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Comunidade

Um mapeamento dos cidadãos em situação de rua em Canoas

A maioria são homens adultos entre 18 e 39 anos, usuários de drogas lícitas e ilícitas e com conflito familiar

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Por Bruno Lara

Albergue Municipal. Foto: Bruno Lara/OT

Albergue Municipal. Foto: Bruno Lara/OT

Após a matéria sobre Jorge Luís dos Santos ser publicada na edição anterior de O Timoneiro, o diretor do Departamento de Proteção Especial, que envolve os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) Leste e Oeste, o Centro POP e o Albergue Muncipal, Marcio Antônio da Silva, 37 anos, abriu as portas da estrutura governamental para a visita de uma equipe de reportagem.
O Centro Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP) atende, em média, 15 pessoas ao dia, com os serviços de café (da manhã e da tarde), almoço e assistência social através da busca por familiares, documentação, saúde, donativos etc.

Em números
Com início dos trabalhos em outubro do ano passado, a estrutura elabora relatórios mensais de atendimentos. No mês de junho de 2015, foram atendidas 68 pessoas, das quais 62 eram homens e apenas seis eram do sexo feminino. A maioria dos atendidos está na faixa etária entre os 18 e os 39 anos, embora 15 homens tenham entre 40 e 59 anos. Chama atenção, no entanto, duas mulheres atendidas que possuem mais de 60 anos de idade.

Destes 68, apenas 28 residiam em Canoas antes de se encontrarem em situação de rua. Sete possuem alguma deficiência física ou mental. Ao todo, 13 não são alfabetizados, os outros 37 não concluíram o Ensino Fundamental, embora 12 tenham o diploma, e outros dois do Ensino Médio. Nenhum deles possui ensino superior iniciado ou concluído. São 54 usuários de drogas ilícitas – como o crack – e 60 que fazem uso de drogas lícitas – como o álcool e o cigarro.

Gráfico: moradores de rua atendidos pela Prefeitura.

Gráfico: moradores de rua atendidos pela Prefeitura.

Uma análise social
A profissão mais comum é na área da Construção Civil, com 28 pessoas inseridas. Seguida de coletor de material reciclável (17). Nenhuns deles era profissional do sexo e todos tinham uma profissão antes de ir para a rua. A grande maioria morava sozinho. O dado importante, na renda familiar, é que 14 deles recebiam auxílio do governo entre BPC Deficiente e Bolsa Família.

Ser usuário de drogas levou 38 deles para as ruas e, muitas vezes, este fato gerou o conflito familiar – outro motivo citado pelos que procuram o Centro POP. O desemprego foi outra causa apontada por 11 deles.

Segundo o Centro, que realizou 838 atendimentos e serviu 660 refeições no mês de junho deste ano, os moradores de rua vindos de outros municípios ou até estados, enfrentam problemas na documentação, mesmo que arrumem um emprego. Neste mês, cinco foram desligados por arrumarem empregou ou voltarem ao vínculo familiar.

Mais tempo no Albergue
Desde julho do ano passado, Marcio desempenha o trabalho a frente do departamento e considera a atuação positiva. “A gente vem fazendo um trabalho contínuo e consistente em cima dos equipamentos e vimos a mudança. O bom relacionamento entre o departamento e os próprios funcionários, o ambiente mais tranquilo, mais alegre. O bom funcionamento para atender melhor a população”, salienta.

A mudança nas diárias é uma reivindicação dos usuários do Albergue, embora elogiem o trabalho realizado no Centro POP. Segundo eles, os critérios para poder permanecer na estrutura é ímpar e não se aplicam a todos os interessados da mesma forma, havendo, por vezes, “favoritos” dos responsáveis pelo Albergue Noturno Rotary Club Canoas Industrial. Eles reivindicam mais noites na estrutura e que ninguém possa entrar após ingerir drogas lícitas ou ilícitas, como reclamam os usuários do espaço. A grande maioria usa o serviço há mais de um mês, alguns até mais do que um ano. Porém, variando de caso em caso, um prazo para permanência e um para vacância do leito é estipulado.

Segundo o diretor, se trata de uma regra, mas afirma que há um esforço para flexibilizá-la. “Na verdade é uma regra, um regimento do equipamento de anos e que a gente já vem acompanhando o dia a dia deles e tentando encaixar a melhor forma para poder atender. É um trabalho que estamos fazendo para rediscutir o regimento interno do equipamento”, confirma.

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Comunidade

Sorteio do Minha Casa, Minha Vida contempla 250 famílias. Confira lista.

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Foto: Jhennifer Wolleng

Com transmissão ao vivo pela internet, a Prefeitura de Canoas, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação, realizou nesta quarta-feira (16) o sorteio do programa Minha Casa, Minha Vida. No auditório Sady Schivitz, na sede da Prefeitura, foram contempladas 250 famílias, que irão morar nos Residenciais Pistoia e Santa Fé, no bairro Rio Branco. Também foram sorteados os candidatos suplentes.

Os dois complexos habitacionais estão em fase de construção, com previsão de entrega dos imóveis para setembro deste ano. Antes de ocupar o imóvel em definitivo, os contemplados passarão pelo processo de análise documental na Caixa Econômica Federal e pelo trabalho técnico-social da Prefeitura, que promove um processo de adaptação das famílias à nova moradia.

Confira aqui a lista dos sorteados

Ao todo, os Residenciais Pistoia e Santa Fé oferecem 500 unidades habitacionais. A outra metade das famílias que irá morar no local será reassentada, já que ocupavam anteriormente invasões que foram alvo de reintegração de posse pelo município.

Nesta quarta-feira, participaram do sorteio os cidadãos que realizaram o recadastramento. Enquadram-se nos critérios nacionais famílias residentes em áreas de risco, insalubres ou que tenham sido desabrigadas, comprovado por declaração do ente público; famílias com mulheres responsáveis pela unidade familiar, comprovado por autodeclaração; e famílias das quais faça(m) parte pessoa(s) com deficiência, comprovado com a apresentação de atestado médico.

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Comunidade

Assembleia de Deus comemora 80 anos de fundação em Canoas

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A igreja Assembleia de Deus, de Canoas, comemora uma marco importante na cidade. O Jubileu de Carvalho da entidade ocorre nesta sexta-feira, 18 de agosto, e terá programação intensa de comemorações. O pastor Edegar Machado, líder da igreja no município há mais de 30 anos, recebeu a reportagem de O Timoneiro para falar acerca da programação das celebrações e sobre a atuação na cidade.

Tamanho

A importância da Assembleia de Deus, de Canoas, é contada também em números. A instituição, de acordo com Edegar, abrange atualmente 16 mil membros e conta com 88 igrejas na cidade. “A igreja se expandiu através do trabalho missionário e atua em diversos ponto do mundo”, conta Edegar.

Visão Social

O pastor destaca a visão social da instituição: “Não temos somente o trabalho espiritual, mas cuidamos do lado social. Eu considero isso como a outra mão da igreja. Nós temos o lado humano, que é alcançar as pessoas em suas necessidades”, comenta. O trabalho realizado abrange especialmente o cuidado de crianças. Edegar ainda citou projetos como escolas artesanais, que ajudam no desenvolvimento de trabalhos comunitários, além de postos de distribuição de sopa vinculados à Associação Beneficente Lar Esperança de Canoas , onde são atendidas cerca de mil crianças por semana.

Programação

A igreja promove cultos de celebração na sexta-feira, 19, até domingo, 20, no templo central da Assembleia de Deus, no bairro Mathias Velho. No domingo, a partir das 9 horas, ocorre concentração na praça Antonio Beló, na Rua Dr. Barcelos, onde será inaugurado um monumento em homenagem aos 80 anos da igreja. Após, são esperadas quatro mil pessoas para uma caminhada até o templo central da instituição, onde ocorrerá culto de graças.

História

Por determinação do pastorado da Igreja em Porto Alegre, o evangelista Amaro dos Santos foi designado, em 1937, para cuidar do trabalho da instituição em Canoas. Os primeiros cultos ocorreram no bairro Niterói. Ficou marcado na história da igreja um grande culto, realizado junto a uma figueira localizada nas proximidades da casa de André Lemos, em 18 de agosto de 1937. O local permanece com a figueira até hoje e, por conta disso, foi escolhido como local para a homenagem aos 80 anos da instituição.

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Comunidade

Canoense tem 94 anos de futebol, mídia, direção e simplicidade

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Marcelo Grisa

Hélio Ferreira da Silva nasceu em 1º de outubro de 1923. Filho de empregados na fazenda do estancieiro Victor Barreto, o motorista aposentado viu a história do século XX como poucos canoenses puderam. Hélio hoje mora com os sobrinhos Júlio Ragazzon e Raquel Araújo. E esta é sua história.

O futebol e a guerra

No começo de 1932, Hélio observava o nascimento do Sport Club Oriente, um dos mais tradicionais de Canoas. Alguns anos depois, jogou no time e virou craque. Como atacante central, marcava muitos gols.

A incipiente trajetória de Hélio Ferreira no futebol incluiu passagens pelo Canoense e até mesmo no Grêmio. Entretanto, uma grave lesão o afastou em definitivo dos gramados. Uma “pisada” deixou como lembrança um esmagamento logo acima do joelho. “Eu até poderia jogar, mas nunca mais fui. Deu muito medo”, explica.
“Às vezes eu ainda sonho com as mulheres da arquibancada me chamando. Parece que me vejo jogando de novo”, admite. Mas a vida ainda tinha reservado muito mais para o canoense de fala fácil e sorriso alegre.

Nesta época, o canoense já estava na Aeronáutica. Começava a Segunda Guerra Mundial, e todos no quartel ficavam de prontidão, recebendo apenas um dia de folga por semana. “Eu ficava em casa de farda. Se a sirene tocasse, tínhamos meia hora para nos apresentar”, lembra.

Hélio Ferreira da Silva, entretanto, nunca veria os fronts da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália. Há poucos dias de ser embarcado para o campo de batalha, chegava o mês setembro de 1945. A guerra acaba.

Hélio “Caldas” e Ernesto Geisel

Mesmo antes, durante e depois da guerra, a vivência nas Forças Armadas proporcionou o que seria uma de suas maiores paixões: os carros. Depois de sete anos, saiu da Aeronáutica e tornou-se motorista particular. Acabou por trabalhar 40 anos de sua vida para a Companhia Jornalística Caldas Júnior, dona do jornal Correio do Povo, como motorista da família de Breno Caldas. Por muito tempo, sua família morou na propriedade da família Caldas no bairro Belém Novo, em Porto Alegre.

Recentemente, Hélio visitou os netos de Breno, que o chamaram de “Hélio Caldas”, tamanha fora sua contribuição para a família.
Mas as mais histórias das quais Hélio mais se lembra são aquelas que envolviam os governos da ditadura militar. Primeiro, quando o golpe era dado, em 1º de abril de 1964, Breno Caldas pediu ao motorista que buscasse suas filhas na Rua Coronel Bordini, no bairro Auxiliadora, e as trouxesse ao Belém Novo. Recebeu uma arma, e deveria impedir, depois de todos em casa, que qualquer um entrasse na propriedade. Tendo que lidar com militares às portas do terreno, Hélio deixou-os entrar, mas cuidou cada movimento deles. Depois de uma medição no terreno – o que acontecia no local com frequência – eles foram embora sem maiores percalços.

Em outra oportunidade, em razão do aniversário de Breno Caldas, o presidente Ernesto Geisel, também gaúcho, veio até a fazenda para parabenizá-lo. Hélio teve que esconder um papagaio, que era ilegal, da vista do mandatário. Como um dos genros do patrão acabou por entregar a existência da ave, Geisel exigiu vê-la.
O que se sucedeu, entretanto, tranquilizou a todos. Ao ver o papagaio, que havia sido ensinado a falar muitos palavrões, o presidente desatou-se a rir mesmo sendo xingado pelo bicho.

Cuidado com o caminhão

Ao aposentar-se, Breno Caldas queria que Hélio continuasse trabalhando para ele, mesmo que não mais tendo carteira assinada por sua companhia. Não era bem sua ideia: eram os anos finais da Caldas Júnior antes de sua venda, e o motorista tinha o sonho de ter um caminhão e trabalhar com entregas.

Acabou recebendo a chave de um veículo à sua escolha entre 18 que estavam na garagem da propriedade, escondidos dos credores. “Breno puxou um bolo de chaves do bolso e disse: ‘Escolhe uma. Pode pegar.’ Mais tarde fui lá e escolhi um caminhão.”

Graças à rápida passagem da titularidade dos documentos, Hélio pode ficar com o veículo até poucos anos atrás, quando parou de dirigir. “Não quero me gabar, mas nunca causei nenhum acidente. Com a idade, preferi pedir para o Júlio aqui me levar nos lugares. Não é agora que eu vou ter um solavanco e acabar machucando alguém”, preocupa-se.

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