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COMISSÃO PROCESSANTE SERÁ INSTAURADA CONTRA CELSO JANCKE

Vereador do Partido Progressista teria usado o próprio filho como laranja para dificultar investigações do Ministério Público

 Bruno Lara

Foi aprovado, na noite do dia 23, o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) saiu aos 17 dias deste mês de abril, assinada pelo relator César Augusto Ribas Moreira (PRB). Em sua conclusão, entende que uma Comissão Processante deve ser instaurada contra Celso Jancke (PP) e que o arquivamento é a medida mais salutar nos casos de Francisco da Mensagem (PP) e Dr. Pompeu (PTB).

Esta comissão processante foi formada e os integrantes escolhidos por sorteio: Pedro Bueno (PT) será o presidente, Ivo Lech (PMDB) o relator e o outro integrante será Aloísio Bamberg (PPL).

O documento de 210 páginas conta detalhadamente o caso e os trabalhos durante a CPI que foi instaurada em 25/09/2014. Com texto sucinto e didático, o relator César Augusto descreve o maior escândalo da Câmara Municipal de Vereadores de Canoas desde a sua criação. Em um primeiro momento os denunciados Celso Jancke, o Celso do Concórdia (PP), Gemelson Sperandio Pompeu, o Dr. Pompeu (PTB) e José Francisco Núnes, o Francisco da Mensagem (PSB). Durante o andamento, o ex-prefeito Marcos Ronchetti foi denunciado pelo Ministério Público (MP), mas não fez parte da investigação na CPI.

Nas primeiras doze páginas o documento trás as acusações ao legislador em nome de Marcos Vinicius Pehl dos Santos, Priscila Bartzen Acosta, Barbara Anghioni Barbosa e Franklin Silva de Vargas.

Denúncias a Celso Jancke

Nas primeiras doze páginas o documento trás as acusações ao legislador em nome de Marcos Vinicius Pehl dos Santos, Priscila Bartzen Acosta, Barbara Anghioni Barbosa e Franklin Silva de Vargas.

Os denunciantes afirmam que Jancke cobrava parte do salário em troca da contratação e permanência no cargo. Em seu depoimento, Marcos Vinicius afirmou que foi cobrado, após a eleição, além do repasse mensal do salário, que contraísse um empréstimo no Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) no valor de R$ 77.900,00 e repassasse, por meio de transferência ou depósito para a conta pessoal do vereador a quantia de R$51.100,00. Para a conta do filho, Matheus Jancke, a importância de R$ 10.000,00 e R$ 10.800,00 para a conta de Terezinha Bierhals.

Priscila Bartzen afirmou que Celso, em acordo de vontades e em conjunção de esforços com Cláudio Roberto Saldanha e Paulo Roberto Saldanha, exigia de forma continuada e sucessiva a vantagem indevida de parte do salário da assessora em condição para contratação e permanência no cargo. Não satisfeitos, exigiram um empréstimo bancário no valor de R$ 20.000,00, também no Banrisul, que deveria ser repassado por meio de transferência.

Barbara Barbosa declarou que entre os meses de outubro de 2012 e janeiro de 2013, após as eleições municipais, exigiu o repasse de parte do salário pelo período pré-definido de seis meses, antes de empossado vereador, mas em decorrência do fato. Barbara também citou Cláudio e Roberto Saldanha que, por sua vez, agiam sob as ordens de Janck.

Além de que todos os servidores repassavam verbas pessoalmente, Mario Luis Azambuja, alegou que existia uma funcionária fantasma no gabinete, de nome Daiana Silva de Oliveira Gonçalves que é casada com Lindomar Gonçalves, sobrinho de Jancke. “pega mil reais por mês e o restante é todo dele”, e que ela “nunca apareceu no gabinete”. Segundo ele, denunciou ao partido e “não levaram para a frente a história”.

Quebra de sigilo

Na quebra de sigilo bancário o nome de Anete Teixeira surgiu como possível articuladora. Os dados mostram que os saques feitos por ela em datas próximas totalizam o valor denunciado. “Dito valore compatível com o que foi noticiado como sendo o montante repassado mensalmente ao vereador Celso Jancke”, diz o documento. O mesmo ocorre com Barbara e Priscila. Sobre a conta do vereador observou-se que Ana Paula Menezes Canterle fez depósitos regulares, em importâncias mensais de R$ 1.500,00.

O comissário de Polícia André Carlos Osório concluiu o relatório constatando que a informação prestada pelos ex-assessores ficou confirmada, em se tratando do envolvimento de Claudio Roberto Saldanha, sob o comando do vereador Celso Jancke. Sobre Claudio, o documento diz que ele “comparece na sede da Câmara Municipal de Canoas para recolher o valor que os servidores comissionados do referido Vereadir são obrigados a repassar, para, que, com isso, as mantenha no cargo comissionado”.

Na quebra de sigilo de Marcos Vinicius foi constatado que o mesmo contraiu o empréstimo no valor de R$ 77.900,00 e sacou, no dia seguinte, R$69450,00 repassando R$ 68.100,00 para a conta de Jancke e uma quantia, no valor de R$ 10.000,00 na conta de seu filho, Matheus Jancke.

Uma conversa entre o legislador e Marcos Vinicius foi interceptada e um trecho do diálogo refere: “Celso, eu tenho… eu tenho que te passar teu… o teu… tua parte”. Através de mensagem de texto, Claudio envia mensagem a Celso informando que “Dinheiro J entrou”. No dia 28 uma reunião foi mercada na sede do Partido Progressista (PP), pouco antes da intimação para comparecimento do MP que era para o dia 30. Os servidores afirmam que foram dissuadidos sobre as afirmações.

Provas

O mandato de busca e apreensão na residência de Jancke apreendeu documentos, computador, chip de celular, entre outros bens. Destacou-se entre estes, um contrato de abertura de crédito pessoal consignado do Banrisul em nome de Priscila Bartzen Acosta e uma cópia de contracheque de Anete Teixeira que, em conjunto com Vanderson Cardona Leites, Rodrigo Alves da Silva e Mercedes Lúcia Carbonera negaram a existência de repasse.

O acesso ao relatório é público. Os interessados poderão solicitar uma cópia junto à Divisão Legislativa da Câmara.

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