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BUROCRACIA: Idosa de 83 anos precisa de transporte para fisioterapia

Filho reclama de burocracia da Prefeitura. Foto: Bruno Lara/OT

Paulo de Deus reclama de burocracia imposta por Prefeitura para transporte de idosa. Foto: Bruno Lara/OT

Da rua Machadinho, no bairro Rio Branco, onde reside Geny Camargo de Deus, 83 anos, até a rua São Francisco, no bairro Nossa Senhora das Graças, onde está situado o posto de fisioterapia, são 5,4 km de distância. Aproximadamente 10 minutos de carros e 1 hora a pé. Estes privilégios, Geny não possui, pois se desloca através do transporte público.
Na moradia simples, residem três pessoas. Além de Geny, o filho Paulo Roberto Camargo de Deus, 65 anos, e a esposa de Paulo. Todos eles vivendo de aposentadoria. Logo, o dinheiro para manter os remédios para acaba ficando curto. Embora alguns sejam encontrados na farmácia básica e retirados gratuitamente, outros – que são os mais caros – saem do bolso dos canoenses.

Laudo médico
Segundo o prontuário do Hospital Universitário (HU), emitido em novembro de 2012, a paciente retornava ao especialista por dor na coluna que irradiava para o membro inferior direito. O ombro esquerdo apresentava sinais de ruptura “das dibras do supra com 1cm de largura”, diz o documento se referindo a uma ruptura do manguito rotador (que une o osso do braço à escápula) do ombro esquerdo.
Outro atendimento, no HU, em maio de 2014, descobriu a “discopatia degenerativa difusa e estenose L3-L4”, como descreveu o traumatologista. Geny reclamava de dor nas costas que se irradiavam pelas pernas, principalmente a direita, culminando na dormência dos membros inferiores e que estava “aguardando chamada para a fisioterapia”. O tratamento prescrito foi “CODEX, reforço tratamento conservadro com fisioterapia, retorno em 6 meses”.

Família pede ajuda
O que a família pede, para ajudar na locomoção e que já foi solicitado pelo fisioterapeuta, é um transporte que não precisa ser adaptado, nem de espaço para acompanhante. A justificativa do profissional da saúde, que prescreveu a solicitação em 29 de julho deste ano, é que a moradora do Rio Branco, que faz o trajeto nas segundas e quartas-feiras por volta das 14h30min, não pode se deslocar com facilidade.
Para ligar os dois bairros é necessário pegar dois ônibus ou esperar a linha que liga os hospitais da cidade, chamada de “C1”. Com a passagem em R$ 2,65, o custo para chegar a fisioterapia, fazendo uso de dois ônibus para ir e dois para voltar, fazendo baldeação no centro da cidade, como faz Geny, custa R$ 10,60. Levando em consideração que ela faz fisioterapia duas vezes na semana, são R$ 21,20 por semana. O total, em um mês normal com quatro semanas, é de R$ 84,80 no curto orçamento dos que vivem do auxílio da previdência.
Segundo o aplicativo CanoasMobi, a linha C1 circula em dois sentidos. O sentido Niterói, que leva o custo de uma passagem e, embora obrigue a pelo menos três quadras de caminhada até o ponto, passa na parada as 14 horas e circula com um intervalo de 40 minutos, em média, nos dias úteis, de 30 a 50 minutos nos sábados, tempo elevado aos domingos, quando circula com uma diferença de 45 minutos de intervalo. O itinerário prevê o trajeto pela rua Cairú, via que atravessa a rua Machadinho, onde reside. Seria uma boa alternativa se pudesse caminhar com facilidade. Mas o problema está também no desembarque. Geny teria de caminhas mais duas quadras ao descer do C1, na rua Clemente Pinto, no Nossa Senhora das Graças.

Burocracias
A Prefeitura, segundo o filho, Paulo Roberto Camargo de Deus, está construindo burocracias, em função da crise da saúde, para que o transporte não seja realizado. Segundo ele, ela sofre com diversas doenças. “Problema de coluna, nervo ciático, ruptura do manguito rotador do ombro esquerdo e discopatia degenerativa difusa e estenose. Então ela tem que fazer essa fisioterapia. Inclusive está com o laudo do fisioterapeuta. Estão pedindo para ela voltar e trazer um outro laudo com outro CID (Classificação Internacional de Doenças)”, destaca.
Paulo afirma que o teleagendamento é o problema. “Foi atestado por dois traumatos e eles estão pedindo para retornar ao traumato que leva de três a quatro meses uma consulta na Ulbra. Já foi marcada, mas fica no aguardo do maldito telefone comunicando. Já houve comunicação e, quando chegou um dia antes, informaram que não teria consulta e teria que aguardar novamente. Esse maldito teleagendamento que foi feito para melhorar, mas não houve uma melhora. Não ajudou, principalmente para ela”, concluiu.

O que diz a Prefeitura
A Secretaria Municipal de Saúde informou que a fisioterapia para esta paciente foi solicitada em 30/06/15 e marcada para o dia 12/08/2015 e que está dentro do prazo. “O pedido de transporte social da munícipe entrou hoje (13/8) na Central do Cidadão (CAC), sob o nº 060020/2015. O processo sequer foi analisado, mas a SMS já entrou em contato com a paciente. Se a mesma estiver dentro dos critérios legais para receber o serviço, será atendida” informou por meio de nota.

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