Timoneiro

O Timoneiro agora também é rádio

“Dia 29 de julho de 1966 saiu a primeira edição de O Timoneiro. A proximidade com a capital, Porto Alegre, prejudica a imprensa local. A grande imprensa é sedutora. A maioria quer ler a Zero Hora, mas esquece que no jornal local está o seu problema. O problema do dia a dia da cidade. A falta d’água, o buraco na rua, o trânsito. Tudo da vivência cotidiana está no jornal local. A grande imprensa corre aqui quando tem um grande acidente, um grande crime.
O jornal é uma maravilha. É um produto cultural que sofre os danos do conflito. É cultura e empresa ao mesmo tempo e isso, às vezes, prejudica o idealismo dos jornalistas. Muitas vezes a necessidade extrema de sobreviver contém um pouco o jornal na sua vontade de criticar como merecem os governantes. Às vezes o jornal atenua um pouco. Ameniza um pouco quando devia dar um pau. Mas os comerciantes amigos do poder negam ao jornal. É um produto muito sensível, muito delicado. Mas meus parabéns, a mim também, um pouco. 49 anos. Que maravilha”, descreve um jornal local em vídeo para o site otimoneiro.com.br .
“Quando um empreendimento positivo, benéfico falha, não é o empreendedor que falha, mas a comunidade que o cerca”, diz Antônio Canabarro Tróis filho, o Tonito, parafraseando Henry Ford.
Tonito lembra que especialmente a identidade foi o motivo de OT ser lançado. “Canoas se emancipou política e administrativamente, mas culturalmente não se emancipou. Somos muito submissos, muito suburbanos. Os próprios governos são suburbanos. Eles fazem grandes eventos não para mostrar aos de fora o que Canoas faz, mas para mostrar aos canoenses o que os de fora fazem”, lembra citando a Feira do Livro da cidade.
A demanda da época, assim como hoje, é dar voz aos bairros. “A demanda da época era as enchentes que voltaram agora lamentavelmente. O comunitarismo. As associações funcionavam muito, eram muito fortes, mas entraram em decadência. Lutavam muito pela solução dos problemas e o jornal dava cobertura. Dava voz à elas”, Lembra o escritor e co-fundador do veículo. “É uma grande alegria saber que O Timoneiro está agora no ouvido do povo”.
Segundo ele, o nome foi imposto. “Eu tinha, de 1955 até 1958, um pequeno jornal chamado O Momento. Não tinha condições de pagar o custo das impressões feitos na tipografia La Salle, então parou de circular. Em 1966, em casa, duas pessoas me bateram na porta. Eram Ottomar Ellwanger, professor de cursos profissionalizantes da época e Cirilo Rodrigues Lacerda, um contador. Queriam abrir um jornal, foram até o Lagranha (Hugo Simões), atual prefeito, que os mandou falar com Tonito. O nome já estava pronto”, conclui lamentando que ele queria colocar o mesmo “O momento”, para contar mais três anos na história, mas não houve jeito.

Com a palavra, o diretor.
“O Timoneiro completa 49 anos de existência. Sob a inspiração de Antônio Canabarro Tróis filho, o Tonito, ele se tornou um jornal compromissado com a comunidade, com a liberdade de imprensa e isento de qualquer compromisso com o poder público. Alguns chegam a dizer que o jornal O Timoneiro é um jornal amado pelas comunidades e odiados pelos governos sejam eles quis forem. Não é bem esta tônica das direções do jornal. A tônica é o compromisso com a verdade e nada de subserviência.
A responsabilidade com os fatos e o direito de opinar. Todos sabem que O Timoneiro tem opinião e as pessoas podem expressar a sua opinião nas páginas do jornal sem qualquer tipo de censura. Sem qualquer intimidação. 49 anos nos encaminham para o cinquentenário que é um momento importante na vida de qualquer jornal, especialmente no interior do estado, nas épocas de crise que todos sabem que o país atravessou e atravessa. Estamos felizes e vivemos permanentemente com as dificuldades financeiros normais daqueles que são independentes.
Os independentes não têm cúmplices e eles arcam com as suas responsabilidades e com o direito de informar a sociedade e só ter compromisso com a sociedade. Nesse momento, que nos encaminhamos para o cinquentenário, estamos tentando avançar nas forças de comunicação e a inauguração na data dos 49, da rádio web, é uma tentativa de ampliar essa forma de comunicação. Um jornal semanal, como o nosso, com seus dez mil exemplares, com a sua quase totalidade de distribuição gratuita para permitir aos canoenses a possibilidade de conhecer, de ler e de se informar, quer agora agregar a potência da rádio web.
As direções que passaram pelo Timoneiro, ao longo deste período, sempre mantiveram essa independência. E é esta que faz a tônica da vida do jornal. Esta que faz o entusiasmo dos seus colaboradores. Alguns não sabem, mas nós temos centenas de colaboradores na cidade. Não apenas os que nos mandam notícias ou aqueles que anunciam em nossas páginas. Ou os que distribuem o jornal para seus amigos e companheiros. Os que defendem as posições. Os que mandam matérias sobre opiniões que eles desejam que sejam publicadas. São centenas. Eu me atrevo a dizer que, talvez, milhares de canoenses que compartilham com a vida de O Timoneiro e ele só é possível existir, dentro da crise que passam os órgãos de comunicação impressa, por essa mão bendita, esse braço protetor de centenas, talvez milhares de canoenses que são os entusiastas de O Timoneiro.
A data é importante para todos nós. Especialmente porque começamos a dar os primeiros passos do cinqüentenário. E porque, também, começamos a dar os primeiros passos da nossa rádio. Os agradecimentos a todos. Os que partilham as notícias, os que diagramam, os que buscam a informação, os que buscam anúncios, os que anunciam, os que fazem as verbas publicitárias, os que transmitem para seus amigos os exemplares. A todos, muito obrigado. Porque ele é a cara de Canoas”, Jorge Feres Uequed, diretor de O Timoneiro.

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