteira assinada por sua companhia. Não era bem sua ideia: eram os anos finais da Caldas Júnior antes de sua venda, e o motorista tinha o sonho de ter um caminhão e trabalhar com entregas.

Acabou recebendo a chave de um veículo à sua escolha entre 18 que estavam na garagem da propriedade, escondidos dos credores. “Breno puxou um bolo de chaves do bolso e disse: ‘Escolhe uma. Pode pegar.’ Mais tarde fui lá e escolhi um caminhão.”

Graças à rápida passagem da titularidade dos documentos, Hélio pode ficar com o veículo até poucos anos atrás, quando parou de dirigir. “Não quero me gabar, mas nunca causei nenhum acidente. Com a idade, preferi pedir para o Júlio aqui me levar nos lugares. Não é agora que eu vou ter um solavanco e acabar machucando alguém”, preocupa-se.

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