Por Bruno Lara
A Comissão Processante (CP) tinha seu horário de início marcado para às 9 horas desta sexta-feira, 03. Porém, antes mesmo do início da sessão, os vereadores tomaram conhecimento de uma carta de renúncia, encaminhada pelo vereador Celso Jancke (PP).
Agora a Câmara deve comunicar a Justiça Eleitoral, através do pedido original de renúncia e a Casa ficara, até terça-feira, com 20 vereadores. A Justiça Eleitoral deve determinar então que assuma o primeiro suplente, vereador Julio Barbosa (PP).
O relatório da CP, que seria apresentado hoje, foi escrito pelo relator, Ivo Lech (PMDB), e continha 30 páginas. O documento indicava pela cassação do mandato do parlamentar e, segundo Ivo, a maioria dos vereadores estavam inclinados para a retirada da cadeira do Partido Progressista (PP).
Paulo Ritter se diz surpreso
Em entrevista, o vereador Paulo Ritter (PT) afirmou que foram pegos de surpresa. “Tinhamos organizado toda a estrutura Legislativa, convocados os servidores da Casa, deixados todos sobre aviso porque sabíamos que iria longe a sessão. Mas enfim, o vereador em foco decidiu renunciar o seu mandato. Só me coube comunicar o Plenário. Evidentemente, como não há um mandato, não há objeto e a sessão foi cancelada”, salientou.
Entrevista com Paulo Ritter (PT), Presidente do Legislativo
Relatório pedia a Cassação
O relator da Comissão Processante, Ivo Lech, informou que os vereadores já estavam inclinados a votar pela cassação. “Efetivamente foi uma surpresa. Agora, nos últimos dias, se avolumou, foi bastante acentuado o número e a quantidade de vereadores que estavam dispostos e decididos a votar pela cassação”, salientou.
Segundo Ivo, desde o início era favorável a cassação. “Eu tenho 67 anos de idade, mas ninguém da cidade de Canoas tinha dúvida da posição do Ivo. Ninguém tinha dúvida”, afirma.
O relatório pedia a cassação do mandato. “Eu sempre tive a sensação que nós tínhamos que fazer justiça. E eu, mais ainda, tinha uma decisão de vida de cumprir o meu papel. Que doesse em quem doesse eu iria fazer com que houvesse justiça e, por isso, meu relatório, que eu fiz e assinei, pedia a cassação do vereador Celso”.
Lech se embasou “nos depoimentos dos colaboradores do gabinete do então vereador foram pungentes, fortes e me pareceram verdadeiros”. Afirma que fez os depoentes virarem para a mesa e os olhava nos olhos. “Não era armação. Nenhum disse coisa parecida com o outro e todos foram ali para dizer a verdade. Eles disseram aqui a verdade e eu fiquei extremamente convencido que eles estavam dizendo a verdade”, conclui.
Entrevista com vereador Ivo Lech (PMDB), relator da Comissão Processante
Julio Barbosa assumirá na terça
Pela quinta vez assumindo a cadeira, Julio assumirá o posto na sessão de terça-feira, 07. Segundo ele, não foi partidário muitas vezes. “Eu sempre falo nas reuniões que muito poucas vezes fui do meu partido, porque eu via que a situação estava muito encaminhada nos bastidores e eu não queria, em nenhum momento, participar desse constrangimento para ele e até mesmo para mim”, conclui.
Entrevista com Julio Barbosa (PP), atualmente subprefeito na Região Nordeste.
Relembre o caso
Aos 25 dias de setembro de 2014, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi instaurada para investigar três vereadores suspeitos de praticarem o crime de concussão (quando se apropria do salário dos assessores). Em ação da polícia, Jancke chegou a sair preso da Casa Legislativa. Entre os investigados também estavam Dr. Pompeu (PTB) e Francisco da Mensagem (PSB), mas o caso foi arquivado.
Um documento de 210 páginas, escritas pelo relator vereador César Augusto (PRB), indicava, no entanto, que uma Comissão Processante Deveria ser instaurada para caçar, ou não, o mandato do vereador do Partido Progressista (PP). Durante as investigações o nome do vereador e ex-prefeito Marcos Ronchetti também surgiu como suspeito, mas não foi incluído em investigações no poder Legislativo.